Ameaça fiscal nos EUA impõe um futuro incerto a citricultura de MS
Investimentos bilionários no Estado podem ser impactados pela sobretaxa dos EUA
Enquanto o Mato Grosso do Sul desponta como uma fronteira promissora na citricultura, impulsionado por bilhões em investimentos e incentivos fiscais para expandir a produção de laranja, o setor no Estado enfrenta uma ameaça inesperada. É que a possível sobretaxa de 50% dos Estados Unidos sobre o suco de laranja brasileiro, anunciada pelo governo Trump, pode comprometer a competitividade do Brasil e, consequentemente, o desenvolvimento do polo sul-mato-grossense, que está em sua fase inicial.
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A citricultura em Mato Grosso do Sul enfrenta um momento de incerteza devido à possível sobretaxa de 50% anunciada pelos Estados Unidos sobre o suco de laranja brasileiro. O Estado, que vem se destacando como nova fronteira do setor com investimentos bilionários e incentivos fiscais, pode ter seu desenvolvimento comprometido. Grandes grupos como Cutrale, Agro Terena e Grupo Junqueira Rodas têm projetos expressivos na região, com expectativas de alta produção e geração de empregos. A medida americana, se efetivada, elevaria a tributação total para 72% do valor do produto, inviabilizando as exportações para os EUA, que representam 42% do volume total comercializado pelo Brasil.
O setor tem sido impulsionado por políticas governamentais como decreto 16.527, de dezembro de 2024, que reduziu a carga tributária (ICMS) sobre as operações interestaduais com laranjas para industrialização, concedendo um crédito presumido de 80% até o final de 2032. Além disso, o Estado dispõe de clima favorável para o plantio da fruta e tem uma legislação rigorosa no combate ao greening, doença que afeta os citros.
Entusiasmados com o cenário, grandes grupos do setor têm investido no plantio de laranja no Estado. Essas empresas estão investindo bilhões, com expectativas de alta produção, alem da geração de empregos e renda para a região.
A Cutrale, por exemplo, uma gigante do setor, está com um projeto em Sidrolândia, a 70 km de Campo Grande, que prevê o plantio de quase 5 mil hectares de laranja, com expectativa de atingir 4,8 mil hectares plantados até abril de 2026. A estimativa é de uma produção de 8 milhões de caixas de laranja por ano quando o pomar atingir 8 anos, com investimento que pode chegar a R$ 1 bilhão. Perguntada sobre como vê o cenário futuro mediante a taxação norte-americana, a Cutrale informou, por meio de sua assessoria de imprensa, que não faz comentário sobre a produção.
Outras empresas que também estão investindo no Estado são: a Agro Terena, que tem plano de plantio de 1,2 mil hectares em Bataguassu, e o Grupo Junqueira Rodas, que iniciou projeto de 1.500 hectares em Paranaíba. O Grupo Moreira Sales anunciou investimento de R$ 1,2 bilhão em Ribas do Rio Pardo, visando colher 8 milhões de caixas de laranja e gerar 1,2 mil empregos diretos e 2,4 mil indiretos.
A euforia com o possível crescimento da citricultura no Estado contrasta agora com a apreensão que toma conta de todo o setor de suco de laranja brasileiro. A assessoria de imprensa da Semadesc (Secretaria de Meio Ambiente, Desenvolvimento, Ciência, Tecnologia e Inovação) informou que o secretário Jaime Verruck não vai comentar a questão por se tratar de caso da esfera federal.
Cenário de exportação
As incertezas estão relacionadas com a ameaça dos Estados Unidos de impor uma sobretaxa de 50% no produto. O país é o segundo maior destino das exportações de laranja brasileira. Segundo publicação da Folha de São Paulo, essa tarifa, se efetivada, representaria um aumento de 533% nos tributos já existentes, elevando o peso tributário para 72% do valor total do produto,
Conforme a Folha, a Associação Nacional dos Exportadores de Sucos Cítricos (CitrusBR) afirmou que essa sobretaxa, somada aos US$ 415 por tonelada já cobrados, resultaria em um custo tributário de aproximadamente US$ 2.600 por tonelada, mas o setor não tem margem para absorver esse impacto. A consequência imediata seria a inviabilidade das exportações para os EUA, o que representa 42% do volume total. O fato poderia levar à interrupção das colheitas, desorganização das fábricas e paralisação do comércio na cadeira produtiva que gera cerca de 200 mil empregos no país.
Diante desse cenário, a FPA (Frente Parlamentar da Agropecuária) já expressou profunda preocupação e defende uma resposta diplomática urgente para evitar o isolamento do Brasil e mitigar os impactos negativos no agronegócio. O setor e as autoridades brasileiras buscam diálogo para evitar que uma medida protecionista prejudique um dos segmentos mais importantes do agronegócio nacional.
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