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Interior

Em Brasília, índios de MS reforçam que vão resistir a despejo

Nyelder Rodrigues | 29/10/2012 21:52
Representantes dos índios entregam documento que reforça resistência e relata situação vivida pela comunidade (Foto: Agência Brasil)
Representantes dos índios entregam documento que reforça resistência e relata situação vivida pela comunidade (Foto: Agência Brasil)

Seis representantes dos índios guarani-kaiowá reafirmaram que vão resistir à decisão judicial que determina a desocupação da área em Iguatemi que é habitada pelos indígenas da comunidade Pyelito Kue/Mbarakay.

Eles se reuniram nesta segunda-feira (29) em Brasília com a vice-procuradora-geral da República, Deborah Duprat, e com as subprocuradoras-gerais da República, Gilda Carvalho e Raquel Dodge, e o procurador da República em Mato Grosso do Sul, Marco Antonio Delfino.

No encontro, foi entregue uma carta ao MPF (Ministério Público Federal) relatando a situação vivenciada pela comunidade, afirmando que a mesma “não vai sair nem por bem e nem por mal” da área. Eles ainda dizem que vão “lutar pela nossa terra até o último guerreiro”.  No documento, o caso de estupro e o de suicídio no local também foram relatados.

Para Deborah Duprat, é preciso que os estudos sejam concluídos para definir se os índios têm ou não direito à terra, indicando que a comunidade não pode continuar na situação de insegurança a qual passa.

Além disso, a vice-procuradora-geral afirmou em texto divulgado pela assessoria que “há uma reação enorme do setor dito produtivo de Mato Grosso do Sul, algo semelhante ao que aconteceu em Roraima há um tempo. Chega a ensejar quase que um racismo institucional, o Estado colocando suas instituições contra os índios”.

Já o membro do Conselho Continental da Nação Guarani, Otoniel Iandeva, explicou que os indígenas querem resolver a questão, e não há intenção de suicídio coletivo da etnia. Ele também reclamou de ter os direitos desrespeitados.

Disputa judicial - O MPF (Ministério Público Federal) pede na Justiça a permanência dos índios guarani na fazenda Cambará, no município de Iguatemi. Em setembro, a Justiça Federal de Naviraí concedeu liminar para a reintegração de posse. Em repostas, os índios divulgaram uma carta, que causou comoção, prometendo resistir até a morte.

O Ministério Público quer a reforma da decisão que determinou a saída dos índios ou, ao menos, a permanência até a conclusão dos  estudos antropológico. O recurso tramita no TRF3 (Tribunal Regional Federal da 3ª Região) desde 16 de outubro e ainda não foi julgado. A justificativa é que a decisão não levou em consideração a ocupação tradicional da área em disputa.

Os indígenas ocupam 2 hectares da fazenda, que possui 762 hectares, desde novembro do ano passado. Conforme o MPF, em agosto de 2011 pistoleiros destruíram o acampamento montado às margens de uma estrada vicinal. Para chegar à fazenda, eles atravessaram um rio com dois metros de profundidade. A travessia foi feita segurando em um fio de arame.

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