Maior biofábrica de Wolbachia do mundo é inaugurada e pode beneficiar MS
Planos da empresa Oxitec indicam expansão para todo o território nacional como forma de combater a dengue
A empresa britânica Oxitec inaugura nesta quarta-feira (2) em Campinas (SP) a maior biofábrica de mosquitos com Wolbachia do mundo, tecnologia usada no combate à dengue, zika e chikungunya no Brasil e em outros países.
RESUMO
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A maior biofábrica de mosquitos com Wolbachia do mundo foi inaugurada em Campinas (SP) pela empresa britânica Oxitec. A tecnologia é utilizada no combate à dengue, zika e chikungunya, através da liberação de mosquitos portadores da bactéria Wolbachia, que impede o desenvolvimento desses vírus no inseto. A empresa aguarda autorização da Anvisa para iniciar as operações no Brasil, onde cerca de 100 cidades já solicitaram o método. A produção está disponível para programas do Ministério da Saúde, que definirá os critérios de seleção dos municípios beneficiados, podendo incluir Campo Grande e outras cidades do Mato Grosso do Sul.
A diretora-presidente da empresa, Natália Ferreira, explicou ao Campo Grande News que a autorização regulatória depende da Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária). No entanto, segundo ela, o processo segue protocolos já aplicados em outros locais.
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Ela usou de exemplo a Fiocruz (Fundação Oswaldo Cruz) — que aplica o método em poucas cidades brasileiras, incluindo Campo Grande —, e que tem uma autorização excepcional, o que ainda não foi concedido para a empresa britânica.
Segundo ela, o aval depende do voto de todos os diretores da Anvisa, após análise de um dossiê científico. “A gente submeteu esse dossiê para a Anvisa em março deste ano e a gente está esperando essa aprovação.”
“A gente tem esperança que isso aconteça em breve, porque houve uma autorização excepcional recentemente para uma outra biofábrica, em Curitiba, e a gente está seguindo exatamente os mesmos protocolos.”
Expansão para municípios — De acordo com Ferreira, a produção já está disponível para ser utilizada em programas do Ministério da Saúde. À reportagem, ela afirmou que cerca de 100 cidades brasileiras solicitaram o método.
No Mato Grosso do Sul, segundo ela, a expectativa é que Campo Grande e outras cidades possam se beneficiar do programa, a partir de critérios definidos pelo Governo Federal. “A Oxitec optou num primeiro momento por oferecer para o Ministério, já que ele já tem o seu programa e a ideia não é competir, é somar."
“O próprio Ministério tem os seus critérios de seleção dos municípios. Então, ele faria a seleção e faria a ampliação do programa.”

O que é a Wolbachia? O método se configura pela soltura de mosquitos Aedes aegypti com a bactéria Wolbachia, os chamados "wolbitos". Essa bactéria impede o desenvolvimento dos vírus da dengue, zika e chikungunya dentro do inseto, reduzindo sua capacidade de transmissão dessas doenças para os humanos.
Durante a reprodução, mosquitos com a bactéria a transmitem para sua prole, que se torna incapaz de transmitir os vírus.
No Brasil, a tecnologia ganhou força após epidemia de microcefalia associada ao zika vírus, em 2015, e foi implementada em algumas cidades em conjunto com medidas de prevenção e o fumacê.
“A resposta do Ministério para a gente aqui não é uma limitação técnica, eles estão convencidos de que a solução funciona, que é segura, que é importante, útil. Mas é mais uma necessidade de uma chancela, uma validação de especialistas internacionais para que ela possa ser aceita e incluída no primeiro semestre de 2026”, disse Ferreira.
Com a nova biofábrica em operação, a Oxitec estima produzir 100 mil larvas por gaiola, volume suficiente para atender a demanda de diferentes regiões. Além do Brasil, países como Panamá, República Dominicana, Guatemala, México, Vietnã, Filipinas e Indonésia também estudam ou já aplicam a mesma tecnologia, segundo ela.
Além disso, a empresa já vende o “Aedes do Bem”, caixas com mosquitos geneticamente alterados que cruzam com fêmeas selvagens e as larvas geradas por elas não chegam à fase adulta, diminuindo a população do mosquito em uma região.
O método foi utilizado em Piracicaba (SP), mas sofreu críticas, refutadas pela empresa, por parte da gestão municipal.
Até o fim de setembro, Mato Grosso do Sul já havia registrado mais de 8 mil casos de dengue em 2025, segundo a SES (Secretaria Estadual de Saúde), com 17 mortes confirmadas e outras 7 em investigação. Campo Grande teve a primeira morte por dengue do ano, a vítima era uma mulher de 74 anos com comorbidades, que faleceu três dias após o início dos sintomas.