Voluntários são ouvidos para descobrir se ONG violou direitos trabalhistas
No local, seis pessoas trabalhavam com horário para entrar e sair em funções predeterminadas
Voluntários que trabalhavam em ONG (Organização Não Governamental), presente no Bairro Coronel Antonino, onde foram encontrados mais de 350 animais em situação de maus-tratos, serão ouvidos para descobrir se possuíam vínculo trabalhista com a organização.
O sargento Igor Greffe Montania, da PMA (Policia Militar Ambiental), contou que durante vistoria realizada no imóvel foram encontradas seis pessoas que prestavam serviços à ONG. "Ela chama os funcionários como voluntários, mas eles têm horário para entrar, para sair e cumprem missões preestabelecidas e fazem, segundo ela, trabalhos voluntários sem remuneração. Um senhor que trabalha na limpeza disse estar na diária, mas sem um contrato, apenas de boca", detalhou.
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Montania ainda relata que os voluntários executavam serviços de limpeza interna e externa, além de auxiliar no tratamento dos animais. Ainda foram encontrados dois alunos de Medicina Veterinária para adquirir experiência na área. Cerca de seis pessoas trabalhavam no local.
Para verificar a situação dos trabalhadores, a auditoria fiscal do trabalho, do Ministério do Trabalho, esteve no local e seguirá conversando com os trabalhadores. O auditor Antônio Maria Paron explica que para se caracterizar como vínculo empregatício é preciso se enquadrar em quatro requisitos.
“Tem que ter pessoalidade, não pode ser qualquer pessoa da rua que estiver passando e você falar: ‘vem cá ser voluntário’. Outra coisa, você tem que executar as normas de acordo com o que alguém do estabelecimento determine, não é chegar a hora que quer, faz o que quer, ali já vemos uma regra”, explica dois dos pontos a serem considerados.
A terceira característica é o recebimento de uma remuneração pela prestação de serviço, o que foi relatado por um dos voluntários. No caso dos alunos, será avaliado se há um termo entre a ONG e a universidade, onde os alunos estudam. “E a última seria o seguinte: se o serviço que eles fazem aí se tem a ver com o objeto do negócio no caso aí é uma ONG que tem o objetivo de cuidar”, diz Antônio.
Apesar de dizer que a forma que os serviços eram realizados se assemelhe ao de um vínculo empregatício, o auditor explica que os funcionários ainda serão ouvidos para que seja definido pelo Ministério do Trabalho o que será realizado.
Relembre - Empresária, que não teve o nome divulgado, não tinha autorização para manter os mais de 350 animais em uma casa na Rua Santa Catarina, Bairro Coronel Antonino, em Campo Grande. O local, que foi alvo de denúncia, funcionava como ONG (Organização Não Governamental) e estava com alvará vencido desde fevereiro.
Ao Campo Grande News, a PMA (Polícia Militar Ambiental) explicou que recebeu denúncia na quinta-feira (18) de que havia dois macacos filhotes e um adulto no local, assim como a Decat (Delegacia Especializada de Repressão aos Crimes Ambientais e de Atendimento ao Turista).
Por volta das 12h desta sexta-feira (19), as equipes então foram ao local onde encontraram mais de 350 animais, entre cães e gatos. Segundo os policiais, eles viviam em situação de maus-tratos e alguns aparentam estar doentes. A empresária mora na casa e sabe o nome e data de resgate de cada um deles.
Conforme o sargento, a casa está em situação precária de higiene e o ambiente era insalubre, tanto para as pessoas quanto para os animais. "Tinha cheiro forte de amônia. Os funcionários trabalhavam sem máscara e sem luvas. Muitas vezes no chão, muita urina, os cães comiam as próprias fezes. Tinha animais com leishmaniose e outros doenças junto com os saudáveis", finalizou.
O caso foi registrado na Decat, para onde a mulher foi levada, e continuará sob investigação.
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