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Economia

Centro da Capital tem festival de imóveis fechados: mais de 500

Liana Feitosa | 03/10/2014 17:31
(Foto: Liana Feitosa)
(Foto: Liana Feitosa)

Apesar do frequente movimento registrado no Centro de Campo Grande, o mercado de alugueis de imóveis comerciais na região está desaquecido. A constatação vem após poucos minutos circulando pela área. O Campo Grande News percorreu o quadrilátero formado pelas avenidas Mato Grosso, Calógeras e Fernando Corrêa da Costa, além da rua Rui Barbosa, até o encontro com a Avenida Mato Grosso, e contabilizou 88 imóveis nitidamente de portas fechadas em horário comercial, sem placas de "aluga-se" ou "vende-se".

Além desses, outros 55 estabelecimentos estão fechados aguardando serem alugados e, mais 11 disponíveis para venda. Ao todo, portanto, são 154 imóveis visivelmente inativos no coração da cidade, inclusive nas ruas transversais e paralelas no quadrilátero percorrido.

Debandada - Mas os números vão além. De acordo com Adelaido Spinosa, presidente do Conselho de Segurança da Área Central de Campo Grande, na verdade existem 532 imóveis fechados na região segundo levantamento feito pelo conselho em março deste ano. A pesquisa contabilizou imóveis em pisos superiores das edificações, além de locais que não têm placas informando que estão fechados.

"Tem até mesmo prédios inteiros vazios. Tem um, por exemplo, que está com 25 apartamentos vazios", conta. A análise levou em consideração salas no quadrilátero que abrange a Avenida Mato Grosso, Avenida Calógeras, rua 26 de Agosto e rua Rui Barbosa.

Segundo Adelaido, existe grande especulação imobiliária na região, gerando um alto preço cobrado pelas salas, geralmente, antigas e deterioradas. "Além disso, os proprietários dificilmente querem reformar os espaços e também faltam segurança e vagas para estacionamento, fazendo com que o empreendedor deixe o centro e vá para os bairros, onde existem imóveis mais baratos e em melhores condições", explica.

Na principal rua comercial, a 14 de Julho, algumas salas são oferecidas por preços entre R$ 6 mil e R$ 8 mil mensais, de acordo com o presidente.

(Foto: Liana Feitosa)
(Foto: Liana Feitosa)

Questão de tempo - Para Leonardo Rodrigues, proprietário de um salão de barbearia e alguns imóveis na área central, o alto preço dos alugueis afeta o comércio da cidade. "Isso acaba prejudicando porque a pessoa fica um, dois anos no ponto, e entrega o imóvel por causa do preço", afirma.

Ele mesmo já pensou em se mudar. "Já pensei em colocar pra alugar todos meus imóveis do Centro e abrir meu salão em outro ponto da cidade, um pouco mais perto do bairro", conta. "Quero ficar mais uns dois anos aqui e, depois, mudar", conclui.

Segundo ele, a situação ficou pior para o comércio do Centro da cidade quando as vagas de estacionamento do canteiro central da Avenida Afonso Pena foram desativadas. "Isso prejudicou muito, pois os inquilinos não pagam aluguel ou pagam atrasado porque não estão tendo muito lucro, não tem movimento", finaliza.

Preocupação - A crise na região vai além se considerado que imóveis fechados podem oferecer riscos ao bem estar e à saúde da população. "Um imóvel parado representa risco de desenvolvimento de dengue, criadouro de insetos, baratas, ratos, e ainda pode servir de morada para desocupados, o que pode afetar até mesmo a segurança pública", aponta Adelaido Spinosa.

Ele acredita que um dos possíveis caminhos para reverter a situação seja a criação de mecanismos legais, como multas ou taxas diferenciadas de IPTU (Imposto Predial e Territorial Urbano) para proprietários que preferem manter estabelecimentos fechados ao invés de flexibilizar com locatários.

"A questão é que esses donos de imóveis são pessoas com muito dinheiro e não querem baixar o preço do aluguel que cobram. Por isso, não fazem questão de ocupar os prédios. Tem um empresário com 100 imóveis no centro parados, mas eles falam: 'o valor do aluguel do meu imóvel é esse, é isso que vale, o dia que alguém quiser locar, será locado'", desabafa o presidente.

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