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Educação e Tecnologia

Cirurgiã vai a escolas da Capital alertar sobre relação entre vape, pod e câncer

Mato Grosso do Sul é o segundo estado brasileiro em maior número de usuários

Por Cassia Modena | 04/07/2025 16:45
Cirurgiã vai a escolas da Capital alertar sobre relação entre vape, pod e câncer
Palestra sobre vape e cigarro provocou alunos a se manifestarem se conhecem alguém que usa (Foto: Cassia Modena)

– Levanta a mão quem aqui conhece alguém que usa vape.

RESUMO

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Médica cirurgiã alerta jovens sobre riscos do vape e cigarro em escolas de Campo Grande. Mato Grosso do Sul ocupa a segunda posição no ranking nacional de consumo de cigarro eletrônico, com 4% da população utilizando o dispositivo. A profissional optou por uma abordagem informativa, sem imagens impactantes, para conscientizar os estudantes sobre os malefícios do tabagismo. A iniciativa, em parceria com a Secretaria Municipal de Saúde, visa combater o crescente uso do vape, especialmente entre adolescentes. O programa Antitabagismo da cidade oferece tratamento gratuito para dependentes, com suporte em grupo, medicamentos e adesivos de nicotina. Uma assistente social, que perdeu a voz devido a um câncer de laringe, acompanha a médica nas palestras, compartilhando sua experiência e reforçando os perigos do tabagismo.

A médica cirurgiã de cabeça e pescoço, Ana Beatriz Ribeiro Fonseca, fez o pedido mais de uma vez aos alunos de uma escola de Campo Grande, até que eles perdessem o receio e admitissem que veem o cigarro eletrônico virar acessório na mão de muitos, e que provavelmente eles mesmos já experimentaram ou usam.

Membro da ACBG (Associação Brasileira de Câncer de Cabeça e Pescoço), ela se voluntariou para falar com crianças e adolescentes de quatro escolas públicas da Capital sobre a relação entre o fumo e tumores que atingem da boca ao pulmão. A primeira das palestras foi dada hoje (4) na quadra da Escola Estadual Dona Consuelo Müller, no Bairro Vila Jacy. Cerca de 300 alunos do 5º ano até o 3º ano do Ensino Médio participaram.

Cirurgiã vai a escolas da Capital alertar sobre relação entre vape, pod e câncer
Homem solta fumaça tragada de cigarro eletrônico durante festa (Foto: Juliano Almeida/Arquivo)

Andam circulando na internet imagens feias e assustadoras de pulmões afetados pelo vape ou pod, ou da pele queimada por explosões químicas das baterias deles. Mas a médica optou por uma estratégia menos agressiva que essa. "Como é um público jovem, eu não trouxe imagens impactantes. Mostro apenas lesões na boca que poderiam levantar alguma suspeita e necessidade de avaliação inicial", diz.

Mato Grosso do Sul está mal nesse cenário. O estado está na segunda posição do ranking de consumo de cigarro eletrônico. Com 4% da população usando, fica atrás apenas do Paraná (4.5%), segundo pesquisa do Ipec (Inteligência em Pesquisa e Consultoria Estratégica).

Se você perguntar se eles sabem que faz mal, eles sabem. É um ato consciente. Por isso que hoje eu trouxe algumas imagens, sutis, mas trouxe, para que eles tenham algo mais pautável. Como o cigarro realmente cobra a conta? Eles começando a fumar jovens dessa maneira, eles vão levar por uma vida o tabagismo. A dependência vai ficando cada vez mais intensa e difícil de reverter. Eu costumo dizer que o cigarro, ele é um amigo traiçoeiro, porque cobra conta e a conta é muito cara. Vai cobrar lá na frente", resume a médica.

Cirurgiã vai a escolas da Capital alertar sobre relação entre vape, pod e câncer
Médica dá palestra a alunos da Escola Consuello Muller (Foto: Cassia Modena)

No consultório, Ana Beatriz observa que a conta do uso do cigarro tradicional começa a chegar por volta dos 50 anos, 60 anos. Casos de câncer começam a ser tratados em pessoas dessa idade, e não só no pulmão: podem surgir em todo o corpo.

Dispositivo ilegal no Brasil, o vape pode começar a adiantar a idade em que os problemas começam a surgir porque contém mais nicotina e outras substâncias cancerígenas em comparação ao cigarro comum. O Inca (Instituto Nacional de Câncer) estima que haja 32.560 casos e 28.868 mortes por câncer de pulmão todos os anos no Brasil.

A ação foi proposta à Sesau (Secretaria Municipal de Saúde), que está intermediando a ação educativa nas escolas, e foi acompanhada pela gerente do programa Antitabagismo, Mirella Cabreira. Ela destaca que as unidades de saúde oferecem um tratamento gratuito para ajudar pessoas de qualquer idade a largar o vício, inclusive adolescentes.

"O primeiro passo é procurar a unidade de saúde, a pessoa vai ser vai ser orientada sobre como funciona o programa e que dia poderá passar por uma triagem e começar a frequentar um grupo de apoio. Dependendo do caso, porque há restrições, podem ser receitados medicamentos e adesivo de nicotina para ajudar no tratamento", fala.

Cirurgiã vai a escolas da Capital alertar sobre relação entre vape, pod e câncer
Gerente do Programa Antitabagismo de Campo Grande, Mirella reforça que há tratamento gratuito para parar de fumar (Foto: Cassia Modena)

Voz esofágica - A assistente social Katia Jacqueline, 58 anos, vai acompanhar a médica nas palestras. Ela se voluntariou a mostrar como fica uma pessoa que precisa retirar a laringe e as cordas vocais devido a um câncer.

Katia consegue se comunicar, mas sua voz não é a mesma. Algumas frases são difíceis de compreender. Ela precisa usar um dispositivo na garganta o tempo todo, que produz a voz esofágica, quando o som da fala vem do esôfago.

A mulher não fuma. Primeiro, ela descobriu calos nas cordas vocais. "Estava no metrô e li num outdoor a frase: Rouquidão por mais de 15 dias? Procure um médico", conta.

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Kátia usando dispositivo na garganta que permite a voz sair pelo esôfago (Foto: Cassia Modena)

O problema evoluiu e se tornou um câncer. Foi necessário retirar toda a laringe.

Ela relaciona a complicação ao excesso do uso de benzetacil , medicamento contra infecções, usado na infância quando tinha "qualquer dorzinha na garganta", e à profissão. "Falava demais, sempre fui muito comunicativa".

Entretanto, alerta sobre o cigarro e o vape. "Pode ser uma consequência perder a fala. Estamos aqui para alertar que é uma ilusão que não vai acontecer nada. O câncer é muito sério e está relacionado ao tabagismo", finaliza.

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