Caso Motel completa três anos e continua sem punição
Completa hoje três anos um dos crimes mais rumorosos já ocorridos em Mato Grosso do Sul, o assassinato dos jovens Murilo Alcalde e Eliane Ortiz, aos 21 anos, ocorrido em 2005, e que ficou conhecido como Caso Motel. Os dois foram encontrados assassinados no quarto de um motel e até hoje ninguém foi punido pelo crime.
O processo para punir os apontados como responsáveis pelo crime se arrasta desde agosto de 2001. Quatro homens são réus, entre eles dois policiais. A demora no andamento da ação se ampliou em fevereiro deste ano, quando foi descoberto um erro da justiça: o esquecimento da audiência para ouvir as testemunhas da defesa.
Quando o alerta foi dado, pela defesa de um dos acusados, o juiz responsável, Júlio Roberto Siqueira, retornou o caso ao estágio que estava em março do ano passado, quando ele já estava pronto para que fosse dada a decisão do magistrado se os acusados pelo MPE (Ministério Público Estadual) iam ou não à júri popular.
A audiência para ouvir as testemunhas da defesa foi realizada em maio. Agora, como informou o juiz ao Campo Grande News, foi aberto prazo para as partes façam novas alegações finais, de vinte dias. Depois disso, ele dirá se manda ou não os réus para julgamento. Após isso o julgamento só é marcado depois que decorrer todo o prazo de recurso à decisão.
São réus no processo os policiais militares Getúlio Morelli e Adriano Araújo Melo, o traficante do Mato Grosso Irio Vilmar Rodrigues e Ronaldo Vilas Boa Ferreira, que inicialmente era apontado como matador de aluguel, mas na fase de alegações finais do MPE foi considerado inocente. Como o caso voltou à fase de depoimentos, Ferreira permanece como réu.
Pela versão para o crime apresentada pelo MPE, os assassiantos têm relação com o tráfico de drogas. Murilo teria sido confundido com um informante da polícia e Eliane Ortiz teria sido morta por tentar sair do crime e ameaçar denunciar traficantes para quem teria trabalhar.
Caso complicado - A investigação, ao longo dos últimos três anos, se transformou em uma das mais conturbadas no Estado, incluindo a troca dos responsáveis e até o sumiço de provas. O juiz, por diversas vezes, questionou o trabalho dos promotores responsáveis pela denúncia. No último episódio nessa linha, quando negou prazo para que fossem feitas novas diligências sobre o caso, no fim do ano passado, Júlio Siqueira chegou a dizer que, na linha que vinha sendo do adotada, o Caso Motel corria o risco de se transformar em apenas mais um crime insolúvel.
A previsão dada pelo magistrado é que a decisão se os réus vão ou não a júri deve sair no começo de julho. Dos quatro réus, só um está preso, Ronaldo Vilas Boas, mas por outros crimes, já que até a acusação se manifestou pela inocência dele no caso.