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Interior

Condenado pela morte de Dorcelina, servidor pede exoneração

Em nota, a gestão do município esclareceu que ele fez a solicitação por não querer “causar transtornos”

Por Jéssica Fernandes | 08/03/2025 15:59
Condenado pela morte de Dorcelina, servidor pede exoneração
Prédio do Governo de Mundo Novo no interior do Estado. (Foto: Divulgação)

Jusmar Martins da Silva, condenado pelo assassinato de Dorcelina Folador, ex-prefeita de Mundo Novo, pediu exoneração do cargo, conforme publicação feita neste sábado (8) pelo Município. Em nota, a gestão esclareceu que ele fez a solicitação por não querer “causar transtornos”.

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Jusmar Martins da Silva, condenado pelo assassinato da ex-prefeita de Mundo Novo, Dorcelina Folador, pediu exoneração do cargo de fiscal da Vigilância Sanitária Municipal para evitar transtornos. Ele foi nomeado após decisão judicial que permitiu a recontratação de servidores até a realização de concurso público. Dorcelina, ícone da luta pela igualdade, foi assassinada em 1999, e Jusmar foi condenado como mandante. A prefeita atual, Fátima Ivantes, destacou que as decisões são baseadas na legislação vigente.

No documento enviado ao governo de Mundo Novo, Jusmar Martins também manifestou que desejava apenas se reintegrar à sociedade.

“Diante das polêmicas e das críticas direcionadas à gestão municipal, Jusmar solicitou sua exoneração do cargo. Segundo a nota, ele justificou sua decisão afirmando que não queria causar transtornos, desejava apenas a oportunidade de ressocialização e sobrevivência, conforme estabelece a lei”, diz o trecho publicado hoje.

Jusmar Martins da Silva foi nomeado fiscal da Vigilância Sanitária Municipal após ter admissão aprovada na gestão de 2024, do prefeito Valdomiro Sobrinho. O contrato, que começou a valer no dia 17 de fevereiro, era temporário e deveria se encerrar em 30 de novembro.

Assinada pela prefeita Fátima Ivantes Lucca Andrade (PSDB), a nota divulgada neste sábado também reitera que a contratação dele e de outros 123 servidores ocorreu após decisão judicial no final de 2024.

“Para garantir a continuidade dos serviços públicos essenciais, um acordo foi firmado com o Poder Judiciário e o Ministério Público, permitindo a recontratação desses profissionais até a realização de um concurso público previsto para este ano de 2025”, consta em outro trecho do documento.

Condenado pela morte de Dorcelina, servidor pede exoneração
Dorcelina Folador era mulher com deficiência, militante da reforma agrária e prefeita na fronteira de Mato Grosso do Sul (Foto/Arquivo)

A prefeita também expressou respeito aos familiares e amigos da ex-prefeita Dorcelina Folador. “Rosária destacou que suas decisões são pautadas na legislação vigente, acima de qualquer juízo pessoal, garantindo a seriedade da administração pública de Mundo Novo.”

Embora tenha solicitado exoneração, a decisão ainda não foi publicada oficialmente no Diário Oficial de Novo Mundo nem no da Assomasul (Associação dos Municípios de Mato Grosso do Sul).

O caso Dorcelina - A ex-prefeita era paranaense, mulher com espírito de liderança desde pequena e pessoa com deficiência. Virou ícone da luta pela igualdade no acesso à terra em Mato Grosso do Sul, foi ex-integrante do MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra) e uma das fundadoras do PT (Partido dos Trabalhadores) em Mundo Novo.

Dorcelina foi morta na varanda de casa com seis tiros. O crime teve repercussão nacional.

Era a noite de 30 de outubro de 1999. Na época, ela cumpria o primeiro mandato como prefeita e acumulava desafetos por tentar romper a ligação do poder público do município com o crime organizado na fronteira com o Paraguai.

Jusmar Martins da Silva era próximo de Dorcelina. Coordenou sua campanha eleitoral e foi nomeado secretário municipal de Agricultura e Pecuária, mas foi exonerado em pouco tempo. A Justiça o condenou a 18 anos de prisão em 2003 por ser o mandante do assassinato brutal.

Quem atirou contra Dorcelina foi o pistoleiro Getúlio Machado. Ele também foi condenado a 18 anos de prisão.

Ao todo, seis pessoas teriam que cumprir 72 anos de pena pela morte da ex-prefeita. Mas, dez anos após o crime, decisão polêmica do Tribunal de Justiça de Mato Grosso do Sul soltou os envolvidos.

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