“Serra a velha”, a desrespeitosa celebração portuguesa
Pelancas, dobras, rugas, mau cheiro, calvície. A figura da mulher idosa em Portugal era automaticamente feia. A feiura atribuída às velhas era uma mancha no universo belo. Belo porque era criado por Deus. Ele mesmo, depois de criar o Universo, achou “tudo bom”. Até a feiura. A mulher idosa era tão feia que deveria sempre usar o véu para cobrir o rosto desfigurado pelo tempo. Esse pensamento chegou ao Brasil. E veio com práticas abomináveis..
“Serra a velha”.
Tanto em Portugal quanto no Brasil, às vésperas da Quaresma, bandos de jovens “serravam a velha”. Para a “brincadeira”, escolhiam uma idosa, mas ainda “coquete”, como contam os textos. Uma mulher elegante. Criavam uma imensa boneca com o rosto dessa senhora e a recheavam de palha. Passeavam com a boneca pelas ruas, aos gritos de “serra a valha, serra a velha”.
Sempre na frente da residência de um velho.
A boneca acabava em pedaços, sob o barulho de instrumentos, musica e gritos dos foliões. Era costume fazer a festa na frente da residência de um idoso. O costume vigorou até o final do século XIX, quando passou a ser punido com multas para quem participasse do festejo.
Os artigos publicados com assinatura não traduzem necessariamente a opinião do portal. A publicação tem como propósito estimular o debate e provocar a reflexão sobre os problemas brasileiros.
