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Interior

Indígenas denunciam novo confronto com a polícia em área sob disputa

Vídeos divulgados pela comunidade mostram policiais escoltando trator e barracos queimados em Caarapó

Por Helio de Freitas, de Dourados | 17/10/2025 10:31


RESUMO

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Novo confronto entre policiais militares e indígenas ocorre na Fazenda Ipuitã, em Caarapó, Mato Grosso do Sul. A área é disputada pela comunidade da Terra Indígena Guyraroká, que reivindica sua demarcação. Vídeos mostram policiais do Batalhão de Choque protegendo um trator que derrubou e queimou barracos indígenas. A área da fazenda sobrepõe-se à Terra Indígena identificada em 2011, processo suspenso pelo ministro Gilmar Mendes. Os Guarani e Kaiowá ocupam apenas 50 hectares dos 11.401 hectares delimitados e denunciam exposição a agrotóxicos pulverizados pelas fazendas do entorno.

Novo embate entre policiais militares e indígenas ocorre nesta sexta-feira (17) nos limites da Fazenda Ipuitã, no município de Caarapó. Há um mês, a área é palco de confrontos entre a polícia e a comunidade da TI (Terra Indígena) Guyraroká, que reivindica a demarcação das terras.

No dia 25 de setembro, o governador Eduardo Riedel e o secretário-executivo do MPI (Ministério dos Povos Indígenas), Eloy Terena, se reuniram em Campo Grande para estabelecer medidas de pacificação em áreas de conflito, mas o problema segue sem solução.

Vídeos gravados pelos indígenas e divulgados hoje nas redes sociais do Cimi (Conselho Indigenista Missionário) e da Aty Guasu mostram policiais do Batalhão de Choque, com escudos, protegendo a passagem de um trator de esteira usado para derrubar os barracos montados na fazenda. As construções precárias foram queimadas (veja as imagens acima).

Outras gravações mostram viaturas espalhadas no entorno da área. A indígena que fez o vídeo relata ter sido atingida por tiros de balas de borracha na cabeça, no peito e na perna.

“A poucas semanas da COP30, este é o retrato do Brasil, anfitrião da conferência que receberá países e movimentos sociais de todo o mundo. Enquanto o presidente Lula busca consolidar a imagem de líder preocupado com as mudanças climáticas, os principais defensores do meio ambiente no país sofrem violências injustificáveis porque o Estado brasileiro não cumpre com as suas responsabilidades”, afirmou o Cimi, em nota.

A área da fazenda está sobreposta à TI identificada e delimitada em 2011. O ministro Gilmar Mendes, do STF (Supremo Tribunal Federal), suspendeu o procedimento administrativo naquele mesmo ano, mas a comunidade recorreu na própria Corte e o processo aguarda julgamento.

“Os Guarani e Kaiowá ocupam apenas 50 hectares da TI identificada e delimitada com 11.401 hectares. Confinados e sem espaço para a agricultura de subsistência, os indígenas ainda são submetidos a doses de agrotóxicos pulverizados pelas fazendas que os cercam, e sobrepostas ao território tradicional”, afirma o Cimi.

Já a Aty Guasu diz que os Guarani e Kaiowá alertam, há dias, que os arrendatários da fazenda mantêm a ideia de plantar soja na área ocupada, mas os indígenas não aceitam o cultivo. Conforme a organização, nesta quinta-feira (16), a estrada vicinal que atravessa a área retomada foi bloqueada para impedir a entrada do maquinário.

“Estamos aqui no bloqueio, cansamos de esperar. Estamos comunicando as autoridades há dias e, agora, com os maquinários chegando, decidimos não esperar mais. Vamos enfrentar as máquinas, a polícia. A vida do nosso povo está em jogo, não vamos mais tomar chuva de veneno sem fazer nada e esperando por MPF, governo, Funai”, disse uma das lideranças da comunidade.

Ainda de acordo com a Aty Guasu, a fazenda cultiva soja e milho e faz uso indiscriminado de agrotóxicos pulverizados por tratores e aviões. “O veneno atinge casas, moradores e a escola indígena da aldeia Guarani e Kaiowá localizada em área contígua. Cai como chuva.”

O Campo Grande News procurou o MPI, a regional da Funai (Fundação Nacional dos Povos Indígenas) em Dourados e a assessoria de comunicação da Polícia Militar, mas ninguém se manifestou até agora. O espaço segue aberto.

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