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Economia

Obra de ponte avança em Murtinho, mas trecho que cabe ao DNIT enfrenta atraso

Ponte sobre Rio Paraguai fará a conexão do Brasil à Rota Bioceânica, ligando quatro países

Maristela Brunetto | 15/07/2023 09:46
Canteiros de obras do lado brasileiro e aos fundos, no Paraguai (Foto: Toninho Ruiz)
Canteiros de obras do lado brasileiro e aos fundos, no Paraguai (Foto: Toninho Ruiz)

Cerca de 500 pessoas de nacionalidades brasileira e paraguaia seguem em ritmo intenso para finalizar a colocação de estacas, subir pilares e instalar vigas para dar forma à ponte estaiada que está sendo construída em Porto Murtinho. Empreendimento de cerca de US$ 100 milhões, a ponte sobre o Rio Paraguai é financiada pelo lado paraguaio da Itaipu Binacional dentro do plano de criação da Rota Bioceânica, um trajeto que vai de São Paulo, no Oceano Atlântico, ao Chile, no Oceano Pacífico.

Por meio da ponte, Murtinho terá ligação à cidade paraguaia de Carmelo Peralta, superando a separação que o rio provocava.

Enquanto essa parte do empreendimento vai sendo realizada por um consórcio (Pybra) de três empresas, uma do país vizinho, uma do Paraná e outra de São Paulo, existe a expectativa para o início da obra que cabe ao Governo Federal: um contorno, com 13,10 quilômetros de extensão, localizado entre o km 678,10 e o km 691,20 da BR-267, uma praça para abrigar os serviços aduaneiro e policial, de 20 mil m², e um acesso elevado à ponte.

Havia uma previsão de que o edital para a contratação da empresa ou consórcio para a realização fosse lançado em abril, o que não aconteceu. O atraso é devido à conclusão do projeto executivo para a obra. No final de 2020, foi selecionada uma empresa paranaense para o estudo pelo valor de R$ 1,5 milhão.

Pilares da ponte sendo erguidos (Foto: Toninho Ruiz)
Pilares da ponte sendo erguidos (Foto: Toninho Ruiz)

A reportagem apurou que o DNIT (Departamento Nacional de Infraestrutura de Transporte) em Brasília será o responsável pela seleção. Ainda falta aprovar o projeto executivo e a nova previsão é de lançamento do edital para a obra em até três meses após a confirmação do projeto executivo. O órgão federal também já fez outra contratação, de empresa responsável pelos trâmites para o licenciamento ambiental da obra. Por meio da assessoria de imprensa, o DNIT não informou se já recebeu o projeto executivo, que deve prever um trabalho de engenharia de acesso elevado à ponte, diante de alagamentos nas margens do rio.

O Governo Estadual também tem uma frente de obras na região, com pavimentações na cidade de Murtinho, com investimento de mais de R$ 80 milhões. Além disso, prometeu empenho para a energia chegar à obra, que hoje conta com serviço gerador, e também ajudar a melhorar o acesso para as equipes de trabalho.

Por conta desse aspecto, o material para a ponte é comprado pelo país vizinho no Brasil, levado e transportado pelo lado paraguaio e transportado para o lado brasileiro da obra. Conforme divulgado pela assessoria de comunicação, o governo tem reivindicado da União o início da parte que cabe ao DNIT.

As obras da ponte já alcançaram 25% dos trabalhos, devendo ser entregue no primeiro trimestre de 2025. No lado paraguaio, será necessário um trecho de 4 quilômetros para conectar o trajeto a uma rodovia.

O prefeito de Porto Murtinho, Nelson Cintra (PSDB), informou que cobra dos parlamentares da bancada federal apoio para as obras na região e vai tratar do atraso na licitação do acesso à ponte. Segundo ele, há duas empresas fazendo reparos na BR.

Trajeto da Rota Bioceânica, que ligará por terra Atlântico e Pacífico (Foto: Reprodução)
Trajeto da Rota Bioceânica, que ligará por terra Atlântico e Pacífico (Foto: Reprodução)

Bioceânica - Murtinho foi apontada no Censo 2022, divulgado recentemente, como a cidade de Mato Grosso do Sul que mais “encolheu”, com redução de 15,81% na população em relação a 2010, totalizando 12,9 mil habitantes. Consolidando-se o projeto da Rota, o município deve figurar numa posição de destaque, com a travessia de cargas rumo ao Paraguai, passando por trecho da Argentina e chegando a Iquique no Chile, para embarque rumo a mercados na Ásia e Oceania e também, no movimento oposto, para a chegada de importados.

A China é o principal parceiro comercial do Brasil. Há entusiasmo com a rota porque ela poderia encurtar em mais de duas semanas a duração da viagem de cargas, reduzindo custos de transporte.

No lado paraguaio, há vários trechos sendo pavimentados para permitir o acesso. No lado brasileiro, de chegada a Murtinho, a reportagem apurou que são necessárias obras para recuperação da BR-267, que ficou muito danificada. Neste ano, a Hidrovia Paraguai Paraná foi utilizada para escoamento da soja rumo à Argentina, com muitos caminhões chegando à região para embarque no porto que funciona na cidade.

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