Viúva de jornalista foi a primeira a ver homem armado e alertar: "Amor!"
Cinthia disse que viu homem encapuzado e armado invadir a casa; jornalista Leo Veras foi executado com 12 tiros, ontem à noite
“Amor!”. O chamado carinhoso para o marido, o jornalista Leo Veras, 52 anos, saiu em tom de alerta e foi a única reação de Cinthia González ao ver um homem armado e encapuzado invadir a casa da família, em Pedro Juan Caballero, ontem à noite. Instantes depois, Veras foi executado com 12 tiros de arma calibre 9 milímetros.
Cinthia concedeu entrevista durante o velório, em funerária de Pedro Juan Caballero. O corpo de Veras será sepultado em Ponta Porã, no cemitério Cerro Corá, às 17h (horário de MS).
Cinthia disse que o marido estava terminado de jantar. Ela não viu quando o Jeep Cherokee branco chegou e parou em frente, mas foi a primeira a ver o homem descer da carroceria, armado. Após o chamado da esposa, Leo Veras se levantou, correu, mas foi atingido nas costas e na cabeça, caindo no corredor.
Confusa pelo tiroteiro, Cinthia inicialmente achou que os homens haviam sequestrado o marido, mas foi o filho mais velho que encontrou o corpo do pai. “Aqui está ele”, disse para a mãe.
Há cerca de um mês, Cinthia lembra que Leo Veras estava mais quieto e parecia pensativo e preocupado, mas não chegou a contar a ela o que se passava. “Comigo ele não comentava muita coisa, sempre foi muito reservado”.
Na entrevista, Cinthia contou que Veras era procurado por jornalistas de vários países como fonte de informação sobre o que se passava na fronteira, principalmente, a ação do narcotráfico. A única coisa que pedia a ele, mas, nem sempre era atendida, é que ele não concedesse entrevista para televisão, mostrando o rosto.
“Como vou continuar?” questionou. A viúva disse que sente muito medo e não sabe como ficará na casa depois de tudo o que aconteceu. "Ele disse que ia fazer história na fronteira e ele fez".
Leo Veras foi executado ontem à noite, em casa, em Pedro Juan Caballero. Com experiência de mais de 15 anos com site, era proprietário do Porã News e relatava as notícias da fronteira, costumeiramente ligada à violência, guerra do narcotráfico e mais, recentemente, a fuga de presos brasileiros e paraguaios de Pedro Juan Caballero.