O bronzeado virou moda entre os ultraconservadores
O bronzeado virou uma questão politica. Agora, que a ciência demonstrou que queimar-se ao sol é danoso para a pele, para muitos tornou-se sinônimo de resistência ultraconservadora frente ao “status quo”. O tom da pele sempre foi uma questão politica, em verdade. Durante séculos foi marcador de classe social: desde a palidez dos nobres e ricos que podiam ficar sem ver o sol em suas mansões e palácios, até a virada de cem anos atrás, quando passou a significar o contrário.
O esporte e o bronzeado.
A virada começou nos EUA, a partir de 1.919, o entusiasmo pelos esportes admitiram um bronzeado durante o verão. Diziam que embelezava a pele e ressaltava o resplendor dos olhos e dos dentes. Na França, Coco Chanel lançou a moda do bronzeado em 1.925 para a elite que passava as férias na Costa Azul. Mas o mundo do bronzeado virou mesmo só com o surgimento das férias pagas como direito trabalhista em 1.936. E demorou muito a chegar ao Brasil.
O sol divino.
Olhando para o passado mais remoto, distintas culturas foram relacionadas com o sol como fator divino. Desde o “Ra” dos egípcios ao “Helios” dos gregos, passando pelo “Inti” dos incas. Só que o mundo seguiu girando e a ciência evidenciou que expor-se a seus raios era um comportamento nocivo. O câncer de pele oriundo do bronzeado deve crescer 40% nos próximos anos. As rugas crescem exponencialmente com o costume de queimar-se ao sol.
A realidade alternativa dos ultraconservadores.
Quem impulsiona a moda do bronzeado é o governo Trump. Seu secretario de saúde, o equivalente a nosso ministro, Robert F.Kennedy retirou os impostos que gravavam as maquinas de raios UVA, usadas para bronzear. Tampouco lhes convencem os cremes protetores, sobre os quais lançam suspeitas de ser piores que o sol por estarem cheios de produtos químicos. O novo mantra no Tik Tok ultraconservador é que esses cremes produzem mais câncer que o sol. A lista de teorias dos negacionistas é infinita.
A pele como luta ideológica.
Dizem que o sol é capaz de matar as células cancerígenas, e que expor-se a ele gera colágeno. Se olhar para o sol por 60 minutos ao amanhecer carregará a bateria interna corporal pois o corpo foi feito para o sol. Não se trata de sentir-se bem com o bronzeado, se converteu em um símbolo de desafio às recomendações de saúde, à ciência. Bronzear-se é abraçar uma ideologia.
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