Empresa de celulose muda rota e vai usar ferrovia de SP para exportar
O projeto Novo Horizonte 2 da Fibria, fábrica de celulose localizada em Três Lagoas, distante 338 km de Campo Grande, está previsto para entrar em operação no quarto trimestre de 2017 e a produção vai dobrar, passando de 1,3 milhão de toneladas por ano, para 3,25 milhões de toneladas por ano. Para atender essa demanda, a logística de escoamento vai precisar mudar e a malha ferroviária paulista vai passar a levar os produtos até o Porto de Santos.
Atualmente, para escoar a celulose produzida na fábrica de Três Lagoas é utilizado a malha ferroviária Oeste, que sai do município e vai até o porto de Santos. A celulose é transportada da fábrica até um armazém dentro do município por rodovia e de lá segue até o Porto de Santos pela ferrovia, de onde é exportada para mais de 40 países.
Com a produção da Novo Horizonte 2, cerca de 1,95 milhão de toneladas produzidas por ano, serão levadas pela rodovia, de caminhão até Aparecida do Taboado, a 140 km de Três Lagoas.
Conforme o gerente geral do projeto, Maurício Miranda, a logística do transporte tem que ser mudada, porque a produção vai dobrar e a atual linha de escoamento não vai suprir toda a demanda. "Atualmente, o que produzimos escoamos pela Ferroeste que sai de Três Lagoas e vai para o porto e essa rota não vai deixar de ser usada, só o que será produzido no Novo Horizonte 2 que vai mudar", alega.
Para dar conta da demanda, a produção será levada de caminhão até Aparecida do Taboado e lá, a celulose será transferida para a malha ferroviária Norte, que pega o trecho de Santa Fé do Sul, São Paulo. "A nossa produção vai dobrar e mesmo tendo que andar um pouco mais até Aparecida do Taboado, ainda assim continuará vantajoso para a Fibria", alega Miranda.
E para suprir a demanda de celulose, a Fibria venceu a licitação para operar o Terminal de Macuco, no Porto de Santos, que é voltado para celulose, papel e carga geral. "O contrato de arrendamento tem prazo de 25 ano e no leilão, a Fibria foi representada pela Votorantim Corretora e no porto também foi necessário aumentar o espaço para receber a produção de celulose".
Ferrovia em crise – A Rumo, responsável pela malha ferroviária em Mato Grosso do Sul, já demitiu mais de 300 funcionários desde 2015, e para cuidar 1,1 mil quilômetros de ferrovia, eram apenas 15 trabalhadores em maio deste ano.
Muito se falou sobre a desativação da ferrovia, o que a empresa sempre negou, mas afirmava que para continuar as atividades é preciso que o volume atinja 14,5 milhões de toneladas anuais para sustentar a viabilidade da ferrovia na região. Atualmente, a Malha Oeste transporta cerca de 6 milhões de toneladas de celulose, minério e aço por ano.
A Rumo assumiu a malha ferroviária que passa pelo Estado em abril de 2015, quando a antiga detentora, a ALL, se afundou em dívidas. Apesar da incorporação, a empresa também alega crise financeira.
Uma empresa estatal chinesa especializada em obras de infraestrutura viária e ferroviária, a RCC demonstrou interesse em investir em Mato Grosso do Sul e nos demais estados do Centro-Oeste e a notícia foi recebida com otimismo pelo Governo do Estado.