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Economia

Entorno da Expogrande vira "feira a céu aberto" com disputa de espaços

Vendedores chegaram a dormir no local para que o ponto não fosse tomado.

Osvaldo Júnior | 05/04/2018 18:47
Estacionamento em frente ao parque (Foto: Osvaldo Júnior)
Estacionamento em frente ao parque (Foto: Osvaldo Júnior)

Cada pequeno espaço no entorno do Parque de Exposições Laucídio Coelho, em Campo Grande, é disputado, acirradamente, para venda de bebibas e alimentos e para estacionamento de veículos. No local, é realizada até o dia 15 deste mês a 80ª edição da Expogrande. Diversas pessoas precisaram dormir há pelo menos cinco dias nos locais para guardar os pontos. Nomes e datas no asfalto, perto do meio-fio, também serviram para segurar as vagas.

“Monto sempre ponto aqui. Isso já tem dez anos. Mas é a primeira vez que isso acontece. Dessa maneira, é a primeira vez”, contou o ambulante Florentino Vareiro, 59 anos, em referência às dispustas mais calorosas nesta e ano. “Acontecia uma e outra discussão, mas respeitavam mais os espaços. Esse ano está demais!”, reforça.

Numa espécie de “consenso informal” entre vendedores e pessoas que oferecem vagas de estacionamento, a lógica é a simples: quem chega primeiro se torna “dono” do ponto. O problema é que nem sempre há acordo sobre quem foi o primeiro a chegar no local ou quem teria, por outras razões, direito à vaga.

É o aconteceu, por exemplo, com uma moradora e uma ambulante, que têm as identidades preservadas. A primeira queria o espaço em frente à sua casa para cobrar estacionamento de motociclistas. Já a vendedora alegava que havia reservado há dias o local.

Na briga, as partes apelaram até mesmo para religião. “Olha a mão de Deus nas suas costas! Não estou praguejando, mas Deus está vendo como a senhora é ruim!”, disse, irritada, a ambulante. A moradora respondeu “Amém” e acrescentou que “está com Deus”. O clima tenso continuou e as duas não chegaram a um acordo.

Carrinhos de lanche em rua próxima do Parque de Exposições Laucídio Coelho (Foto: Osvaldo Júnior)
Carrinhos de lanche em rua próxima do Parque de Exposições Laucídio Coelho (Foto: Osvaldo Júnior)

Outra ambulante também tinha problema com um homem que explorava terreno para usar como estacionamento. “Tem dois anos que venho aqui. Esse é o terceiro. Só quero um lugar pra vender espetinho. Mas, agora, o cara da garagem fechou toda a parte do meio-fio e impediu a gente de ficar. Tô aqui desde segunda-feira, dormindo aqui”, reclamou.

Ela acrescentou que no ano passado apenas um garagista teria lucrado R$ 6 mil. “Agora, a gente consegue tirar, no máximo, R$ 500 depois de pagar todas as despesas”, comparou.

Desemprego – Para o veterano Florentino, as brigas mais acirradas neste ano entre as pessoas que exploram comercialmente os espaços ao redor do Parque de Exposições Laucídio Coelho se relacionam ao maior número de ambulantes no local.

Ele acredita que esse quadro é decorrente do desaquecimento da economia e do avanço do desemprego. “A situação do país está complicada. Então, todo mundo quer ganhar um dinheirinho. Só que não precisa brigar, né? Tem espaço para todos”, finaliza.

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