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Interior

Fuga completa duas semanas e polícia segue sem pistas de traficante

Inquérito Policial Militar e investigação instaurada pela Polícia Civil devem durar pelo menos 30 dias, mas até agora não existe nenhuma pista de Nelson Falcão, condenado a 82 anos de prisão

Helio de Freitas, de Dourados | 10/08/2018 11:54
Nelson Falcão era vigiado por policiais militares quando foi resgatado (Foto: Arquivo)
Nelson Falcão era vigiado por policiais militares quando foi resgatado (Foto: Arquivo)
Fiesta sedan usado em resgate de traficante foi flagrado por câmeras em frente ao hospital (Foto: Arquivo)
Fiesta sedan usado em resgate de traficante foi flagrado por câmeras em frente ao hospital (Foto: Arquivo)

Nesta sexta-feira (10) faz duas semanas que o narcotraficante Nelson de Oliveira Leite Falcão, 53, chefe de uma bem estruturada quadrilha de tráfico de cocaína, foi resgatado por bandidos armados quando recebia atendimento médico no Hospital da Vida, em Dourados, a 233 km de Campo Grande.

Dois inquéritos estão em andamento para investigar se teve facilitação da fuga por parte de agentes penitenciários e policiais militares que faziam a escolta, mas até agora não houve nenhum avanço, segundo o Campo Grande News apurou nesta manhã.

Como se tivesse virado fumaça, Nelson Falcão desapareceu após ser levado do hospital por três homens armados e colocado em um Fiesta sedan prata, gravado por câmeras de segurança em frente ao hospital.

Um delegado que acompanha as investigações disse hoje que a suspeita é que o traficante tenha fugido para o Paraguai – a fronteira fica a menos de 100 km de Dourados – e depois para a Bolívia.

Antes de ser preso pela PRF (Polícia Rodoviária Federal) com quase 900 quilos de maconha em Água Clara (MS), em março deste ano, Falcão estava refugiado em Santa Cruz de La Sierra, onde tem criação de gado.

A quadrilha aproveitou as falhas no sistema de escolta para tirar da cadeia um dos principais fornecedores de drogas para os traficantes paulistas. Falcão está condenado a 82 anos de prisão. Existem suspeitas de que os comparsas dele tenham recebido informações privilegiadas sobre o horário em que ele seria levado para o hospital.

A ação dos bandidos dentro do hospital, momento em que renderam os PMs e levaram o traficante não foi registrada pelas câmeras internas. Segundo o delegado Rodolfo Daltro, do SIG (Serviço de Investigações Gerais), o sistema de monitoramento estava estragado.

A Polícia Militar também investiga o caso. O comandante da PM em Dourados, tenente-coronel Carlos Silva, disse que pelo menos 30 pessoas estão sendo ouvidas para apurar se houve falha da equipe responsável pela escolta. O IPM tem prazo de 40 dias para ser concluído.

Nelson Falcão ficou preso do dia 14 de junho deste ano até 12h55 de 27 de julho, dia em que foi resgatado por homens armados com roupa de enfermeiro.

Mesmo já condenado a 82 anos de reclusão e com chance de ver essa pena chegar a um século por causa da carga de cocaína descoberta em março, Nelson Falcão foi levado da PED (Penitenciária Estadual de Dourados) até o hospital entre presos “comuns”, sem nenhum reforço especial no serviço de escolta.

A PM alega que a Agepen (Agência Estadual de Administração do Sistema Penitenciário) não fez nenhum pedido de escolta diferenciada. Já a agência afirma que a cópia da ficha disciplinar do traficante foi enviada junto com o pedido de escolta até o hospital, onde Falcão seria medicado de dores lombares.

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