Com China cortando EUA, soja de MS ganha espaço no mercado global
Redirecionamento das compras chinesas impulsiona exportações, que enviou 96% da soja produzida no meio do ano
Mato Grosso do Sul se tornou um dos principais beneficiados pela mudança de rumo da política comercial chinesa. Após reduzir drasticamente as importações de soja dos Estados Unidos de 26,5 milhões de toneladas em 2024 para apenas 5,8 milhões em 2025 , a China redirecionou suas compras para a América do Sul. O Brasil assumiu a dianteira, e os números mostram que o Estado sul-mato-grossense foi um dos que mais se destacaram nessa nova configuração global.
RESUMO
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De acordo com levantamento do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA), o Brasil exportou 22,2 milhões de toneladas de soja no primeiro trimestre de 2025, sendo 16,9 milhões destinadas à China, o equivalente a 76% de todo o volume embarcado pelo País. O mesmo relatório, intitulado Brazil Soybean Transportation, aponta que a redução dos custos logísticos internos e o câmbio favorável ajudaram a tornar o produto brasileiro mais competitivo no mercado internacional.
Competitividade logística - O estudo destaca as rotas de escoamento da soja de Mato Grosso do Sul como parte das mais eficientes do País. Entre os corredores monitorados pelo USDA estão Maracaju–Paranaguá, Maracaju–Santos, Chapadão do Sul–Santos e São Gabriel do Oeste–Santos.
Nessas ligações, o custo médio de transporte variou entre US$ 6,49 e US$ 7,45 por tonelada a cada 100 milhas, abaixo da média nacional de US$ 7,60 registrada no primeiro trimestre de 2025. Essa diferença garante ao Estado vantagem logística frente a outros concorrentes e reforça sua posição estratégica na exportação do grão.
Além da eficiência no transporte, a desvalorização do real frente ao dólar — de R$ 4,95 para R$ 5,85 no mesmo período — aumentou a rentabilidade em moeda local, mesmo com a queda de 11% nos preços internacionais. Em dólares, o preço médio da soja exportada pelo Brasil caiu de US$ 441 para US$ 392 por tonelada, mas, em reais, o valor pago ao produtor subiu cerca de 7%.

"Papel estratégico do Estado” - Em nota enviada ao Campo Grande News, a Associação dos Produtores de Soja de Mato Grosso do Sul (Aprosoja/MS) afirmou que o aumento das compras de soja pela China, com maior participação do Estado nas exportações brasileiras, “reforça o papel estratégico do Mato Grosso do Sul no mercado global do grão”.
“Em safras passadas, o Estado já registrou volumes recordes de exportação de soja sem enfrentar grandes entraves logísticos, demonstrando maturidade e capacidade operacional do setor. O redirecionamento das compras chinesas deve elevar as cotações da soja, fortalecer a renda do produtor, ampliar a receita estadual e consolidar o Mato Grosso do Sul como um dos principais polos exportadores de soja do país, mantendo o compromisso do setor com eficiência e competitividade no comércio internacional”, diz o comunicado.
Efeito na balança comercial - O impacto dessa reconfiguração comercial é visível nos dados da Secretaria de Comércio Exterior (Secex). Em julho de 2025, Mato Grosso do Sul registrou superávit de US$ 4,83 bilhões na balança comercial, com exportações totais de US$ 6,33 bilhões. A soja respondeu por 28,74% desse valor, atrás apenas da celulose, que representou 31,01%.
O volume embarcado de soja no mês foi 20% maior do que em julho de 2024, acréscimo de cerca de 125 mil toneladas. Em valor, as exportações somaram US$ 309 milhões, 10% acima do mesmo período do ano anterior.
“A China foi o principal destino da soja sul-mato-grossense em julho, com 731,9 mil toneladas, representando 96% do total exportado”, explica Mateus Fernandes, analista de Economia da Aprosoja-MS. “
Redirecionamento favorece MS - A retração das compras chinesas dos Estados Unidos começou ainda na guerra comercial de 2018, quando Washington impôs tarifas sobre produtos chineses e Pequim respondeu com medidas semelhantes sobre commodities agrícolas americanas. O movimento, que parecia pontual, consolidou-se em 2025, em meio a novas tensões diplomáticas e comerciais entre os dois países.
Com o deslocamento da demanda, a China passou a depender do Brasil para suprir seu consumo interno de soja, essencial para a produção de ração animal e óleo vegetal. Nesse cenário, Mato Grosso do Sul se firmou como um dos polos exportadores mais competitivos do País, graças à combinação de produção estável, frete eficiente e infraestrutura portuária acessível via Santos e Paranaguá.
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