Com amigos em MS, Ney Latorraca deixa parte de herança para Hospital São Julião
Parte da família do ator, incluindo Dona Nena, residia em Campo Grande, cidade que visitavam com frequência
Com amigos em Campo Grande, o ator Antonio Ney Latorraca, que morreu na madrugada de hoje (26) aos 80 anos de idade, deixou parte de sua herança para o Hospital São Julião, que por anos trata pessoas com hanseníase. O ator militava na causa e desde 1994 era voluntário da Morhan (Movimento de Reintegração das Pessoas Atingidas pela Hanseníase).
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O ator Ney Latorraca, que faleceu aos 80 anos, deixou parte de sua herança para o Hospital São Julião, em Campo Grande, que trata pessoas com hanseníase, refletindo seu compromisso com a causa desde 1994, quando se tornou voluntário do Movimento de Reintegração das Pessoas Atingidas pela Hanseníase. Sua amiga de longa data, Carmem Eugênio, recorda momentos de alegria e carinho ao lado do ator, destacando seu humor contagiante e a energia positiva que irradiava. Além do hospital, Latorraca também destinou sua herança a outras instituições de caridade, reafirmando seu legado de amor e solidariedade.
Floria Britez de Eugenio, moradora daqui da Capital, era muito amiga da mãe do artista, Dona Nena Latorraca, que tinha familiares que moravam em Campo Grande. Mas o filho nunca morou por aqui. Ela faleceu em 1994 e sempre foi a grande ajudadora do ator.
Quem conta um pouco da história é a filha de Floria, a gerente de Políticas Públicas da Sectur (Secretaria Municipal de Cultura e Turismo) e Conselheira de Cultura de Campo Grande, Carmem Eugenio, que lembra com alegria as visitas do ator à sua família e até do alvoroço que ele causou quando foi buscá-la na escola.
“Uma vez ele tava em casa com mamãe e a tia Nena e a mamãe falou: 'preciso pegar as meninas no colégio. Vamos comigo Ney'. Quando ele chegou lá viram o Ney dentro do carro e todo mundo fez uma fila, o quarteirão inteiro no Colégio Nossa Senhora Auxiliadora para pegar autógrafo com Ney, de tão querido, né? De tão famoso!”, recorda. Ela tinha 12 anos de idade. “Nós tivemos que esperar toda aquela fila gigante que se formou em torno do colégio para poder ir embora para casa”, ri.
Carmem postou sua despedida ao ator nas redes sociais. Nela, mostra fotos de sua família, que morava no Condomínio Jardim das Paineiras, no Parque dos Laranjais, ao lado de Ney e de dona Nena. “Nesta foto eu já era adolescente! Tinha já 17 anos”, conta à reportagem. Para ela, como escreveu, “Ney era puro amor e ríamos muito com ele, tamanha frequência e energia positiva que irradiava”.
Ele era muito amoroso com todos. Ney Latorraca era uma luz brilhante, era uma luz intensa e tinha uma frequência, uma energia amorosa com todos e ele era muito engraçado. Ele não tinha um momento que ele não falava alguma coisa que todo mundo ria. A gente ria muito, tanto que todas as fotos a gente não conseguia parar de rir, porque o Ney não parava de fazer brincadeiras, era muito brincalhão o tempo inteiro”, relembra.
Por fim, ela lembra da alegria ao ser chamada de "colega" pelo ator quando começou a se envolver e trabalhar no setor cultural em Campo Grande. "Que responsabilidade", traduz, ao postar foto de autógrafo que recebeu do artista. Ela recorda também dos convites que recebia para assistir à peça O Mistério de Irma Vap, estrelada por Ney e que permaneceu 11 anos em cartaz. "Assisti umas quatro vezes em São Paulo".
Hanseníase - O Hospital São Julião, em Campo Grande, é uma das instituições que vai receber parte da herança do ator Ney Latorraca. Carmem não soube explicar a ligação do ator com a causa. Em conversa com o presidente da unidade hospitalar, Carlos Melke, a reportagem soube que na década de 90, o artista informou à Irmã Silvia Vecellio, que deixaria a herança para o hospital.
Mas desde então, nada mais foi falado e ninguém nunca mais tocou no assunto. “Vamos aguardar. É até antiético correr atrás, então vamos esperar e torcer para que esse desejo belíssimo nos envolva”, comentou.
Em entrevistas a sites nacionais, Ney Latorraca já havia afirmado que deixaria quatro apartamentos destinados em seu testamento para instituições de caridade: o Retiro dos Artistas, no Rio de Janeiro; a ABBR (Associação Beneficente de Reabilitação); o GAPA (Grupo de Apoio à Prevenção à AIDS), em Santos; e o que foi denominado por ele como a Hanseníase de Campo Grande.
“Em 1996, fiz um testamento, com advogado, tudo certinho. Só que, na época, não abri muito isso. Agora que estou falando porque acho que é importante”, declarou Ney ao portal UOL há cerca de quatro anos.
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