Vizinhos dizem que família de estudante morto sempre se preocupou com segurança
No Bairro Bela Vista, moradores falam da surpresa diante de tamanha violência.
Hoje pela manhã, alguns parentes estiveram na casa de Matheus Coutinho Xavier, assassinado no início da noite de ontem, em Campo Grande. Sem se identificar, um homem que apareceu por volta das 9h disse apenas que o corpo do rapaz ainda não foi liberado do IMOL, por isso, não há previsão de velório ou sepultamento. Policiais civis que investigam o crime começaram o dia na região, coletando informações e em busca de imagens.
No Bairro Bela Vista, moradores da Rua Antônio Vendas, onde ocorreu o crime, lembram do cuidado da família de Matheus com a segurança. Além de cerca elétrica, há câmeras posicionadas na frente da casa e um refletor que ilumina com força a calçada de acesso ao portão principal.
O estudante de Direito, de 20 anos, foi executado por pistoleiros, armados com fuzil. Foi morto ao sair da garagem, vítima de um crime que, segundo a polícia foi encomendado para o pai dele, o capitão reformado da PM, Paulo Xavier, que chegou a ser preso em 2012 por envolvimento com quadrilha que explorava jogos de azar.
Vizinhos da família também pedem para não serem identificados, mas falam da sensação diante de um crime de tamanha violência.
Um dos moradores diz que trabalhava no momento da execução, mas o filho estava em casa fazendo tarefa da escola. “Ele ouviu 7 tiros e mandou mensagem para mim, abalado. Ficou bastante chocado pela forma como aconteceu”, conta o pai.
O homem chegou por volta das 20h e encontrou a rua onde mora interditada pela Polícia. Para o vizinho, “diante do nível de violência atual, esse crime não surpreende”.
Segundo ele, 2 semanas antes da execução, Paulo Xavier, pai de Matheus, teria procurado o vizinho, falando que havia visto na câmera de segurança uma pessoa tentando pular do quintal dele para a casa do PM, para furtar uma bicicleta. “Ontem lembrei disso e fui perguntar se tinha alguma relação, mas ele negou”.
Já para a Polícia Civil, o capitão reformado da PM contou que as câmeras de casa estão desativadas desde o ano passado, por conta de uma reforma.
Vizinho há 10 anos da família Xavier, outro homem que não quer ter o nome divulgado diz que Matheus era conhecido como “menino muito estudioso”. A gente viu o crescimento dessa gurizada. É muito triste”, comenta.
Empresário de 61 anos, que vive na rua lateral a Antônio Venda, diz que estava entrando no banheiro para tomar banho ontem, quando ouviu o barulho. “Achei que poderia ser pancada de martelo em alguma obra aqui perto, mas eram disparos em sequência. Por isso, conclui que eram tiros. Olhei pela janela e não vi nada”.
Na avaliação dele, algumas cenas ainda são surpreendentes em uma Capital. “Fiquei surpreso. Tem coisas que a gente acha que nunca vai acontecer na Capital. A gente ouve falar desses crimes só na fronteira”, comenta.