Invasões se concentram em bairros vulneráveis e com alta taxa de vazios urbanos
Isso significa que tais espaços estão onde o alcance de políticas públicas já é precário a quem habita neles

As recentes invasões de terrenos públicos de Campo Grande - três entre os dias 19 e 22 de junho - ocorrem em bairros considerados mais vulneráveis e onde os chamados vazios urbanos predominam. Monte Alegre, Tijuca e Sumatra ficam na região sudoeste e sul da Capital, onde se concentram as localidades com alta vulnerabilidade social, conforme Mapa da Vulnerabilidade, cujos dados mais recentes são de março do ano passado.
RESUMO
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As recentes invasões de terrenos em Campo Grande ocorrem em bairros com alta vulnerabilidade social e grande concentração de vazios urbanos. Monte Alegre, Tijuca e Sumatra, localizados nas regiões sudoeste e sul da capital, são áreas onde o alcance das políticas públicas é precário, segundo o Mapa da Vulnerabilidade. Dados revelam que 13,6% dos imóveis da cidade estão vazios, representando 53.546 unidades. Os terrenos baldios ocupam 30,48% do território campo-grandense, sendo 25,74% de área privada e 4,74% pública. Nas regiões afetadas pelas invasões, alguns loteamentos implantados há mais de 20 anos ainda não atingiram 50% de ocupação.
Isso significa que tais espaços estão situados onde o alcance das políticas públicas já é precário a quem habita neles. Os indicadores do mapa levam em conta renda, habitação, participação em programas sociais e oferta e/ou utilização de serviços públicos. O estudo foi elaborado por pesquisadores da UFMS (Universidade Federal de Mato Grosso do Sul) em parceria com Planurb (Agência Municipal de Meio Ambiente e Planejamento Urbano de Campo Grande) e Fapec (Fundação de Apoio à Pesquisa, ao Ensino e à Cultura).
O Jardim Monte Alegre fica entre os bairros Pioneiros e Centenário, sul da Capital, assim como o Jardim Sumatra, que fica dentro do bairro Los Angeles. O Jardim Tijuca fica no sudoeste de Campo Grande, ao lado de outros bairros com alta taxa de vulnerabilidade segundo o levantamento, como São Conrado e Caiobá. Veja tabela nesta página com os dez bairros com pior índice.
Segundo o estudo, feito pelos pesquisadores Leandro Sauer, Estevan Campelo e Maria Auxiliadora Leal Capillé, o nível de vulnerabilidade se baseia na necessidade de habitação e assistência social; na oferta de serviços públicos; e por fim, na real cobertura deles, garantindo acesso da população à saúde e educação, por exemplo. Os valores vão de zero a um, indicando os bairros do menos ao mais vulnerável.
Um dado interessante do levantamento é referente justamente à habitação: de 392.888 domicílios em Campo Grande, 82,9% (325.750 unidades) são ocupados e habitados; 3,3% (12.906) são domicílios de uso ocasional e 13,6%, o que corresponde a 53.546 unidades, são de imóveis construídos, mas não ocupados.
Segundo o estudo, apesar de grande parte dos imóveis estarem ocupados, há crescimento na quantidade das unidades vazias.
“Ao analisar as tendências dos domicílios particulares permanentes, observa-se que Campo Grande é uma cidade em crescimento, com um aumento de, aproximadamente, 30% nos domicílios ocupados. No entanto, os domicílios vagos experimentaram um crescimento de 103,5%, passando de 9,3% para 13,6% entre os censos, enquanto os domicílios ocasionais registram um aumento de mais de 112% no 30 mesmo período”, cita o estudo.
Vazios urbanos - Problema crônico da Capital, os terrenos vazios e baldios representavam, em 2016 (dado mais recente), 30,48% do território campo-grandense, sendo 25,74% deles de área privada e 4,74% de área pública. Dos três locais invadidos na última semana, um era em área particular e dois em terreno da prefeitura.
Localizados nas regiões do Anhanduizinho (sul, onde estão Monte Alegre e Sumatra) e Lagoa (sudoeste, onde está o Tijuca), os bairros onde ocorreram as invasões e posteriores desocupações possuem alta taxa de áreas vazias, com 21,09% de terrenos privados baldios e 9,21% dos públicos na mesma condição. Já na área do Lagoa, os índices são de 19,30% e 3,42%, respectivamente.
Segundo o levantamento, na época, “se formos ainda analisar os vazios urbanos privados pelos lotes e glebas, podemos verificar que ainda existem 194,21 hectares e mais 1.069,50 hectares de glebas, números bastante significativos para uma porção da cidade com tantos serviços e infraestrutura urbana disponível e uma rede de equipamentos sócio- comunitários de grande porte”, ao citar o Anhanduizinho.
Sobre a região do Lagoa, o levantamento sobre vazios urbanos, elaborado pelo Observatório de Arquitetura e Urbanismo da UFMS, afirmava que “região concentra grandes loteamentos implantados nas décadas de 1960 e 1970, com destaque para o Santa Emília, São Conrado, Tijuca e Portal Caiobá, que juntos somam mais de 10.000 lotes sendo que, decorridos mais de 20 anos, esses loteamentos ainda não atingiram 50% de
ocupação”.
O mesmo estudo ressalta ainda que “sua área de mais de cinco mil hectares tem 114 mil habitantes, mas é muito vazia, com apenas 23 hab/ha. Essa região poderia ter se consolidado como uma região de urbanização prioritária dada a sua localização ambiental”, referindo-se ao Parque Linear do Lagoa.
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