Gaza é a mesma crueldade da Auschwitz da Solução Final
Há muito me pergunto como é possível que o mesmo povo que leva um holocausto na memória, que ganhou um território pela compaixão da Nações Unidas escandalizadas por sua tragédia, tenha perdido a compaixão de forma tão monstruosa. O ódio atroz parece tê-los feito perder a memória e a perspectiva.
Israelense ou alemão?
À noite não conseguia dormir pensando em Gaza. Pensando no depoimento de um médico que contava como a cada dia o exercito israelense mata crianças palestinas que tentam se aproximar de onde esperam receber alimentos. Um dia lhes disparam na cabeça. Em outro, no tórax. No terceiro dia, no estômago e no outro, nas pernas. “É difícil crer”, dizia. “Nunca vi nada semelhante”, completava. É apenas um dos milhares de testemunhos daquilo que ele chama de “jogos de soldados”.
Antissemita? Respondo com um palavrão.
Israel se justifica e acusa de antissemita a quem critica o que faz seu exército. Nunca me conformei, jamais admiti, por um segundo sequer, a tragédia de seus seis milhões de mortos pelo nazismo. Também jamais aceitei o fanatismo do Hamas e seus ataques alucinados aos israelenses. Não sou antissemita, muito pelo contrário, há anos venho estudando, tentando entender como mais de dez milhões de alemães se tornaram assassinos de judeus. Não consegui explicação, nada me convence. Como também não consigo entender a vingança que os israelenses praticam diariamente contra os palestinos.
Não podemos calar.
Não podemos nos calar frente o espanto de ver quem foi vitima de um genocídio cometer algo semelhante, qualificando de antissemita a quem protestar em favor das crianças palestinas. Benjamin Netanyahu e seus cúmplices tem usado seu passado para justificar o que consideram justiça para seus mortos. Assim desvirtuam a história, e de vitimas se convertem em vitimários, agressores. Não tem perdão a esta altura, e se arriscam que o respeito e solidariedade que existiu para com o povo judeu se converta em desafeto. Gaza é a Auschwitz do século XXI.
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