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Economia

Adiamento de tarifaço não diminui preocupação sobre efeitos econômico

Titular da Semadesc, Jaime Verruck diz que é preciso avaliar os impactos a longo prazo na cadeia produtiva

Por Silvia Frias e Fernanda Palheta | 10/04/2025 11:11
Adiamento de tarifaço não diminui preocupação sobre efeitos econômico
Titular da Semadesc, Jaime Verruck, durante palestra no Fórum Agro, na Expogrande (Foto: Henrique Kawaminami)

Mesmo com o adiamento por 90 dias das tarifas anunciadas pelo presidente dos EUA, Donald Trump, o futuro das exportações brasileiras para aquele País segue envolto em incertezas. A principal preocupação é entender como esse cenário vai se consolidar nas próximas semanas e quais os impactos duradouros sobre a renda das cadeias produtivas, especialmente em estados com forte vocação exportadora, como o Mato Grosso do Sul.

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Mesmo com o adiamento das tarifas dos EUA, o futuro das exportações brasileiras é incerto. O impacto das tarifas, caso reaplicadas, afetará a cadeia produtiva, especialmente em estados exportadores como Mato Grosso do Sul. MS exporta US$ 700 milhões aos EUA, principalmente celulose e carnes. A taxa de 10% significaria US$ 70 milhões em tributos. A senadora Tereza Cristina destacou a importância de uma lei de defesa dos produtos brasileiros. O momento exige vigilância e estratégia nacional no comércio global.

O assunto foi tratado hoje, durante o Fórum Agro, realizado durante a 85ª Expogrande, no Parque de Exposições Laucídio Coelho, em Campo Grande.

O alerta é do titular da Semadesc (Secretaria Estadual de Meio Ambiente, Desenvolvimento, Ciência, Tecnologia e Inovação do Estado), Jaime Verruck, explicando que o impacto das tarifas, caso seja reaplicada, recairá sobre o custo da cadeia produtiva.

Atualmente, MS exporta US$ 700 milhões aos Estados Unidos, principalmente celulose e carnes. Considerando a taxa de 10% que havia sido imposta, significa conta de US$ 70 milhões em tributação. “Você tira 700 milhões da cadeia como um todo, por isso impacta, é uma elevação de custo”, disse Verruck.

Para ele, o problema não se resume a uma simples mudança de mercado. “A China já compra e compra muito”, diz, acrescentando que não é tarefa simples redirecionar a exportação, levando em conta, ainda a estabilização econômica e o crescimento lento, mais próximo de recessão.

O impacto é especialmente crítico em um cenário de baixo crescimento interno. “Se o Brasil tivesse um crescimento de 6%, tranquilo, mas crescemos menos de 2%. A renda interna não tem capacidade de absorver esse volume”, avaliou. “Pode parecer bom do ponto de vista inflacionário, como disse o presidente Lula, mas para a cadeia produtiva é destrutivo, porque é momentâneo”, complementou Verruck.

Adiamento de tarifaço não diminui preocupação sobre efeitos econômico
Senadora Tereza Cristina também participa do evento e falou sobre impactos econômicos (Foto: Henrique Kawaminami)

Lei para o Brasil - A senadora Tereza Cristina, relatora de uma lei criada em 2023 com foco na defesa dos produtos brasileiros frente a restrições externas, também se manifestou com preocupação sobre o cenário. Ela explicou que o texto legal surgiu como reação à legislação na União Europeia, mas ganhou amplitude ao tratar também de tarifas e comércio internacional.

“Essa lei não tem nada a ver com Trump. Tem a ver com o Brasil. Com a defesa da nossa segurança, dos nossos produtos, de diversos setores — não só da agropecuária, mas também aço, alumínio, minério, tecnologia que nós temos”, disse a senadora.

Segundo Tereza Cristina, a legislação foi pensada como uma ferramenta de proteção nacional, e não como uma medida de retaliação imediata. “Ela é quase uma lei de segurança nacional (...) ela foi feita com muita maturidade, com muito equilíbrio, para que a gente possa sentar àmesa em igualdade de condições com os outros países”.

Ela ressaltou que o momento é de transição e de vigilância constante: “Tem gente que acha que é bom, tem gente que acha que é ruim. Mas precisamos estar muito alertas ao que está acontecendo. É um mundo complicado, com mudanças rápidas, e o Brasil precisa estar pronto para defender seus interesses.”

Tanto Verruck quanto Tereza Cristina reforçam que a discussão sobre tarifas e barreiras comerciais vai além da política do momento e trata-se de estratégia nacional de posicionamento no comércio global. “A renda de estados como o nosso vem majoritariamente da exportação. Precisamos acompanhar de perto como isso vai caminhar e como irá se consolidar”, concluiu Verruck.

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