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Ex‑prefeitos garantem “boquinhas” generosas em gabinetes de Brasília

Por Ângela Kempfer e Jhefferson Gamarra | 18/07/2025 06:00
Ex‑prefeitos garantem “boquinhas” generosas em gabinetes de Brasília
Ex-prefeitos André Nezzi, Ângelo Guerreiro e Robreto Tavares, que agora estão lotados em gabinetes de deputados (Fotos: Reprodução)

Boquinha - Após deixarem o comando de seus respectivos municípios, alguns ex-prefeitos de Mato Grosso do Sul garantiram cargos comissionados em gabinetes de deputados federais, assumindo funções como secretários parlamentares. A prática, embora legal, chama atenção pelo reaproveitamento de figuras políticas experientes em funções administrativas remuneradas no Legislativo federal.

Mui amigos - No gabinete do deputado federal Dagoberto Nogueira (PSDB), dois ex-prefeitos passaram a integrar a equipe parlamentar. Um deles é André Luiz Nezzi, ex-prefeito de Caarapó. Ele foi nomeado em março com uma remuneração bruta de R$ 10.401,56, além de auxílios. Outro nome que passou a compor o mesmo gabinete é Ângelo Guerreiro. O ex-prefeito de Três Lagoas foi nomeado em junho, mas como sua entrada é recente, ainda não há registros de pagamentos.

Mais um - Já no gabinete do deputado Beto Pereira (PSDB), o ex-prefeito de Taquarussu, Roberto Tavares Almeida, também conseguiu uma “boquinha”. Ele foi nomeado em 2 de junho de 2025 para o cargo de secretário parlamentar, com salário de R$ 3.553,98 e auxílios no valor de R$ 1.784,42. Roberto Nem, como é conhecido ainda tentou voltar a prefeitura noas eleições do ano passado pelo MDB, mas acabou derrotado.

Peia verbal - O deputado Rodolfo  Nogueira (PL) resolveu brilhar na madrugada da votação das novas regras que flexibilizam o licenciamento ambiental. Perguntou à colega da oposição “qual o procedimento para licenciar o abate de pavões”, já que a adversária Célia  Xakriabá (Psol-MG) é indígena e usa penas no cocar. Para ele, o material viria de um abatedouro dessas aves exóticas.

Calado - A resposta foi um choque de realidade conhecido por quem sabe algo sobre a cultura indígena: as penas caem naturalmente, ninguém precisa “licenciar” matança de pavão para cocar sagrado. No fim, Nogueira nem replicou e resolveu ficar de bico calado após ser corrigido em plenário.

Fora aos temporários - A deputada estadual Gleice Jane (PT) apresentou requerimento cobrando explicações do prefeito de Nova  Alvorada  do  Sul, José  Paulo  Paleari, sobre o motivo do município manter contratos temporários e cargos comissionados em áreas já contempladas pelo Concurso Público de 2023, homologado em agosto do ano passado. A parlamentar quer saber por que os aprovados seguem sem convocação, quantos contratados “provisórios” ocupam essas funções e, se houver cronograma de nomeações, quando ele sai do papel, ou qual malabarismo jurídico justifica o descumprimento.

Drible - No ofício, Gleice lembra que a Constituição manda respeitar legalidade e eficiência e avisa que a troca de concursados por contratos precários pode render dor de cabeça: o Ministério Público Estadual já abriu inquérito civil para investigar o possível drible ao concurso. A deputada também cutuca o argumento da terceirização hospitalar usado pela prefeitura, lembrando que ele não dispensa o gestor de explicar, tintim por tintim, por que prefere pagar extras a temporários enquanto os aprovados esperam na sala de espera.

Alienação Parental - Já a colega de Assembleia, Lia  Nogueira (PSDB) quer que a bancada de Mato Grosso do Sul no Congresso abrace uma ideia polêmica: revogar a Lei da Alienação Parental e escrever, do zero, um novo marco legal que realmente proteja crianças e o cuidador primário. Segundo a parlamentar, a norma virou “arma de silenciamento” contra mães que denunciam abuso; juízes estariam usando alegações frágeis de “alienação” para entregar a guarda aos próprios agressores.

Urgência social - Na justificativa, Lia lembra que o CNJ já recomendou cautela e diz que relatos de audiências, pesquisas acadêmicas e entidades técnicas apontam o mesmo problema: decisões que invertem a lógica da proteção integral e deixam mulheres e crianças expostas. Para ela, tratar do assunto “é urgência social” e, caso a bancada se omita, o elefante continuará confortavelmente sentado na sala da Justiça.

Marajas - Em Brasília, depois da esquerda encampar a luta pelo fim da jornada 6X1, agora o tema é supersalários. Segundo a deputada Camila  Jara (PT), apenas 2 servidores em cada 1 000 concentram, juntos, R$ 2,6 bilhões por ano em vencimentos turbinados por benefícios, números que fazem qualquer trabalhador comum perder o sono.

Extras - Enquanto a maior parte do funcionalismo sobrevive com até três salários mínimos, a sul-mato-grossense lembra que em 2025, só os “extras” pagos a juízes devem custar mais do que cinco grandes programas sociais, lembrando que cada real desviado para penduricalhos é um real a menos em saúde, educação ou assistência.

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