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Interior

Projeto já aprovado obriga escola em área de despejo, diz prefeitura

Quatro casas foram demolidas nesta quinta-feira em Dourados

Helio de Freitas, de Dourados | 10/08/2017 14:21
Máquinas derrubaram casas em terreno público, hoje em Dourados (Foto: Adilson Domingos)
Máquinas derrubaram casas em terreno público, hoje em Dourados (Foto: Adilson Domingos)

O terreno público de onde 13 pessoas foram despejadas hoje (10) em Dourados, a 233 km de Campo Grande, vai ser usado para a construção de um Ceim (Centro Integrado de Educação Infantil). De acordo com a prefeitura, o projeto da obra já foi aprovado no Ministério das Cidades, o que impede a construção em outra área.

“A área foi destinada à construção de um Ceim para atender a comunidade. A construção não pode ser em outro terreno porque a aprovação do projeto já aconteceu. Se mudar o local, perde o recurso”, afirma a prefeitura, em nota encaminhada pela assessoria de imprensa.

Ainda de acordo com a assessoria, o projeto para construção da escola infantil nessa área, ao lado do Parque Ambiental Rego D’Água, na Vila Erondina, foi cadastrado pela administração anterior e o dinheiro liberado neste ano.

O oficial de Justiça chegou por volta de 9h ao local para informar sobre o despejo. Mesmo em protesto, os moradores desocuparam as casas e retiraram as telhas e portões. As redes de energia e água foram cortadas. Por volta de 13h30 as máquinas começaram a demolir as casas e a limpar o terreno.

Contrariando informações dos moradores, de que o despejo foi feito sem uma solução sobre o destino deles, a prefeitura diz que as famílias recusaram as medidas paliativas oferecidas.

“A notificação para desocupação é datada de 2015. Desde então, vem sendo negociada a saída das famílias. Foram várias propostas, como apartamento e casa, mas não aceitaram nenhuma”, diz a assessoria.

Os moradores afirmaram que entre as casas oferecidas estava uma na Vila Cachoeirinha, que já teria dono, por isso foi recusada. “O dono está preso, quando descobrimos recusamos”, afirmou um morador. A prefeitura não se manifestou sobre isso.

O pedido de reintegração da área foi feito no dia 4 de julho deste ano. No dia 13, o juiz da 6ª Vara Cível, José Domingues Filho, determinou o despejo.

Terrenos doados – O borracheiro Adão Pereira da Silva disse ao Campo Grande News que negociou o terreno há 16 anos e que a área tinha sido doada ao antigo morador na administração do ex-prefeito Braz Melo (PSC), atualmente vereador em Dourados.

“Essas casas já estão aqui há quase 30 anos. O ex-morador tinha ganhado do Braz Melo. Agora, quando fomos informados do despejo, procuramos o Braz, mas ele disse que não pode fazer nada”, afirmou o morador.

Revolta – No local do despejo, acompanhado por equipes da Polícia Militar e da Guarda Municipal, moradores ficaram revoltados com a prefeitura e fizeram críticas à prefeita Délia Razuk (PR).

“Na campanha, a prefeita veio aqui no nosso portão, falamos para ela da nossa situação e ela disse que era do povo assim como nós. Agora estamos sendo despejados pela polícia e pelo oficial de Justiça, sem ter para onde ir. Vamos acampar na frente da casa dela, ou na prefeitura”, afirmou Jéssica Barbosa da Silva, 26, que morava em uma das casas com os pais e dois filhos pequenos.

Os móveis, roupas e utensílios domésticos retirados das casas antes da demolição continuam na rua. Uma moradora promete acampar em frente à prefeitura, outra vai para a casa de parentes em outro bairro da cidade e uma terceira ainda não sabe onde vai morar de hoje em diante.

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