Condenado pela morte de Dorcelina, servidor pede exoneração
Em nota, a gestão do município esclareceu que ele fez a solicitação por não querer “causar transtornos”
Jusmar Martins da Silva, condenado pelo assassinato de Dorcelina Folador, ex-prefeita de Mundo Novo, pediu exoneração do cargo, conforme publicação feita neste sábado (8) pelo Município. Em nota, a gestão esclareceu que ele fez a solicitação por não querer “causar transtornos”.
RESUMO
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Jusmar Martins da Silva, condenado pelo assassinato da ex-prefeita de Mundo Novo, Dorcelina Folador, pediu exoneração do cargo de fiscal da Vigilância Sanitária Municipal para evitar transtornos. Ele foi nomeado após decisão judicial que permitiu a recontratação de servidores até a realização de concurso público. Dorcelina, ícone da luta pela igualdade, foi assassinada em 1999, e Jusmar foi condenado como mandante. A prefeita atual, Fátima Ivantes, destacou que as decisões são baseadas na legislação vigente.
No documento enviado ao governo de Mundo Novo, Jusmar Martins também manifestou que desejava apenas se reintegrar à sociedade.
“Diante das polêmicas e das críticas direcionadas à gestão municipal, Jusmar solicitou sua exoneração do cargo. Segundo a nota, ele justificou sua decisão afirmando que não queria causar transtornos, desejava apenas a oportunidade de ressocialização e sobrevivência, conforme estabelece a lei”, diz o trecho publicado hoje.
Jusmar Martins da Silva foi nomeado fiscal da Vigilância Sanitária Municipal após ter admissão aprovada na gestão de 2024, do prefeito Valdomiro Sobrinho. O contrato, que começou a valer no dia 17 de fevereiro, era temporário e deveria se encerrar em 30 de novembro.
Assinada pela prefeita Fátima Ivantes Lucca Andrade (PSDB), a nota divulgada neste sábado também reitera que a contratação dele e de outros 123 servidores ocorreu após decisão judicial no final de 2024.
“Para garantir a continuidade dos serviços públicos essenciais, um acordo foi firmado com o Poder Judiciário e o Ministério Público, permitindo a recontratação desses profissionais até a realização de um concurso público previsto para este ano de 2025”, consta em outro trecho do documento.

A prefeita também expressou respeito aos familiares e amigos da ex-prefeita Dorcelina Folador. “Rosária destacou que suas decisões são pautadas na legislação vigente, acima de qualquer juízo pessoal, garantindo a seriedade da administração pública de Mundo Novo.”
Embora tenha solicitado exoneração, a decisão ainda não foi publicada oficialmente no Diário Oficial de Novo Mundo nem no da Assomasul (Associação dos Municípios de Mato Grosso do Sul).
O caso Dorcelina - A ex-prefeita era paranaense, mulher com espírito de liderança desde pequena e pessoa com deficiência. Virou ícone da luta pela igualdade no acesso à terra em Mato Grosso do Sul, foi ex-integrante do MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra) e uma das fundadoras do PT (Partido dos Trabalhadores) em Mundo Novo.
Dorcelina foi morta na varanda de casa com seis tiros. O crime teve repercussão nacional.
Era a noite de 30 de outubro de 1999. Na época, ela cumpria o primeiro mandato como prefeita e acumulava desafetos por tentar romper a ligação do poder público do município com o crime organizado na fronteira com o Paraguai.
Jusmar Martins da Silva era próximo de Dorcelina. Coordenou sua campanha eleitoral e foi nomeado secretário municipal de Agricultura e Pecuária, mas foi exonerado em pouco tempo. A Justiça o condenou a 18 anos de prisão em 2003 por ser o mandante do assassinato brutal.
Quem atirou contra Dorcelina foi o pistoleiro Getúlio Machado. Ele também foi condenado a 18 anos de prisão.
Ao todo, seis pessoas teriam que cumprir 72 anos de pena pela morte da ex-prefeita. Mas, dez anos após o crime, decisão polêmica do Tribunal de Justiça de Mato Grosso do Sul soltou os envolvidos.
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