Indígena é velado em área de conflito e Sejusp reforça trabalho de pericia
Vicente Fernandes e o trabalhador rural Lucas Fernando da Silva foram mortos a tiros no local do confronto
O corpo de Vicente Fernandes, 36 anos, indígena Guarani-Kaiowá, assassinado com um tiro na nuca durante ataque à Retomada Pyelito Kuê, chegou à Terra Indígena Iguatemipeguá I na madrugada desta segunda-feira (17). Desde as primeiras horas da manhã, familiares e moradores da comunidade se despedem em clima de revolta e luto.
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Um indígena Guarani-Kaiowá, Vicente Fernandes, 36 anos, foi assassinado com um tiro na nuca durante ataque à retomada Pyelito Kuê, em Iguatemi, Mato Grosso do Sul. No mesmo conflito, Lucas Fernando da Silva, funcionário de uma fazenda local, também foi morto. O incidente ocorreu na Fazenda Cachoeira, onde 40 indígenas estavam acampados. A região é marcada por disputas fundiárias antigas. O Ministério dos Povos Indígenas e a Funai atribuíram o ataque à atuação de pistoleiros. A Força Nacional reforçou o patrulhamento na área, e um suspeito dos disparos foi detido pela Polícia Militar e entregue à Polícia Federal.
A morte de Vicente é uma das duas confirmadas no conflito ocorrido neste domingo (16), em Iguatemi, cidade a 233 km de Campo Grande. Além dele, também foi morto Lucas Fernando da Silva, funcionário de uma fazenda da região. Há ainda feridos e hospitalizados, segundo autoridades.
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A Aty Guasu, principal organização política dos povos Guarani e Kaiowá, afirma que o ataque ocorreu durante a retomada na área da Fazenda Cachoeira, onde mais de 40 indígenas estavam acampados. Segundo os indígenas, dos 12 barracos erguidos, 10 foram incendiados logo após a invasão.
Um vídeo divulgado pela entidade mostra uma indígena tentando se abrigar enquanto tiros são ouvidos ao fundo. Desesperada, ela relata que o grupo “pede socorro desde as 4h da manhã”.
A região é marcada por disputas fundiárias antigas. Em junho, a Funai (Fundação Nacional dos Povos Indígenas) atualizou o Grupo de Trabalho que estuda a identificação e delimitação dos territórios Iguatemipeguá II e III, área que abrange quatro municípios do sul do Estado.
Vicente vivia na comunidade há pouco mais de um ano e trabalhava na roça para sustentar a esposa e os dois filhos.
Posicionamento - A Sejusp-MS (Secretaria Estadual de Justiça e Segurança Pública de Mato Grosso do Sul) confirmou os dois óbitos e informou que forças estaduais prestaram apoio às equipes federais. Também afirmou que o suspeito de ser o autor dos disparos, um indígena que também ficou ferido, foi detido pela Polícia Militar e entregue à Polícia Federal.
A pasta salienta que a PM (Polícia Militar) não fazia segurança ostensiva na área. Agora, a Sejusp dará apoio pericial, com a Polícia Científica acompanhando a PF (Polícia Federal) no local do ataque para a realização de exames periciais, incluindo o exame de corpo de delito necroscópico.
O secretário de segurança, Antônio Carlos Videira, reforçou que o Estado atuará em suporte às investigações federais.
O Ministério da Justiça e Segurança Pública também se manifestou, informando que a Força Nacional reforçou o patrulhamento na região.
Em nota conjunta, o MPI (Ministério dos Povos Indígenas) e a Funai atribuíram o ataque à atuação de pistoleiros na região. O governo federal acionou órgãos de segurança, enviou equipes do DEMED (Departamento de Mediação e Defesa) e afirmou acompanhar o caso de perto.
A nota destaca a criação, em 3 de novembro, do GTT (Grupo de Trabalho Técnico) formado pelo MPI, pelo MDA (Ministério do Desenvolvimento Agrário e Agricultura Familiar) e pelo MGI (Ministério da Gestão e da Inovação em Serviços Públicos), que discute medidas para mediar conflitos fundiários envolvendo povos indígenas no sul de Mato Grosso do Sul. Reuniões semanais estão em andamento.
Segundo o MPI, as retomadas Guarani-Kaiowá vêm se intensificando como forma de frear a pulverização de agrotóxicos que estaria causando adoecimento e insegurança hídrica e alimentar. O Ministério classificou o assassinato como parte de um cenário de perseguição persistente na região.
“É inaceitável que indígenas continuem perdendo suas vidas por defender seus territórios”, diz o texto, que encerra a nota com solidariedade à família e à comunidade. Até o momento, não há detalhes oficiais sobre as circunstâncias do ataque.
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