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Interior

"Ele a perseguiu em vida e na morte”, diz mãe que procura corpo da filha

Corpo de Rosilei Potronieli foi furtado do cemitério da cidade na terça-feira (12) e ainda não foi encontrado. O caso é investigado pela Polícia Civil

Geisy Garnes e Guilherme Henri | 14/02/2019 15:09
Da sala de casa, Adélia espera notícias da filha (Foto: Marina Pacheco)
Da sala de casa, Adélia espera notícias da filha (Foto: Marina Pacheco)

Aos 75 anos, Adélia Potronieli teve que passar por uma das maiores provações de uma mãe: enterrar a filha, Rosilei Potronieli, de 37 anos, assassinada a facadas. 

Enquanto juntava forças e se recuperava, uma notícia inesperada bateu à sua porta: o corpo havia sido levado do cemitério de Dois Irmãos do Buriti. O principal suspeito é um ex-namorado de Rosilei, obcecado pela vítima. "Ele perseguiu ela em vida e, agora, na morte”.

Adélia mora no município de Dois Irmãos do Buriti (MS) há 58 anos. Na casa simples e sem muro, protegida apenas por uma cerca de arames, ela ainda espera por notícias sobre o paradeiro da filha. Mesmo em estado de choque, ela conta com clareza que para a família o responsável pelo sumiço do corpo é um homem conhecido na região como “Zé Barco”.

Adélia lembra que por inúmeras vezes ouviu Rosilei contar que o homem a perseguia. Segundo ela, a filha teve um relacionamento amoroso com “Zé Barco” e depois do término passou a ser ameaçada por ele.

A cada novo relacionamento, Rosilei via os namorados receberem ligações com ameaças de morte caso continuassem com ela. O medo do suspeito assombra a idosa, que pediu que as fotografias não a identificasse

Ela acredita que o homem quis levar o corpo para violentá-lo, crime que configura vilipêndio de cádaver. Com o passar dos dias, a esperança de encontrar o corpo filha fica cada vez mais distante. “Meu único pedido é que se o corpo tiver enterrado em outro lugar, se minha filha já estiver derretendo, é para deixar lá mesmo”. O sentimento, no entanto, é de que Rosilei foi jogada em um rio qualquer.

Dona Rosilei descobriu que o corpo da filha havia sido levado no dia seguinte ao velório, quando uma amiga voltou ao cemitério para pegar um cabo de celular que havia esquecido e foi avisada pelo coveiro.Depois de desenterrarem o caixão, os suspeitos furtaram o corpo e voltaram a fechar a cova. 

Enquanto falava, a idosa descreveu a última lembrança da filha, já no velório. “Peguei na mão dela e disse: minha filha me perdoa se algum dia te disse alguma coisa ruim. Uma água desceu do olho dela, acho que foi quando minha filha descansou”, lembrou.

Rosilei deixa cinco filhas, fruto do primeiro casamento. As meninas agora moram com o pai, em Campo Grande, que arcou com todas as despesas do enterro.

Cemitério em que o furto aconteceu (Foto: Marina Pacheco)
Cemitério em que o furto aconteceu (Foto: Marina Pacheco)
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