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Interior

Quadrilha mandava cocaína para Espanha e Itália pelo porto de Santos

Delegado que combate o crime organizado em MS disse que hoje é “dia de festa” para a polícia, pois foram presos “barões do tráfico”

Helio de Freitas, de Dourados | 02/02/2016 12:08
Delegados da Polícia Federal durante coletiva em Dourados (Foto: Eliel Oliveira)
Delegados da Polícia Federal durante coletiva em Dourados (Foto: Eliel Oliveira)
Operação Materello tem como alvos os “barões do tráfico” (Foto: Eliel Oliveira)
Operação Materello tem como alvos os “barões do tráfico” (Foto: Eliel Oliveira)

A quadrilha desarticulada nesta terça-feira (2) pela Operação Matterello, da Polícia Federal, era um importante grupo de narcotráfico internacional, que mandava drogas inclusive para a Europa. Através do porto de Santos, o maior do Brasil, a organização criminosa embarcava, em containers de navios, cargas de até 300 kg de cocaína, que tinham como destino Itália e Espanha, onde o quilo da droga chega a custar 70 mil reais.

As informações foram divulgadas na manhã desta terça em Dourados, a 233 km de Campo Grande, pelos delegados Cléo Mazzotti, chefe da Delegacia Regional de Combate ao Crime Organizado em Mato Grosso, Paloma Brígido, que veio de Brasília para ajudar a coordenar a operação, e Denis Colares, chefe em exercício da PF na cidade.

Conforme o delegado Cleo Mazzotti, as investigações começaram há pelo menos cinco anos. Até 2014, foram apreendidas quatro toneladas de maconha e 2.700 quilos de cocaína pertencentes a esses “barões do tráfico” – como definiu o delegado – que moram em Mato Grosso do Sul, na fronteira com o Paraguai.

Dia de festa – Em 2014 as investigações tiveram entraram na fase de produção de provas e foram retomadas no ano passado e agora chegamos ao ápice, porque hoje é um dia de festa para nós da Polícia Federal na luta contra o narcotráfico. Não se tratam de meras ‘mulas’ e simples peões do tráfico. As pessoas presas hoje e as outras que ainda estão foragidas são os patrões, os donos do negócio, os barões”, afirmou Mazzotti.

Sem nomes – Por regra interna da corporação e alegando cumprir direitos individuais dos acusados, os delegados da PF não divulgaram os nomes das pessoas envolvidas na Operação Matterello – nome do rolo de macarrão na Itália, referência usada porque era um dos países para os quais a quadrilha enviava drogas.

Dos 31 mandados de prisão preventiva expedidos pela Justiça Federal em Mato Grosso do Sul, 20 foram cumpridos e 11 acusados não foram localizados. “Quando chegamos aos locais onde estavam eles não foram encontrados e agora passam a ser considerados fugitivos”.

Pelo menos 10 dos 20 que foram presos nesta terça são de Mato Grosso do Sul. Um vereador foi preso em Aral Moreira, um empresário foi preso em Dourados e em Ponta Porã foram presos cinco pessoas, um empresário, dois filhos e o irmão dele.

Segundo a delegada Paloma Brígido, que antes de ser transferida para Brasília trabalhou na delegacia da PF em Ponta Porã, o empresário é “forte economicamente” e muito conhecido na cidade.

Os locais das outras prisões feitas em MS não foram revelados. Apesar de mandados de busca e apreensão terem sido cumpridos, nenhuma pessoa foi presa em Campo Grande. Prisões também ocorreram em Foz do Iguaçu (PR) e em Santos, onde a quadrilha mantinha membros e empresas de fachada para mandar a droga para a Europa.

A quadrilha atuava ainda em outras cidades do Paraná, de Mato Grosso, do interior de São Paulo e Recife, capital do Pernambuco. “Inicialmente detectamos que a quadrilha mandava drogas para outros estados e depois foi descoberto que o grupo também fazia remessa para o exterior pelo porto de Santos e fornecia droga para vários outros grupos criminosos. A operação de hoje foi de enorme sucesso”, afirmou Mazzotti.

Segundo o delegado, a Matterello “fecha” outras operações realizadas no interior do país, porque pela primeira vez a PF pegou um núcleo fornecedor de drogas considerado “muito forte”, que tinha base em Ponta Porã e Aral Moreira e ramificações em Dourados e Campo Grande.

Prejuízo financeiro – Segundo o delegado, além dos cavalos de raça, extremamente valiosos, usados para lavagem de dinheiro, a quadrilha mantinha empresas de fachada, corretores de imóveis e outros profissionais autônomos que prestavam serviço para o esquema e ligações com casas de câmbio do Paraguai.

“Agora vamos fazer todo o levantamento patrimonial, porque o objetivo central da operação é quebrar financeiramente as quadrilhas e sempre tem uma fachada que ajuda a legalizar o dinheiro”, disse o policial.

A PF ainda não informou o total de apreensões feitas durante as buscas de hoje, mas sete veículos estão no pátio da delegacia em Dourados e segundo a delegada Paloma Brígido chegou a ser apreendido um carro avaliado em R$ 400 mil. O local não foi revelado.

Veículos apreendidos em cidades de MS durante Operação Materello (Foto: Eliel Oliveira)
Veículos apreendidos em cidades de MS durante Operação Materello (Foto: Eliel Oliveira)
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