Filho de pescador que virou pesquisador leva Prêmio Finep Centro-Oeste
Com uma Deep Tech, professor da UEMS transforma fungo do Pantanal em biotecnologia
Nascido e criado em Aquidauana, no coração do Pantanal, Tiago Calves Nunes sempre teve as raízes fincadas na terra e nas águas da região. Filho de pescador e de dona de casa, cresceu ajudando o pai entre a beira do rio e a lavoura de arroz.
RESUMO
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Tiago Calves Nunes, pesquisador e docente da UEMS, conquistou o Prêmio Finep de Inovação 2025 na etapa Centro-Oeste, na categoria Deep Tech. Nascido em Aquidauana, no Pantanal, filho de pescador, Tiago superou desafios para se tornar o primeiro da família a cursar faculdade. Formado em Agronomia, com mestrado e doutorado, ele fundou a startup Pantabio, que desenvolve bioinsumos à base de um fungo nativo, promovendo a regeneração do solo e o aumento da produtividade agrícola sem agroquímicos. A empresa já atende produtores de várias cidades e planeja instalar uma biofábrica em Aquidauana. Tiago representa Mato Grosso do Sul na final nacional do prêmio, em Brasília, com o objetivo de fortalecer a inovação no Pantanal.
Hoje, o menino que sonhava em ser professor é pesquisador e docente da UEMS (Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul) e acaba de conquistar o Prêmio FINEP (Financiadora de Estudos e Projetos) de Inovação 2025 – etapa Centro-Oeste, na categoria Deep Tech. O feito histórico o coloca entre os principais nomes da inovação científica brasileira. Em dezembro, ele vai disputar a etapa nacional do prêmio, em Brasília, e carrega com orgulho o nome do Pantanal.
“Meu pai foi pescador profissional, homem simples e trabalhador. Ao segurar esse prêmio, eu lembro do menino que ajudava o pai na beira do rio e sonhava em estudar. Hoje estamos aqui, mostrando que a educação cria futuro”, disse emocionado ao receber seu troféu.
“Quando fechava a pesca, meu pai ia trabalhar na lavoura de arroz, em Miranda. Eu sempre o acompanhava e estava inserido nesses ambientes”, afirma o pesquisador.
Raízes e sonhos - Tiago é o caçula de cinco filhos e o primeiro da família a cursar uma faculdade. Ele ressalta que, desde a graduação, foi pesquisador bolsista. Formou-se em Agronomia pela UEMS, em 2012.
Seguiu os estudos: fez mestrado na UFGD (Universidade Federal da Grande Dourados), doutorado na Unesp (Universidade Estadual Paulista) de Ilha Solteira e viveu experiências internacionais na Itália e na Universidade de Salamanca, na Espanha. Recentemente, também realizou o sonho de se tornar professor, contratado há três anos pela UEMS, instituição na qual se formou.
“Eu queria ser professor universitário para dar mais conforto à minha família. Graças a Deus, deu tudo certo.” No meio do caminho, Tiago descobriu o empreendedorismo e viu que poderia transformar seu conhecimento em algo que devolvesse resultados à sociedade por meio de uma empresa.
Do laboratório à startup - Da paixão pela pesquisa nasceu a Pantabio, primeira startup da UEMS. Criada em 2023, a empresa tem apoio da Fundect (Fundação de Apoio ao Desenvolvimento do Ensino, Ciência e Tecnologia do Estado de Mato Grosso do Sul), da Semadesc (Secretaria de Meio Ambiente, Desenvolvimento, Ciência, Tecnologia e Inovação), do Sebrae e da Incubadora Fênix da UEMS.
A Pantabio desenvolve o primeiro bioinsumo à base de Trichoderma do Pantanal, um fungo nativo que ajuda a regenerar o solo, controlar doenças em plantas e aumentar a produtividade, tudo isso sem o uso de agroquímicos.
“Nosso fungo promove o crescimento e o desenvolvimento das plantas, porque atua diretamente no solo. O produtor ganha em produtividade final, sem falar que diminui o uso de produtos químicos”, explica o pesquisador.
Os números impressionam: 20 sacas a mais de soja por hectare e 23 sacas de feijão, além de resultados promissores em frutíferas, inclusive em parceria com a única vinícola do Estado, no Terroir Pantanal.
Ciência no campo - Para Tiago, além da inovação, o projeto é uma forma de retribuir à região o que ela lhe proporcionou. “É uma devolutiva para a sociedade. Mostramos que é possível fazer ciência e gerar soluções a partir do Pantanal, com responsabilidade e impacto real.”
Atualmente, a startup atende produtores de Aquidauana, Nioaque, Maracaju, Dourados, Miranda e Bonito e, para o futuro, planeja a implantação de uma biofábrica em Aquidauana.
“O objetivo é fortalecer o desenvolvimento local. Quero que Aquidauana seja reconhecida como um polo de inovação no Pantanal”, diz.
Tiago divide o sucesso com a sócia, professora da UEMS, doutora Mercia Celoto, fitopatologista que se mudou de São Paulo para integrar o projeto com os estudantes e pesquisadores que fazem parte da equipe.
Olhar para o futuro - A conquista do Prêmio Finep Centro-Oeste é apenas o começo. Em dezembro, Tiago representará Mato Grosso do Sul e toda a região na final nacional, que será realizada no Palácio do Planalto, em Brasília.
“A expectativa é grande. Nosso produto é inovador, regional e tem potencial para se tornar referência nacional. Mostrar que é possível fazer inovação no Pantanal já é uma grande vitória. Agora queremos trazer esse troféu para casa”, afirma.
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