Lojistas têm "pé atrás" com mais um plano de melhorias no Centro
Na semana passada, a Prefeitura de Campo Grande criou novo programa “Atenção ao Centro”
O Centro, que já foi o principal destino de compras da Capital, hoje enfrenta lojas fechadas, aluguel caro e esvaziamento. Diante da realidade, a Prefeitura tenta devolver o fôlego à região com o novo programa “Atenção ao Centro”, mas entre os lojistas, a expectativa vem acompanhada de desconfiança.
RESUMO
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O programa "Atenção ao Centro", lançado pela Prefeitura de Campo Grande, visa revitalizar o comércio central da Capital, que sofre com o esvaziamento e fechamento de lojas. A iniciativa prevê parcerias estratégicas para valorizar a região, buscando torná-la mais atrativa para a população. A Semades se reuniu com instituições públicas, entidades do setor privado, universidades e comerciantes para discutir ações conjuntas. Apesar da proposta, lojistas demonstram desconfiança, devido a promessas anteriores não cumpridas. Eles apontam como principais problemas a falta de segurança, o alto custo do estacionamento, os impostos e aluguéis elevados, e a presença de moradores de rua. Um levantamento da CDL Campo Grande revela que, entre 2018 e 2025, mais de 2.600 empresas fecharam as portas no quadrilátero central da cidade, uma redução de 75,9% no número de estabelecimentos ativos.
A proposta é consolidar parcerias estratégicas voltadas à valorização da região central, como espaço vivo e integrado à população.
A Semades (Secretaria Municipal de Meio Ambiente, Gestão Urbana e Desenvolvimento Econômico, Turístico e Sustentável) se reuniu, nesta semana, com instituições públicas, entidades do setor, Sistema S, universidades e comerciantes para discutir ações conjuntas dentro do programa.
A proprietária de uma loja de roupas, Katty Mota, está há 25 anos no Centro. Ela diz estar desacreditada do novo projeto.
“Eles falam muito, não fazem, não agem, eu não tenho confiança. Se realmente eles não tirarem do papel, eu não sei o que vai ser do Centro, porque os bairros estão crescendo. Se eles melhorarem, pelo menos, se eles colocassem estacionamento e atrações no centro", sugeriu.
Ainda de acordo com a empresária, o que ainda a mantém na região é a outra unidade da loja que abriu.
“O que me mantém aqui é que eu não dependo 100% daqui. Eu dependo de ter uma outra loja em outra cidade que faz eu ficar aqui, porque senão eu já teria fechado também", completou.
A gerente de uma loja de roupas, Kaily Mota, ainda tem dúvidas sobre a efetividade do novo projeto.

"A gente não está sabendo se vai dar certo, não sabe se vão colocar em prática. Mas é algo que já dá uma alegria, e não deixa de nos ajudar porque é muito importante. Ficamos muito na expectativa. Se tiver essa melhoria e for colocado em prática, isso sem dúvida vai nos trazer muitos benefícios”, pontuou.
Ela vê no estacionamento e na segurança os maiores gargalos enfrentados por quem trabalha e compra no Centro.
“O estacionamento é uma das principais dificuldades que mais ouvimos dos clientes. E a questão da segurança, a gente fica no máximo até às 18h, porque os moradores de rua começam a querer entrar nas lojas e a gente não tem policiamento, fica muito vulnerável”, reclamou.
A gerente de uma loja de cosméticos, Ivete Marioti, também critica o alto custo de manter um negócio no Centro. Ela espera que o programa tenha bons efeitos.
“São vários fatores, mas todo mundo é guerreiro e ninguém se entrega assim. Esperamos que realmente eles venham com o projeto e que haja uma mobilidade logo, que aconteça logo. Não adianta eles só prometerem, porque falar já faz horas que falam. Então, se acontecer isso, vai ser bom", disse.
Ela reclama do valor dos impostos, aluguel alto, moradores de rua circulando pelo Centro e falta de estacionamento.
“Se eles [prefeitura] também vissem uma forma de aliviar algum imposto, os alugueis são muito caros para manter um comércio aqui no Centro. E os impostos, se eles tivessem algum projeto para a aliviar um pouquinho, quem sabe se torna muito mais em conta ter um comércio no Centro. O que pega bastante é a questão do estacionamento que ficou muito inviável, o cliente chega ali e tem uma multa”, destacou.
Lojas - Levantamento feito pela CDL Campo Grande mostra que em 7 anos, 2.613 empresas foram fechadas no quadrilátero central formado pelas ruas Rui Barbosa, Calógeras, 26 de Agosto e Avenida Mato Grosso.
Entre 2018 e 2025, o número de empresas ativas no quadrilátero caiu de 3.439 para 826, redução de 75,9%. No segmento de comércio eram 1.971 e caiu para 394; e no segmento de serviços, de 1.439 para 432.
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