Plano prevê R$ 24 milhões para ampliar uso de hidrovia no Rio Paraná
A Hidrovia Paraná-Tietê, importante via de navegação que liga as regiões Centro-oeste, Sul e Sudeste, tem potencial para alavancar sua capacidade de transporte de 6,2 milhões de toneladas, de acordo com levantamento feito em 2012, para 98,7 milhões toneladas em 2045, o que significa 16 vezes mais. Essa é previsão do Plano de Melhoramentos da Hidrovia apresentado na manhã de hoje (9), durante seminário no Centro de Convenções Albano Franco. O estudo foi divulgado pelo superintendente da Ahrana (Administração da Hidrovia do Paraná), Antônio Badih Chehin, que destacou as vantagens de utilizar o rio para o transporte de cargas.
A intenção do Plano de Melhoramento é criar novas oportunidades de negócios para Mato Grosso do Sul. A proposta foi desenvolvida a partir de um estudo minucioso, que avaliou seis corredores fluviais no Estado, em um total de 6 mil quilômetros. O Plano prevê melhorias que serão realizadas em três fases e o custo ficará em torno de R$ 24,6 milhões.
De acordo com o superintendente da Ahrana, a hidrovia precisa ser um projeto de estado “ e não de governo”. “A hidrovia já é uma obra compensatória e, além disso, é barata e ambientalmente correta e com custo logístico menor do que outros transportes”, salientou Antônio.
Entre as melhorias previstas neste Plano, está a extensão dos trechos navegáveis em direção aos portos de exportação, o que obriga a construção de novas eclusas, obras de engenharia hidráulica, que permitem às embarcações navegar em rios ou mares onde há desníveis, como barragens, quedas d'água ou corredeiras.
O Plano apoia ainda a construção de estações intermodais (transporte misto), além de comboios maiores para ganhos de escala. “Se hoje se paga R$ 20 por tonelada na hidrovia, com o comboio maior, 3x2, o valor do frete será menor porque será possível carregar maior quantidade de insumos. Tudo isso fará o mercado ser ainda mais competitivo”, analisou o o coordenador do consórcio IBEI (Empresa Brasileira de Engenharia de Infraestrutura), Rui Gelehter, que participou do seminário.
Entre as premissas do projeto estão ainda a um novo corredor no Rio Ivaí, paralelo ao Rio Tietê, em direção aos portos de Paranaguá (PR) e São Francisco do Sul (SC) e por último, a ideia é combinar o escoamento de produção com cargas de retorno compatíveis.
Fazem parte dos investimentos projetados a partir do EVTEA a capacitação completa dos Rios Paraná e Tietê, do Rio Ivaí, Sucuriú, Ivinhema e Amambaí, alguns deles para navegação de comboios de 3x2. Também estão incluídos no investimento a regularização dos canais de navegação, sinalização e balizamento dos canais da hidrovia.
Com a aplicação do Plano será possível diminuir o custo de transporte de cargas em direção aos portos de exportação, reduzir o tempo de transporte pelos rios, aumentar a competitividade e a segurança do transporte pela hidrovia e gerar oportunidades de negócios em logística e novos empreendimentos nas regiões do Centro-Oeste e Sudeste servidas pela hidrovia.
Conforme Antônio, para iniciar as ações é preciso “primeiro arrumar a casa”. “Temos que deixar o Rio pronto para navegabilidade. O plano exige isso”. O estudo também é realizado nas outras oito bacias do país. A Hidrovia Paraná- Tietê, com mil quilômetros de extensão, é dividida em quatro trechos e duas bases operacionais, em Presidente Epitácio (SP) e em Guaíra (PR).
Diante das previsões de custo e de transporte, o diretor corporativo da Fiems (Federação das Industrias de Mato Grosso do Sul), Jaime Verruck, questionou a possibilidade de privatizar a hidrovia para diminuir o tempo de projeção. “Por que não privatizar ao invés de prolongar o prazo?”.
O coordenador do consórcio IBEI afirmou que há possibilidades dessa privatização, no entanto explicou que a ideia é ter a participação do Governo Federal. "É uma condição de análises. Lá na frente, haverá participação da iniciativa privada", disse Rui.
Hidrovia- Tida como o melhor transporte no quesito custo logístico, a hidrovia foi projetada no Brasil na década de 50 e, desde então, surgia para desenvolver as possibilidades de crescimento econômico , entre elas se aproximar dos centros produtores de carga e dos portos marítimos, desenvolver a navegabilidade nos afluentes e promover e integrar a hidrovia ao modal ferroviário.
Responsável por fazer a manutenção, fiscalização e promoção de melhorias para navegabilidade da hidrovia, a Ahrana contratou um estudo que funciona como um diagnóstico. “Com ele sabemos o que precisa ser feito nos Rios. Esse é o estudo”, avaliou o Chehin.