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Interior

Acusados de fraude no Detran seguem foragidos e há suspeita de vazamento

Empresários e gerente de agência de trânsito em Juti teriam sido avisados sobre mandados de prisão

Helio de Freitas, de Dourados | 25/11/2022 14:58
Policiais em um dos endereços onde foram cumpridos mandados, no dia 8 (Foto: Arquivo)
Policiais em um dos endereços onde foram cumpridos mandados, no dia 8 (Foto: Arquivo)

O gerente da agência do Detran em Juti Adriano Passarelli e os empresários da mesma cidade Jeferson Cassavara e o filho dele, Jeferson Cassavara Junior, completam hoje (25) uma semana como foragidos da polícia.

Alvos da Operação Resfriamento, que investiga esquema de fraude na agência de trânsito da cidade localizada a 311 km de Campo Grande, os três tiveram a prisão preventiva decretada pela Justiça na semana passada, mas não foram localizados pela polícia na sexta-feira passada.

Hoje, o Campo Grande News apurou que existem fortes suspeitas de vazamento de informações sigilosas sobre os mandados de prisão. Os três teriam sido avisados que seriam presos. Na manhã do dia 18, quando foram aos endereços para cumprir a ordem judicial, os policiais não os encontraram.

“Tudo indica que foram avisados e fugiram para o Paraguai ou para outro estado”, afirmou morador da cidade que pediu para não ter o nome divulgado por temer pela própria segurança. Ex-vereador, Passarelli foi candidato a prefeito de Juti em 2020.

O esquema, que teria movimentado pelo menos R$ 17 milhões, é investigado pelo Dracco (Departamento de Repressão à Corrupção e ao Crime Organizado), da Polícia Civil. Questionado sobre os boatos de vazamento, o departamento não quis se manifestar.

Os outros dois investigados, o servidor do Detran em Juti Marcel Libert Lopes Cançado e o despachante de Dourados João Ney Pereira da Silva, continuam presos. Marcel está na cadeia de Caarapó e Ney na PED (Penitenciária Estadual de Dourados).

A investigação, com participação da Corregedoria de Trânsito do Detran, revelou esquema de emissão de documentos de veículos irregulares na agência do Detran em Juti.

Segundo o Dracco, veículos irregulares e até mesmo de outros estados foram regularizados no local através de informações falsas e pagamento de propina a servidores. Os carros não passavam por vistorias de segurança. Em alguns casos, não chegavam nem a entrar em Mato Grosso do Sul.

Como moravam fora de MS, os proprietários dos veículos usavam endereços falsos, como se fossem residentes em Dourados. Através do esquema, duas carretas quatro eixos foram documentadas no Detran de Juti quando ainda era proibida a circulação desse tipo de veículo no Brasil. Os quatro eixos só foram liberados em janeiro de 2022.

A organização era dividida em três núcleos. O primeiro é o “Despachante”, formado por João Ney e outros despachantes e funcionários que ainda estão sendo investigados. Esse núcleo tinha a função de captação de clientes - proprietários de veículos irregulares interessados em regularizá-los indevidamente.

Os documentos eram encaminhados para o “Grupo Político”, formado por Marcel Libert e Adriano Passarelli, responsáveis pelas alterações falsas no sistema do Detran.

Para o financiamento do esquema, a organização contava com o “Grupo Financeiro”, formado por Jeferson Cassavara e o filho. Segundo o Dracco, os dois eram os operadores financeiros da quadrilha.

A polícia identificou diversas estratégias para esconder o patrimônio e o dinheiro movimentado através das fraudes. O grupo usava “laranjas” e registrava a propriedade de veículos em nome de terceiros. Por isso, além dos crimes de corrupção, os cinco são investigados também por crime de lavagem de dinheiro.

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