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Capital

“Vida secreta” é desafio na hora de esclarecer desaparecimentos

"Se a gente pudesse ter noção das coisas tão diversas que as pessoas vivem", diz delegado

Aline dos Santos | 02/08/2023 11:48
"Nunca limitamos a linha de busca de informação na hipótese mais provável", afirma delegado Delano. (Foto: Paulo Francis)
"Nunca limitamos a linha de busca de informação na hipótese mais provável", afirma delegado Delano. (Foto: Paulo Francis)

Na teoria, a pessoa faz todo dia sempre igual, com trabalho fixo, residência conhecida e amizades e amores facilmente acessíveis nas redes sociais. Mas na realidade, casos de desaparecimento trazem à tona “vidas secretas”, que aumentam o desafio na hora de montar o quebra-cabeça de um sumiço.

Desta forma, há quem esteja desaparecido por consumo de drogas, porém, a família desconhece a dependência química. Há aquele que resida num bairro de área nobre, mas, em surdina, mantenha um ponto de encontro na região periférica da cidade para encontros amorosos.

Neste cenário, não há linha de investigação única, por mais óbvio que um desaparecimento possa parecer num primeiro momento.

Nada na investigação é único. Se a gente pudesse ter noção das coisas tão diversas que as pessoas vivem. Vivem vidas escondidas, que nem os familiares sabem. Então, limitar a cognição na busca de pessoas é diminuir a eficiência do trabalho, nunca há limitação. É lógico que pelo perfil sempre há linhas mais prováveis, mas nunca se limita”, afirma o titular da DHPP (Delegacia Especializada de Homicídios e Proteção à Pessoa), Carlos Delano.

A investigação sobre desaparecimento começa buscando saber quem é o desaparecido. Nesta etapa, a primeira providência é conhecer os últimos passos imediatos: onde esteve e com quem. Na sequência, vem pedido para quebra de sigilo telefônico e de dados.

“Conhecer a pessoa é fundamental. Tem namorado, namorada, parceiros frequentes, quem são os amigos? Por exemplo, muito frequentemente, vem os familiares e falam que o parente sumiu. Que já é a segunda vez, que é usuário de pasta base de cocaína. Perceba, existe uma linha provável de que recaiu no uso. Mas a gente pode descansar com essa hipótese? Claro que não. Ele pode ter levado uma facada numa briga de rua, pode estar agonizando num beco qualquer, ou pode ter arranjado uma namorada nova, estar apaixonado, esqueceu o celular. Sempre há probabilidades maiores, mas nunca limitamos a linha de busca de informação na hipótese mais provável”, diz Delano.

Entre janeiro e julho de 2023, 752 pessoas foram localizadas em Campo Grande, o dobro do total de pessoas que seguem desaparecidas no mesmo período: 334.

Conforme o Anuário Brasileiro de Segurança Pública de 2023, Mato Grosso do Sul teve a quarta melhor taxa localização de pessoas desaparecidas em 2022: 84,81%. O número é bem acima da média nacional, que ficou em 53,95%.

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