Acusado de coagir vítima de estupro, ex-prefeito alega “interesse político”
Em nota no Facebook, Sidney Foroni aponta vazamento de informação sigilosa
Um dos quatro advogados alvos da Operação “Excesso de Defesa”, desencadeada ontem (5) pela Polícia Civil em Rio Brilhante, a 163 km de Campo Grande, o ex-prefeito Sidney Foroni (MBD) vê interesse político na denúncia.
Ele e os outros três advogados da cidade são acusados de coagir uma moradora de 31 anos de idade, vítima de estupro e cárcere privado, para que ela inocentasse o autor dos crimes, Gilson Pires de Matos, 49, ex-namorado da vítima e procurado pela polícia.
“Fatos amplamente noticiados nas mídias, meramente com interesse político, na tentativa de denegrir a minha imagem pessoal, profissional e política, pois as eleições estão se aproximando e qualquer fato negativo é explorado politicamente”, afirmou Foroni, em nota publicada em sua página no Facebook.
Ele nega as denúncias de que teria redigido documento em que a vítima pedia a retirada das denúncias. À polícia, a mulher disse que assinou o documento sem ler.
“Sou advogado e milito muito na área criminal há 33 anos. Ao longo de meus 33 anos de exercício na advocacia sempre tive conduta profissional digna de minha profissão, sempre primando pela ética e pelo respeito às leis”, afirma Foroni.
Na nota ele afirma ser advogado e amigo de Gilson Pires de Matos. “Todos sabem que ele é acusado de ter praticado alguns crimes (sequestro, cárcere privado, estupro e violência doméstica), dos quais ele nega os crimes de sequestro, cárcere privado, estupro, assumindo que realmente teve um desentendimento com sua namorada que terminou em vias de fato”.
O advogado explica ainda que após o registro do boletim de ocorrência, a vítima e sua advogada, Maria Tereza Arruda Ferro da Silva, assinaram pedido de desistência e renúncia de queixa contra o acusado em relação aos crimes de violência doméstica.
“A vítima desistiu de processar o suposto agressor e o pedido foi encaminhado ao delegado. Posteriormente esse pedido foi colocado sob suspeita pelo delegado, e depois a vítima novamente voltou atrás e disse que assinou tal documento de forma pressionada, o que duvido muito em virtude da credibilidade da Dra. Maria Tereza”, diz Foroni.
Maria Tereza e o marido dela, Alvacir Cano da Silva, também advogado, foram outros dois alvos da operação de ontem. O quarto advogado investigado é Daverson Munhoz de Matos, filho de Gilson Matos e sócio no escritório de advocacia de Sidney Foroni.
“A busca foi realizada de forma respeitosa e educada. Tenho plena certeza que as mensagens e documentos encontrados irão demonstrar que não tivemos qualquer influência na decisão da vítima”, afirmou o advogado.
Vazamento – Na carta publicada em rede social, o ex-prefeito aponta vazamento de informações sigilosas sobre as investigações e cita um repórter da cidade.
“Me espanta e me assusta ‘como e porque [sic], antes mesmo da operação ser concluída, operação que deveria ser sigilosa por sua própria natureza, o repórter Olimar Gamarra já estava sabendo a respeito da mesma e aguardando em frente à Delegacia de Polícia e divulgando o assunto como se tivesse uma bola de cristal”, questionou.
Foroni cobrou investigação e punição “para aqueles que querem mídia gratuita, porventura vazando informações sigilosas à imprensa sem se preocupar com o respeito às leis que deveriam cumprir e fazê-las cumprir”.
Ele afirma estar “com a consciência tranquila” de que os atos foram praticados dentro da legalidade e da ética profissional. “Buscaremos na Justiça a devida reparação do dano moral em virtude das divulgações mentirosas, bem como será cuidadosamente analisada a possível prática de abuso de autoridade em virtude do exercício da nossa profissão”.
Prefeito de Rio Brilhante de 2013 a 2016, Sidney Foroni era pré-candidato do MDB nas eleições deste ano. Entretanto, em junho deste ano o TSE (Tribunal Superior Eleitoral) negou, por unanimidade, o recurso contra condenação por improbidade administrativa que o tornou inelegível por oito anos.