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Economia

Com R$ 170 milhões em dívidas, cerealista de MS está em recuperação judicial

A AGM Trade, de São Gabriel do Oeste, teve o pedido acatado pela Justiça estadual

Lucia Morel | 26/04/2023 17:31
Milho sendo coletado em lavoura de Mato Grosso do Sul. (Foto: Governo de MS)
Milho sendo coletado em lavoura de Mato Grosso do Sul. (Foto: Governo de MS)

Com dívidas de R$ 170 milhões, a empresa sul-mato-grossense de comércio de soja e outros grãos, AGM Trade Cereais Ltda, está em recuperação judicial. O pedido é de fevereiro, mas acatado pela Justiça estadual no dia 10 de março. A empresa apresentou, entre as justificativas para as perdas, a estiagem em 2021 e a recompra de milho em condições desfavoráveis de preço.

Fundada em 2004, a cerealista movimentou R$ 852 milhões no último ano, com comercialização de 390.000 toneladas de grãos, sendo aproximadamente 101 mil toneladas de soja e 289 mil toneladas de milho. Em caixa há cerca de R$ 25 milhões, mas o alto valor em dívidas “poderá colocar a Requerente em situação pré-falimentar”, conforme a petição assinada pelo escritório de advocacia Santana Haddad.

Conforme histórico apresentado no pedido de recuperação judicial, “os problemas financeiros da empresa começaram a se agravar a partir de 2021, quando ocorreram perdas generalizadas nas lavouras de milho em decorrência de problemas climáticos, secas em algumas regiões e geadas em outras”.

A estiagem provocou quebra na produção de soja e milho. Com isso, a empresa recebeu apenas 30% das 80 mil toneladas contratadas naquela safra e posteriormente, ao que ela mesma indica, teve a infeliz decisão de “recomprar o milho em condições desfavoráveis de preço para cumprirmos os contratos com indústria, chegando em muitas vezes a uma diferença de R$ 40,00 por saco de 60 kg de prejuízo”.

Expectativa é que essa recompra se revertesse em 2022, com o recebimento dos contratos inadimplentes, “porém muitos produtores não cumpriram a entrega posterior do produto conforme combinado, o que acabou gerando um efeito cascata para estabilidade financeira da empresa”.

A AGM ainda elencou que houve desvalorização da moeda nacional na época, o que “impactou severamente o quadro do endividamento da Requerente, aumentando, e muito, os valores de suas dívidas e, ainda, culminando num relevante aumento do custo de commodities negociados em moeda estrangeira”.

Por fim, afirma que foi prejudicada também por escassez de crédito generalizada e alta de juros, “além da absoluta ausência de qualquer incentivo ou apoio governamental ao setor agrícola principalmente no presente ano, dificultaram ainda mais as atividades das empresas do setor”.

Para acatar o pedido, o juiz José Henrique Neiva de Carvalho e Silva, da Vara de Falências, Recuperações, Insolvências e Cartas Precatórias Cíveis, levou em consideração que a empresa está em pleno funcionamento, além da documentação contábil estar em ordem. Com a decisão judicial, agora a AGM pode negociar descontos e ainda, prorrogar prazos para pagamentos.

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