Na cidade que não seca há dias, chuva muda humor e até a produtividade
Chove na Capital há semanas e, nos últimos seis dias, sem parar, mas isso não é problema para todo mundo
Há seis dias, a população em Campo Grande mal vê o sol, com chuva recorrente e sem trégua durante horas. O tempo mudou a rotina de muita gente, deixa rastro de lama, causa enxurradas, abre crateras, mas não é encarado como transtorno por todo mundo. Ao contrário, há quem comemore as nuvens carregadas e as temperaturas mais amenas.
RESUMO
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A chuva persistente em Campo Grande, que já dura seis dias, tem alterado a rotina dos moradores, mas é bem recebida por muitos. Com temperaturas mais amenas, chegando a 19°C, alguns cidadãos aproveitam o clima para realizar suas atividades diárias, como o aposentado Edson Hidecki Akamine, de 74 anos, que mantém suas caminhadas. Trabalhadores como o entregador Guilherme Torres e a gerente de salão Girlene Paes relatam adaptação positiva ao clima chuvoso. Entretanto, há desafios para alguns, como Maykow Fernandes, que enfrenta dois ônibus diariamente para chegar ao trabalho, demonstrando que a chuva também traz suas dificuldades para parte da população.
Pelo Centro, a repórter andou devidamente protegida com capa. Muita gente usava guarda-chuva mas teve quem abrisse mão do uso do acessório de proteção.
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Um deles é o aposentado Edson Hidecki Akamine, 74 anos. O guarda-chuva que trazia na mão estava fechado, mesmo com os respingos do fim da manhã. “Graças a Deus! Nós precisamos de chuva; não tenho problema: ponho casaco, pego o guarda-chuva e beleza pura”, disse. Ele aproveitou a temperatura de 19°C para fazer uma caminhada de 20 minutos, de casa, na Vila Carvalho, até o Centro, onde entregou os títulos de capitalização que vende.
Outro que prefere a chuva é o entregador Guilherme Torres de Araújo, 18 anos. Funcionário de ótica, trabalha das 8h às 18h na rua, percorrendo de 20 a 30 km por dia, entregando óculos. “Eu acho melhor que no sol, porque o calor é complicado”, avaliou. Mesmo achando o trânsito mais perigoso, ainda vota na chuva como cenário preferido no percurso. “É mais fresco”.
Quem achou que sairia no prejuízo se surpreendeu. Girlene Jesus Silva Paes, 44 anos, é gerente de um salão de beleza e, na última quinta-feira (13), mesmo com chuva durante todo o dia, atendeu pelo menos cinco clientes. “O pessoal acha que vai estar mais vazio, vai ser atendido mais rápido e aí quer aproveitar.” Teve quem buscasse fazer escova ou passar chapinha. “Ficaram com medo, umas pediram touquinha, mas fizeram”, disse.
O transtorno ocorre quando faltam funcionários por conta do temporal. Ela e o marido já trabalharam com 20 pessoas quando tinham sete salas, mas hoje são apenas sete funcionários. Lembra que houve quem faltasse por causa da chuva, mas prefere não se estressar com isso. “Está difícil arranjar mão de obra, então é preciso manter o equilíbrio; se insistir demais, fica sem funcionário nenhum”, avalia.
Maykow Fernandes, de 23 anos, é a voz dissonante encontrada pela reportagem, sendo um dos que sofrem com o mau tempo. Para chegar ao trabalho, em uma loja de departamentos, ele precisa pegar dois ônibus do Bairro São Conrado até o Centro. Hoje, saiu munido de uma capa vermelha, presente dado pelo vizinho quando ele a pediu emprestada para ir ao mercado. “Já me salvou bastante”, diz, rindo do acaso que virou utilidade diária.
Mesmo assim, confessa que acordar e ver o tempo fechado desanima. “Quando vejo a chuva, já dá preguiça; é chato sair de casa. Mas tem contas para pagar; não dá para ficar; dinheiro não cai do céu”, comenta, enquanto espera a chuva dar uma trégua antes de seguir para o expediente, que só termina às 19h50.
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