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Interior

Empresário morto em Dourados iria a julgamento no caso Campina Verde

Francisco Júnior | 27/04/2011 08:29
Corpo de empresário, dentro do carro, na porta da garagem. (Foto: DOurados News)
Corpo de empresário, dentro do carro, na porta da garagem. (Foto: DOurados News)

O empresário Elzevir Padoim, 60 anos, executado na noite de ontem (26), em Dourados, era réu no processo do caso conhecido como “Campina Verde”, nome dado pela Policia Federal à operação desencadeada em 2005 em alusão ao nome da cerealista acusada de encabeçar um esquema de sonegação de impostos.

De acordo com o juiz federal, Odilon de Oliveira, o empresário chegou a ser ouvido no processo, mas ainda não havia sido julgado. Ele era acusado de ser “laranja” do esquema. Na época os denunciados foram acusados pelos crimes de lavagem de dinheiro, falsidade ideológica, enriquecimento ilícito e constituição de organização criminosa.

O empresário foi morto por volta das 18 horas de ontem, quando chegava em casa localizada na Rua Olinda Pires de Almeida, próximo a Rua Hayel Bon Faker , bairro BMH 3º Plano, região nobre de Dourados. Ele estava saindo do veículo Toyota Corolla, HTH 1818, e foi atingido por seis disparos, sendo que dois atingiram a cabeça de Elzevir, que morreu no local.

De acordo com o delegado do 1º Distrito Policial de Dourados, Marcelo Damasceno, ninguém presenciou o crime, mas a Polícia não tem dúvida que tenha sido praticado por pistoleiros. “A forma como o crime foi praticado nos faz acreditar nessa hipótese”, afirmou, descartando assalto, por exemplo.

A mulher do empresário, que estava dentro da casa, ouviu os disparos, e ao sair, encontrou o marido morto.

Irmãos Rocha, presos em 2006 durante operação Campina Verde.
Irmãos Rocha, presos em 2006 durante operação Campina Verde.

O esquema - A denúncia do MPE tem como réus os donos da Campina Verde, Nilton Rocha Filho, e os filhos dele Aurélio Rocha e Nilton Fernando Rocha; os donos de uma empresa de contabilidade Paulo Roberto Campione, Milton Carlos Luna, e ainda pessoas que teriam sido testas- de-ferro e laranjas usados pelos principais acusados: Diogo Ribeiro Ferreira, Sueli Domingues, Francisco Madalena da Silva, Ivone dos Santos de Leão, Elisabete Aparecida Lopes, Rosemeire Lemos Machado, Joaquim Rodrigues da Silva e Andréa Rocha Saldanha.

A denúncia foi apresentada no dia 2008 pelos promotores de Justiça Clóvis Amauri Smanioto e Jiskia Sandri Trentin, do Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado), e pelo Promotor de Justiça da comarca de Dourados Amílcar Araújo Carneiro Júnior.

Conforme a denúncia, a "Família Rocha" criou e fez uso de empresas fantasmas, também chamadas de satélites, com o objetivo de maquiar as transações de vendas de grãos que, na verdade, eram da Campina Verde.

Em parte das operações, a empresa aparece como armazenadora dos grãos, mas na verdade é ela quem realizava as a compra de grãos que oficialmente aparecida como sendo das empresas pelas "satélites".

Um escritório de contabilidade, a Contabilidade São Paulo, era responsável pelo trabalho para enganar o fisco, segundo a denúncia. O uso das empresas de fachada era para não pagar os tributos. Elas duravam apenas meses e encerravam as atividades sem pagar impostos . Com isso, os donos da Campina Verde enriqueceram ilicitamente.

Para o MPE, o "Grupo Rocha" contou com a complacência de funcionários públicos estaduais, incumbidos de autorizar o recolhimento do tributo e/ou de revogar a autorização concedida, em função do regime especial concedido às empresas.

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