ACOMPANHE-NOS     Campo Grande News no Facebook Campo Grande News no X Campo Grande News no Instagram Campo Grande News no TikTok Campo Grande News no Youtube
DEZEMBRO, DOMINGO  14    CAMPO GRANDE 27º

Interior

“Por causa disso aqui”, esposa de indígena atribui prisão a protestos

Mulher pede liberdade em vídeo durante bloqueio na rodovia e relata problemas de saúde

Por Gabi Cenciarelli e Helio de Freitas, de Dourados | 14/12/2025 14:52


RESUMO

Nossa ferramenta de IA resume a notícia para você!

Indígenas bloqueiam anel viário de Dourados pelo terceiro dia consecutivo em protesto contra o marco temporal. Durante a manifestação, Nayara Arce da Silva, esposa do indígena Guarani-Kaiowá Magno de Souza, pede a libertação do marido, preso por mandado preventivo sob acusação de estupro de vulnerável. Em vídeo, Nayara, que se declara líder de 300 famílias na retomada, relata dificuldades de saúde e para cuidar do filho de 7 meses. O bloqueio ocorre próximo ao trevo com a Avenida Guaicurus, afetando principalmente o tráfego de caminhões na região.

Durante novo bloqueio indígena no anel viário de Dourados, neste domingo (14), Nayara Arce da Silva, esposa do indígena Guarani-Kaiowá Magno de Souza, publicou um vídeo pedindo a libertação imediata do marido. Na gravação, feita em meio à manifestação, ela afirma que Magno está preso por causa dos protestos e relata dificuldades de saúde e para cuidar da família.

“Eu quero uma liberdade para ele imediatamente. Levaram ele lá por causa disso”, disse, ao relacionar a prisão às mobilizações indígenas realizadas nos últimos dias.

Na fala, Nayara afirma que é ela quem exerce a liderança na comunidade e que o marido não deveria estar detido. “Quem é o líder sou eu. Eu que cuido da comunidade, 300 famílias eu cuido aqui na retomada. Eu que levanto pela família, pela comunidade, pelas crianças”, declarou.

“Por causa disso aqui”, esposa de indígena atribui prisão a protestos
Estrada interditada em Dourados (Foto: Leandro Holsbach)

Ela também relata estar em situação delicada de saúde e diz depender do companheiro. “Eu estou com uma cesárea, com uma bolsa de colostomia e eu preciso de urgência aqui. Eu preciso dele porque ele é meu esposo. Eu tenho um bebê de 7 meses. Como que eu posso cuidar?”, afirmou.

No vídeo, Nayara diz ainda não ter contato com órgãos de defesa e pede ajuda às autoridades. “Eu não tenho contato da DPU, nem da Defensoria Pública. Eu preciso da ajuda de vocês, autoridades, advogados, ministros. Venham ver a minha situação, o sofrimento das minhas crianças”, disse.

Ela afirma ter sido informada sobre a realização de audiência no período da tarde e diz esperar que o marido seja liberado. “Falaram que às 4 horas ia ter audiência e depois disso iam decidir. Eu estou esperando. Se amanhecer e o Magno não chegar, eu preciso saber a informação”, declarou.

Ao final da gravação, Nayara também reforça o posicionamento contrário ao marco temporal. “Marco Temporal, PL 490, não queremos que seja aprovado”, disse.

Bloqueio – A fala foi divulgada durante a terceira interdição registrada na semana no anel viário de Dourados. Na quinta-feira (11), indígenas fecharam a rodovia por algumas horas em protesto contra o marco temporal. Na sexta-feira (12), o bloqueio foi retomado, mas encerrado ainda no mesmo dia. Neste domingo, a interdição voltou a ocorrer.

O bloqueio acontece próximo ao trevo com a Avenida Guaicurus, em um trecho que liga a BR-463 à MS-156 e à BR-163. A via passa ao lado da Reserva Indígena de Dourados e é utilizada como rota de desvio do tráfego pesado. Caminhões ficaram parados na rodovia.

Equipes da Polícia Militar Rodoviária acompanham a situação. Veículos leves e motocicletas devem fazer o desvio pela Planacon, com acesso ao centro da cidade, à BR-163 ou ao trecho Itaporã–Dourados, que segue liberado. Caminhões e veículos de carga devem retornar à BR-163, onde o tráfego ocorre normalmente.

“Por causa disso aqui”, esposa de indígena atribui prisão a protestos
Magno, de calça vermelha, chegando na Depac Dourados (Foto: Leandro Holsbach)

Prisão – Magno de Souza, de 41 anos, foi preso no sábado (13), por força de mandado de prisão preventiva por estupro de vulnerável, expedido pela Vara de Violência Doméstica e Familiar Contra Mulheres de Dourados. A prisão foi realizada pela Força Tática da Polícia Militar no assentamento Aratikuty, na região da Aldeia Bororó. O processo tramita em sigilo judicial.

A reportagem segue acompanhando o caso e aguarda posicionamento das lideranças indígenas, da defesa de Magno de Souza e das autoridades.

Receba as principais notícias do Estado pelo Whats. Clique aqui para acessar o canal do Campo Grande News e siga nossas redes sociais.