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Investimentos do Estado vão beneficiar a Bolívia na Hidrovia do Rio Paraguai

País vizinho projeta exportar 3,5 mi de toneladas de derivados de soja, ureia e minério via Tamengo

Por Silvio de Andrade, de Corumbá | 17/07/2025 19:04
Investimentos do Estado vão beneficiar a Bolívia na Hidrovia do Rio Paraguai
Sistema de captação de água da Sanesul está situada entre o Rio Paraguai e o Canal do Tamengo (Foto: Patrik Oening Rodrigues/WWF)

Uma das principais discussões paralelas à concessão e melhorias de navegabilidade da Hidrovia do Paraguai, no trecho entre Corumbá e Porto Murtinho (foz do Apa), é intervir no Canal do Tamengo para eliminar gargalos que hoje limitam as exportações de grãos e minério da Bolívia pela via fluvial. O canal de 12 km se inicia no país vizinho, ao lado de Corumbá, e deságua no Rio Paraguai, no ponto de captação de água da Sanesul (Empresa de Saneamento de MS).

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Melhorias na Hidrovia Paraguai prometem impulsionar exportações bolivianas. A Bolívia busca soluções para reduzir custos de transporte e ampliar suas exportações pela Hidrovia do Paraguai. Gargalos no Canal do Tamengo, como a estrutura de captação de água da Sanesul em Corumbá, limitam o tamanho dos comboios e elevam os custos de frete. A construção de proteções na estrutura da Sanesul permitirá a passagem de comboios maiores, reduzindo a necessidade de desmembramento de barcaças. A Bolívia projeta exportar 3,5 milhões de toneladas de produtos em 2027, e as melhorias na navegabilidade podem reduzir os custos de frete em até 20%. O projeto da Sanesul, previsto desde 2019, é considerado uma intervenção mais rápida do que as medidas de dragagem e derrocamento previstas após a concessão da hidrovia.

A solução para aumentar as exportações e reduzir custos de transporte da Bolívia, pelo único caminho por água de acesso do país ao Atlântico, pode estar mais próxima do que se imagina. A Sanesul vai construir blocos de concreto (dolfins) de proteção na estrutura de tomada de água, que se tornou cartão postal de Corumbá. O investimento vai permitir a passagem de comboios maiores no vão central, reduzindo o desmembramento de barcaças.

Durante a VI Reunião da Comissão Mista Brasil-Bolívia sobre o Sistema Tamengo, realizada nesta quinta-feira (17) em Corumbá, com a coordenação do Ministério de Relações Exteriores do Brasil, as soluções demandadas pela Bolívia avançaram, criando um novo cenário de comércio exterior e competitividade para os exportadores do país. Foi ventilado pelo governo brasileiro, inclusive, a inclusão do Tamengo na proposta da concessão da hidrovia.

Investimentos do Estado vão beneficiar a Bolívia na Hidrovia do Rio Paraguai
Reunião em Corumbá discutiu demandas do país vizinho para melhorar navegabilidade (Foto: Clóvis Neto)

Menor custo - Com três portos operando na fronteira, a Bolívia acessa a hidrovia pelo canal natural aberto a partir da Lagoa Cáceres (Puerto Suarez), o qual é estreito e necessita de aprofundamento do leito navegável por dragagem e derrocamento (retirada de rochas). O Farol Balduíno, em frente ao porto de Corumbá, também é obstáculo ao limitar o canal do rio, mas sua retirada foi descartada. Discute-se criar uma área de desmembramento dos comboios.

A estrutura da Sanesul é o maior gargalo. Discutiu-se o deslocamento do leito do canal à sua esquerda, contornando-a para chegar ao Rio Paraguai. Hoje, cruzando o vão central da mesma, é permitida a passagem de comboio com quatro barcaças apenas. Com a construção dos dolfins, será liberado o tráfego de um conjunto de até seis barcaças. Outra opção em análise é a saída para o rio pelo Canal Tuiuiú, que abastece a Lagoa Cáceres, a 20 km de Corumbá.

Segundo Bismark Rosales, gerente do Porto Jennefer, em Puerto Aguirre, a Bolívia projeta exportar 3,5 milhões de toneladas de derivados de soja, ureia e minério de ferro em 2027 pelo Tamengo, caso sejam superados os entraves. “Os custos de frete são elevados por causa do desmembramento dos comboios, em torno de 45 dólares por tonelada. Com a melhoria da navegabilidade, esse custo cairá até 20%, além de maior competitividade no mercado”, disse.

Licenciamento – Previsto desde 2019, o projeto da Sanesul para proteção da estrutura de captação de água, construída na década de 1960, não foi detalhado na reunião em Corumbá. Mas animou as autoridades e empresariais bolivianos, considerando que será uma intervenção mais rápida do que as medidas (dragagem e derrocamento) previstas pós concessão da hidrovia. Estas, ainda dependerão de licenciamento ambiental e devem demorar pelo menos dois anos.

A reunião bilateral sobre o Tamengo foi coordenada por Luana Melo, do Ministério das Relações Exteriores, com a participação de representantes do Dnit (Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes), Antaq (Agência Nacional de Transportes Aquaviários), Ibama, Governo do Estado, prefeitura de Corumbá e delegação da Bolívia, liderada pela embaixadora Marissa Castro, diretora do Departamento de Limites e Águas Internacionais.

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