Nem o letreiro da fachada sobreviveu ao abandono da Morada dos Baís
Prometida para o primeiro semestre, reabertura ainda não aconteceu e espaço segue fechado
A Morada dos Baís segue de portas fechadas e o letreiro da fachada está danificado. Para quem mora no entorno, além da ausência de programação, o que fica é a dúvida de quando um dos principais patrimônios da cidade voltará a ter vida.
A promessa era de reabertura no primeiro semestre de 2025, mas até hoje o local segue trancado. Em declaração dada em meados de fevereiro, o secretário Valdir Gomes informou que a estimativa era de que em três meses tudo estivesse funcionando novamente. O prazo venceu, mas o cenário continua o mesmo, agora faltando três letras na parede.
Retorno - Em nota, a Prefeitura de Campo Grande informou que a Morada dos Baís está com sua revitalização em fase final e será reaberta à população no próximo dia 28 de agosto, integrando a programação comemorativa do aniversário da cidade.
Entre os destaques da reabertura estão a presença de obras e objetos originais de Lídia Baís, artista que marca a história do imóvel e da cultura sul-mato-grossense. A fachada do prédio também receberá novamente as tradicionais letras com o nome do espaço, que estão sendo cuidadosamente reinstaladas.
Segundo a prefeitura, a entrega, inicialmente prevista para maio e junho, foi reprogramada para garantir a conclusão completa dos serviços, com foco na preservação histórica e na melhor experiência para o público.
Vizinho ao prédio, André Amorim acompanha a rotina da Morada desde sempre. “A história da minha família aqui tem mais de 100 anos. Meu bisavô conheceu o seu Bernardo Franco Baís”, conta.
Ele cresceu vendo a movimentação cultural que passava pelo local, especialmente nos tempos em que o Sesc mantinha atividades ali. “Tinha shows, exposições, traziam alunos, movimentava tudo. Era fantástico”, lembra.
Com o espaço ainda fechado, ele reconhece que há um contraste em relação aos tempos mais ativos do imóvel. “É triste. A Morada é um museu, um cartão-postal de Campo Grande. Uma referência que está fechada. Sinto que depois que o Sesc saiu faltou respeito com nossa história porque antes tinha mais gente, mais segurança, agora não tem nada”, lamenta.
Nos últimos anos, o prédio teve poucas ativações. Após a pandemia, o Sesc chegou a utilizá-lo como restaurante, em uma tentativa de reinvenção que funcionou por um período, mas que não foi mantida. Desde 2021, o espaço segue sem uso regular.
Para André, a estrutura ainda tem potencial. “Vai falar que Campo Grande não tem gente capaz de fazer funcionar? O prédio está em bom estado, é só querer fazer acontecer”, comenta.
Aos 56 anos, dona Ruth dos Santos e Silva também guarda boas memórias do espaço. “Eu e meus filhos já viemos para conhecer. É chato saber que nunca mais abriu, seria um atrativo a mais pra quem vem de fora e quer conhecer mais da nossa cidade”, diz.
Ao observar o prédio fechado e com o letreiro incompleto, ela resume um sentimento que pode ser compartilhado por muitos moradores. “Se a gente não respeitar nossa história, não está cuidando direito do futuro”, conclui.
*Matéria atualizada às 10h19 de 17/07/2025 para inclusão do retorno da Prefeitura.
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