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Educação e Tecnologia

Boom de startups alavanca negócios em Mato Grosso do Sul

Número deve saltar de 330 para mais de mil em 2026. Participação federal é pífia na região.

Por Viviane Monteiro | 28/04/2025 16:03
Boom de startups alavanca negócios em Mato Grosso do Sul
Um das startups lançadas em MS monitora produção e condições climáticas em fazendas (Divulgação/Agrointeli).

O Mato Grosso do Sul desponta como um "hub de inovação" em função de investimentos recordes de R$ 500 milhões por ano em ciência e tecnologia. A constatação é do presidente da Fundação de Apoio ao Desenvolvimento do Ensino, Ciência e Tecnologia de Mato Grosso do Sul (Fundect), Márcio de Araújo Pereira, que participou, nesta segunda-feira, de reunião de conselhos do Sebrae Nacional, em Brasília.

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Mato Grosso do Sul se destaca como polo de inovação com investimentos anuais de R$ 500 milhões em ciência e tecnologia. O estado, que há cinco anos contava com apenas 11 startups, deve alcançar 330 empresas inovadoras em 2023, com projeção de ultrapassar mil negócios no próximo ano, principalmente nos setores de bioeconomia e biotecnologia.O governo estadual investe 0,5% da receita líquida tributária, cerca de R$ 100 milhões por ano, no desenvolvimento local. A Universidade Estadual dispõe de R$ 350 milhões anuais, enquanto a Fundect destina R$ 20 milhões para apoiar startups com valores entre R$ 50 mil e R$ 500 mil por projeto. O PIB do estado deve crescer 6,8%, superando a média nacional de 2%.

O número de startups que há cinco anos girava em torno de 11 empresas inovadoras no estado, deve somar 330 startups este ano, estimou Pereira. Para o próximo ano, o número no estado deverá triplicar, passando de mais de mil negócios voltados para diversos setores da economia, principalmente para bioeconomia e biotecnologia. Os dados têm como base o Observatório Sebrae de Startups, que reúne cerca de 17 mil negócios inovadores em todo o país.

Mesmo com participação pífia do governo federal no fomento da ciência e tecnologia no estado, o entendimento é de que o ecossistema de inovação de Mato Grosso do Sul está em pleno vapor e propício para atrair capital privado e conectar startups e grandes empresas em solo sul-mato-grossense.

Para o dirigente Fundect – entidade vinculada Secretaria de Meio Ambiente, Desenvolvimento, Ciência, Tecnologia e Inovação do governo do Estado – a ciência tem o viés estratégico para ser a locomotiva do desenvolvimento econômico do estado, que cresce acima da média nacional.

Boom de startups alavanca negócios em Mato Grosso do Sul
Presidente da Fundação de Apoio ao Desenvolvimento do Ensino, Ciência e Tecnologia de Mato Grosso do Sul, Márcio de Araújo Pereira(Foto: divulgação)

Pelas estimativas do governo local, o PIB de Mato Grosso do Sul deve crescer 6,8%, ou seja, bem acima da medida nacional (2%).

O especialista lembrou que o estado tem, em sua origem, o desenvolvimento científico e tecnológico, uma vez que é reconhecido pela alta produtividade da soja que foi alavancada, no passado, pela Embrapa e que ainda tem forte presença na região.

“Grandes industrias que já entenderam isso estão vindo para cá, como a Suzano e, mais recentemente, a Arauco Celulose, que anunciou investimentos robustos (de US$ 5 bilhões) no Vale da Celulose. Empresas de todos os portes estão chegando em Mato Grosso do Sul”, disse Pereira, que também é presidente do Conselho Nacional das Fundações Estaduais de Amparo à Pesquisa (CONFAP).

Investimentos estaduais - Segundo Pereira, o governo de Mato Grosso do Sul investe, há oito anos, valores recordes de 0,5% da receita líquida tributária, o equivalente a R$ 100 milhões anuais, principalmente no desenvolvimento da bioeconomia, do agronegócio e da biotecnologia, setores considerados estratégicos para o desenvolvimento local. Na prática, o governo cumpre o limite constitucional, que é o valor mínimo que os estados devem gastar em áreas fundamentais para o desenvolvimento socioeconômico. A maioria dos Estados não chega a esse patamar.

Os projetos são desenvolvidos principalmente pela Universidade Estadual (UEMS), que tem orçamento anual de R$ 350 milhões para o setor.

Em outra frente, a Fundect conta com orçamento anual de R$ 100 milhões, dos quais destinará este ano R$ 20 milhões para apoiar a subvenção de startups. Os valores variam de R$ 50 mil a R$ 500 mil por startup, dependendo do programa.

“Somando, esses valores representam meio bilhão de reais em investimento todo ano para ensino, pesquisa e inovação. Nós decidimos investir nessa área, independentemente dos investimentos federais.”

Verba federal - Como dirigente do CONFAP, Pereira analisou a tradicional concentração dos recursos federais nas regiões Sul e Sudeste em detrimento das demais regiões do país e observa que o governo federal vem tentando reduzir as disparidades.

Conforme lembrou, a Finep, agência de fomento de estudos e projetos vinculada ao Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI), publicou, no ano passado, um edital específico para as regiões do Centro-Oeste de quase R$ 50 milhões. Desse total, R$ 16 milhões foram para Mato Grosso do Sul. Pereira citou ainda iniciativas da CAPES e do CNPq fundamentais para apoiar a qualificação dos estudantes de pós-graduação e atrair pesquisadores estrangeiros para região.

No decorrer dos últimos três anos, a Fundect recebeu do governo federal R$ 30 milhões para o apoio de subvenção a empresas.

“Existe esse olhar, tanto da Capes como do CNPq, para as regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste, para além dos tradicionais eixos Sul e Sudeste. Alguns estados se deslocaram mais, como Mato Grosso do Sul, porque o governo estadual soube investir na hora correta e não esperou o governo federal.”

O representante da Finep para Região Centro-Oeste, Fernando Ribeiro reconhece a disparidade na distribuição dos recursos federais para o fomento da ciência e tecnologia, mas ressalva que o governo está buscando o equilíbrio criando oportunidades para instituições das regiões no Norte, Nordeste e Centro-Oeste. Na ponta do lápis, 80% das ações de fomento do governo federal ficam concentradas no Sul e Sudeste.

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