Depois de barrados, Médicos Sem Fronteiras vão atuar em aldeia de Aquidauana
O anúncio foi feito na manhã desta quinta-feira (24) pelo secretário Estadual de Saúde Geraldo Resende
Depois de serem barrados pelo Secretário Nacional de Saúde Indígena, os Médicos Sem Fronteiras vão prestar ajuda humanitária no combate ao coronavírus (covid-19) na Aldeia Taunay/Ipegue, em Aquidauana, distante 135 quilômetros de Campo Grande. O anúncio foi feito na manhã desta quinta-feira (24) pelo secretário Estadual de Saúde Geraldo Resende, ao divulgar o boletim diário do novo coronavírus.
Segundo o titular da pasta, foi superado o imbróglio com a Sesai (Secretaria Especial de Saúde Indígena) para que os Médicos Sem Fronteiras possam atuar na região. "A intermediação da Secretaria Estadual de Saúde foi bastante positiva. Conseguimos o apoio da Sesai e superamos algumas incompreensões. Agora, logicamente, vamos ter o apoio dessa entidade que atua no mundo todo para combater o vírus que está muito presente nas aldeias indígenas”, disse.
Na semana passada, indígenas denunciaram que o reforço voluntário foi impedido de entrar nas aldeias. Na ocasião, a Sesai (Secretaria de Estado de Saúde Indígena) afirmou que o governo do Estado havia encaminhado proposta de plano de trabalho para atuação das equipes da organização. Mas, segundo a secretaria, o plano precisava ser ajustado, pois não especificava os locais de atendimento, datas, recursos, meios a serem empregados.
Segundo a APIB (Articulação dos Povos Indígenas do Brasil), o povo terena presenta 93% das mortes de indígenas provocadas pelo coronavírus em Mato Grosso do Sul. A entidade solicitou ao MPF (Ministério Público Federal), que instaure inquérito para verificar a ilegalidade das ações do Secretário Especial de Saúde Indígena Robson Santos da Silva. “Entendemos que a decisão do secretário é constitutiva de responsabilização na esfera administrativa, penal e civil, levando em consideração, a situação de calamidade sanitária enfrentada pelo povo terena”, segundo o documento elaborado pela APIB.
Ainda conforme o texto, a chegada da Covid nos territórios indígenas, vem acompanhada de uma letalidade de 6,8%, enquanto em não-índios no Estado esse número é de 1,8%. Geraldo Resende já havia dito que os indígenas de MS “Estavam sendo dizimados”. “É evidente que a atuação dos médicos sem fronteiras, podem salvar vidas na Terra Indígena de Taunay-Ipegue, podendo reduzir os danos que a doença tem deixado em nossos territórios”, reforçou a entidade no documento.