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Interior

Ação do MPE impede intervenção e deixa Estrada Parque intransitável

Priscilla Peres e Renata Volpe Haddad | 28/01/2016 15:35
Até mesmo com caminhonetes fica difícil transitar pela estrada turística. (Foto: Divulgação)
Até mesmo com caminhonetes fica difícil transitar pela estrada turística. (Foto: Divulgação)

Há meses, produtores rurais e empresários da região da Estrada Parque, no Pantanal sul-mato-grossense, aguardam uma solução para o barro, os buracos e a vegetação que deixaram as rodovias MS-184 e MS-228 intransitáveis. O problema é que, por uma exigência do MPE/MS (Ministério Público Estadual) só se pode mexer na estrada diante de autorização judicial.

A dificuldade no acesso ao local, visitado por milhares de turistas anualmente, tem gerado prejuízos para quem depende da rodovia. O presidente do Comitê Gestor da Estrada Parque, João Venturini Junior, explica que além dos problemas de infraestrutura e danos materiais aos veículos, ainda há a frustração dos turistas.

"Estamos enfrentando um problema sério de abandono. A Estrada Parque é um produto turístico e importante meio dos produtores locais para escoar o gado. A chuva tem piorado muito a situação e está intransitável em vários pontos. Precisa de máquinas para arrumarem e cascalharem a estrada", afirma João Venturini.

Outros empresários da região também afirmam que a estrada está em péssimas condições e que eles amargam os prejuízos. O proprietário da Arara Azul, Amarildo Gomes, afirma que é impossível trafegar com carro pequeno, principalmente quando chove. "Saí agora da oficina e tive a má notícia que minhas duas camionetes fundiram o motor, devido às péssimas condições da estrada. O prejuízo dos dois carros vai ser de R$ 4 mil, fora os outros que já estragaram", alega.

O proprietário conta que, em três meses, o prejuízo com os carros da pousada chega a R$ 15 mil. "Como eu tenho outra pousada em Bonito, quando não há condições de trafegar pela estrada parque, eu levo os turistas para o município, foi o meio que eu achei para não perder mais dinheiro", afirma.

Para o presidente do Conselho Gestor, o prejuízo já chega ao turismo. "Recebemos aqui um grande fluxo de pessoas de fora, de toda a América Latina. Mas as operadoras, responsáveis por esses turistas, já estão reclamando. Por que eles imaginam algo e qauando chegam aqui se decepcionam. Não podemos fazer nada, a situação está muito crítica", diz Venturini.

Situação da estrada está cada dia pior, principalmente com as chuvas. (Foto: Divulgação)
Situação da estrada está cada dia pior, principalmente com as chuvas. (Foto: Divulgação)

Justiça - Tudo acontece porque nenhuma empresa e nem mesmo o governo do Estado podem mexer na estrada sem autorização judicial, devido a exigência do MPE/MS feita no ano passado.

Acontece que no início de 2015 um grupo de produtores procurou a Agesul (Agencia Estadual de Gestão de Empreendimentos) para reclamar da situação da estrada. A nova gestão pesquisou sobre o assunto e viu que em 2014 foram feitas obras de encascalhamento na via, que inclusive foi 100% paga por uma empreiteira contratada pelo governo passado.

A Agesul então decidiu fazer uma auditoria na Estrada e concluiu que a empresa paga não executou o serviço conforme estava no contrato, por isso haviam os problemas. Neste momento, a estrada virou alvo de investigação da Operação Lama Asfáltica.

Em novembro de 2015, começou a ser investigado o desvio de R$ 2,9 milhões pela recuperação da MS-228, conhecida como Estrada Parque. E os advogados dos réus na investigação passaram a contestar o laudo da Agesul. Devido ao impasse, veio a determinação do Ministério Público.

De lá para cá a chuva piorou a estrada, aumentando o barro, os buracos e claro, a reclamação dos empresários. Para tentar resolver a situação, a Agesul entrou com pedido na Justiça de Ponderação Antecipada de Provas, pedindo para fazer a manutenção nos pontos críticos, a princípio.

A decisão da Justiça sobre o caso deve sair ainda nesta semana. O MPE afirmou ao Campo Grande News que não comenta nenhum assunto relacionado a Operação Lama Asfáltica.

Empresários da região afirmam que só se passa pela estrada com carros altos.(Foto: Divulgação)
Empresários da região afirmam que só se passa pela estrada com carros altos.(Foto: Divulgação)
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