Sem mão de obra, padarias e restaurantes já estão preparados para receber robôs?
Equipamentos custam entre R$ 70 mil e R$ 120 mil e executam tarefas de limpeza, entrega e apoio logístico
Empresários do varejo de Campo Grande têm hoje como maior dificuldade do setor contratar profissionais em um período de escassez de mão de obra. Para tentar organizar o serviço de reposição de produtos, o setor criou recentemente uma cooperativa de trabalho voltada especificamente para essa função. O movimento local, porém, não é isolado é vira e mexe surgem alternativas, a maioria no caminho da tecnologia. Em outras cidades do país, como São Paulo, empresas têm recorrido à automação para suprir a falta de funcionários, adotando até “robôs-garçom” no atendimento ao público. Mas será que esses robozinhos já estão prontos para substituir um humano?
RESUMO
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O uso de robôs no varejo brasileiro tem se expandido como solução para a escassez de mão de obra. Em São Paulo, estabelecimentos já utilizam "robôs garçons" para atendimento ao público, com valores entre R$ 70 mil e R$ 120 mil, dependendo das funcionalidades. A tecnologia, desenvolvida pela Kratos Robotics, não visa substituir trabalhadores, mas otimizar operações. Os robôs podem realizar entregas internas, limpeza e apoio logístico. Em Mato Grosso do Sul, a FCDL prevê que a automação continuará focada em sistemas de IA e autoatendimento, com possível adoção de robôs físicos a longo prazo.
Os valores variam entre R$ 70 mil e R$ 120 mil, dependendo do tamanho, do tipo de tela e das funções oferecidas. Marcello de Oliveira, 53 anos, sócio da empresa Kratos Robotics, afirma que recebe consultas de diferentes estados, mas ainda não teve interesse formal de empresas de Mato Grosso do Sul.
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Ele explica que os sistemas desenvolvidos pela companhia possuem software próprio e são programados para executar tarefas específicas. Eles não têm a intenção de imitar humanos, mas de assumir operações repetitivas ou de apoio, como entregas internas, limpeza e suporte logístico.

Segundo o empresário, a função dos equipamentos não é substituir trabalhadores, mas liberar tempo para que se concentrem em atividades consideradas mais estratégicas. Os robôs são vendidos com um software básico e passam por programação personalizada conforme a demanda de cada negócio.
“Se um supermercado quer abastecer 30 gôndolas, por exemplo, eu mapeio essas posições e o robô passa a executar rotas pré-definidas. O funcionário monitora o estoque e a gôndola no dia a dia. São tarefas programadas e isso faz parte do serviço que entregamos”, explica.
Com atuação inicial concentrada em São Paulo, a empresa observa no Brasil uma tendência semelhante à que já ocorre no exterior, onde a automação de apoio operacional é mais consolidada. “O robô resolve um problema real enfrentado pelos empresários, que é a falta de mão de obra. Eles querem que os funcionários se concentrem em tarefas prioritárias em que possam agregar valor, enquanto o robô assume funções de apoio, como levar pratos às mesas”, destaca.

A FCDL (Federação das Câmaras de Dirigentes Lojistas) de Mato Grosso do Sul acompanha esse movimento de perto. Em nota, afirma que a entidade tem observado as experiências de São Paulo e de outros mercados internacionais, incluindo a NRF (National Retail Federation), em Paris, onde o uso de robôs no atendimento é bastante comum.
A federação explica que o uso de robôs em São Paulo ainda é limitado, mas simbólico. Algumas padarias de médio e grande porte passaram a adotar modelos que transportam bandejas, levam pedidos às mesas, recolhem louças e circulam em rotas definidas. Em Mato Grosso do Sul, porém, ainda não há robôs físicos desse tipo operando.
O varejo local tem apostado em soluções menos visíveis, como totens de autoatendimento, sistemas de ponto de venda mais inteligentes, integração com delivery e softwares de atendimento digital com inteligência artificial.
Na avaliação da FCDL, no curto prazo, esse tipo de automação mais discreta deve continuar predominando em Campo Grande. No médio prazo, a entidade considera possível que alguma padaria de maior porte ou uma rede de supermercados realize um piloto com robôs de atendimento. A longo prazo, se os custos dos equipamentos caírem e a tecnologia se consolidar, a federação acredita em uma adoção mais ampla.
Enquanto isso, o setor varejista busca alternativas imediatas para lidar com a escassez de trabalhadores. Na semana passada, foi lançada a Cooperam (Cooperativa de Trabalho dos Abastecedores de Mercadorias), criada para auxiliar lojistas na contratação de repositores. A iniciativa tenta atender à demanda atual, enquanto a automação ainda avança de forma gradual.
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