O silêncio dos catadores de lixo no desfile de 7 de setembro
O silêncio dos catadores de lixo no desfile de 7 de setembro.
Ao lado do tradicional "Grito dos excluídos", que denunciou mais um assassinato de um líder indígena, havia um pequeno batalhão do "Silêncio dos catadores de lixo". Uma pequena tropa excluída até mesmo dos excluídos. Transparentes, como se não existissem para as autoridades, público e revoltados. Eles e elas disputavam as latinhas de refrigerantes amassadas. A cabeça baixa é a marca registrada de todos. São negros ou pardos para colorir o alegre desfile com sua tristeza. É a outra marca do país que se arvora "sem preconceito".
As Marias e os Pedros relembram, de latas erguidas nas mãos, tal como se fossem as espadas dos nobres que declararam nossa independência, do pobre e dependente Portugal. Essa é mais uma data de convulsões em nosso país. O 7 de setembro, para além do dia que todos curtem um feriado a mais, é a data que marca o retorno do amassado em nossa capital. Uma diatribe que arrancou o prefeito que quis o lixo para os seus apaniguados, e perdeu o comando para outros aliados do responsável pelo lixo, que, também colocaram a cidade no lixão, mas saíram amassados. Uma briga próspera pelos dejetos de todos nós. Retorna. Novamente discutindo o papel do lixo. As latas amassadas do lixo vão para os catadores. É a vida "independente" dos transparentes e silenciosos catadores.
Aqueles que sobrevivem do lixo.
Estudo inédito do IPEA mostra que são 400 mil pessoas que sobrevivem catando os resíduos no Brasil. Eles têm baixa ou nenhuma escolaridade. A maioria é formada por homens, negro e jovens. Mas há um fato surpreendente - eles pensam em aposentadoria, 58% contribuem com a Previdência. Outra: metade usufrui de esgoto em suas residências (com certeza, esse percentual é bem maior em Campo Grande).
São dois grandes problemas distintos, porém tão interligados quanto irmãos siameses. O primeiro são os lixões a céu aberto existentes em quase todos os municípios brasileiros. Trata-se de mais uma das muitas mazelas de ordem ambiental. O outro problema é de cunho social. A legião de brasileiros que sobrevivem nesses lixões, uma das mais insalubres e indignas atividades humanas. Há lei, desde 2010, para resolver o problema dos lixões. Como toda boa lei nacional, caiu no esquecimento das autoridades e da população. Gato comeu.
A verdadeira encruzilhada está em como promover a inclusão social dos catadores de lixo. Suas famílias sobrevivem com uma renda média de R$571 mensais. A maior das surpresas é responder à mágica para sobreviver com R$ 70 por pessoa mensalmente. Sem roubar. Sem vender droga. Sem ultrapassar os limites da lei que os poderosos não cumprem ao manterem os lixões. O 7 de setembro descortinou a realidade de um país desigual. Autoridades bem postadas, revoltados de toda ordem e desordem tomando conta do cenário...e os catadores. Bem, os catadores não serão percebidos no próximo 7 de setembro, mas lá estarão com suas latinhas, levantando seus braços e gritando para dentro de seus esquálidos corpos: "olhai por nos bem aventurados poderosos".
O uso de tecnologia da informação é exagerado no Brasil e uma lenda urbana se dissolve vagarosamente.
A geração Y parece estar radicalizando o estresse com a TI no Brasil. Isso porque, embora os nascidos depois de 1980 sejam mais preocupados com qualidade de vida, eles são mais viciados na vida digital. A lenda de que os profissionais mais velhos ficam mais estressados com tecnologia está errada: as pesquisas estão mostrando, ainda que vagarosamente, que os mais jovens e apaixonados por TI são mais afetados por estresse.
Os dados brasileiros da pesquisa mundial "Consumerização de TI", realizada pela Wakelfield Research, mostram que o uso de tecnologias de computação pessoal no trabalho é maior no Brasil do que em muitos países. Os brasileiros atingiram a marca de 97% no uso de computação pessoal no trabalho, os norte-americanos atingiram 89% nesse uso, para ficar apenas em uma comparação.
No Brasil há um "combinado" implícito que é perverso: as empresas deixam que as pessoas usem redes sociais e sejam menos produtivas, porque elas compensam isso estendendo o horário de trabalho para entregar sua tarefa.
Estresse tecnológico. O lado negativo da tecnologia da informação.
Por causa do uso excessivo, as tecnologias digitais estressam 65% das pessoas no ambiente de trabalho, segundo uma pesquisa, levando a um incrível paradoxo: quanto maior o uso da tecnologia da informação, menor eficiência na empresa.
Os estudos que tratam do uso excessivo de TI aparecem a cada instante. Um deles, realizado em unidades de tratamento intensivo - UTI - de dois hospitais, mostrou que os médicos fazem verdadeiros malabarismos entre monitores diversos para conseguir acessa todos os dados de um paciente e que a maioria deles se ressente disso.
O que esses médicos sofrem pode ser chamado de "estresse tecnológico". Trata-se de um fenômeno generalizado, que vem apresentando a conta para profissionais de todos os tipos e para todas as formas de organizações.
À primeira vista, a tecnologia aumenta a eficiência desses profissionais e até lhes permite desfrutar atividades de lazer em pleno ambiente de trabalho, como o uso do Facebook. No entanto, a TI parece viciar esses mesmos profissionais. Um estudo com usuários de e-mail de empresas apontou que 46% apresentam sintomas compatíveis com dependência, em graus médio e elevado. As pessoas acabam levando trabalho para casa e respondendo a e-mails em períodos que seriam destinados ao descanso, durante a semana à noite (em média 23 minutos por dia), no trânsito (12 minutos), no fim de semana (42 minutos) e nas férias (43 minutos).
Aumento de 10% no número de quiosques nos shoppings.
Existem 520 shoppings centers em funcionamento no Brasil; 128 foram inaugurados nos últimos cinco anos. Esse boom impulsionou um nicho específico de negócios: os quiosques. No final do ano passado, havia 4.350 pontos de venda, nesse formato, instalados nos corredores dos shoppings, número 10% maior que de 2013. Esse modelo de negócio tem baixa complexidade de operação e de montagem. De um dia para o outro, a operação está pronta para funcionar. Um quiosque também demanda capital inicial menor que o de uma loja, já que sua instalação implica menores gastos com aluguel, luvas e estoque. Esse fator, somado à mobilidade que o quiosque permite - podendo ser transferido para outro endereço - faz dele um investimento de menor risco.