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Artes

Orquestra Indígena de MS estreia na Europa e verá o mar pela 1ª vez

Por Clayton Neves e Ketlen Gomes | 19/08/2025 20:32

O som de Mato Grosso do Sul está prestes a atravessar o oceano. A Orquestra Indígena do Estado, formada por adolescentes que cresceram na Aldeia Urbana Darcy de Souza, em Campo Grande, embarca nos próximos dias para uma turnê inédita pela Europa, com apresentações em Portugal e na Espanha. Para eles, será a primeira viagem de avião, a primeira vez fora do Brasil e até o primeiro encontro com o mar.

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Orquestra Indígena de MS estreia na Europa. Grupo formado por jovens da Aldeia Urbana Darcy de Souza, em Campo Grande, fará turnê por Portugal e Espanha, marcando sua primeira viagem internacional e primeiro contato com o mar. O projeto, liderado pelo maestro Eduardo Martinelli há quase uma década, une instrumentos clássicos e tradicionais indígenas, interpretando cantos ancestrais e composições regionais em língua terena.A orquestra, que se apresentou para a ministra da Cultura, Margareth Menezes, já participou de festivais importantes no Brasil e agora celebra os 200 anos do Tratado de Paz e Aliança entre Brasil e Portugal em Lisboa, além de integrar o lançamento do Festival do Brasil na Espanha. A iniciativa demonstra o poder transformador da música, permitindo que jovens indígenas levem sua cultura para o mundo.

“Todos eles vão conhecer o Atlântico pela primeira vez em Portugal. Vão ver o mar do outro lado do mundo antes de ver o nosso”, contou o maestro Eduardo Martinelli, idealizador do projeto, que acompanha os jovens há quase uma década.

A aventura cultural é resultado de um trabalho iniciado em 2016, na aldeia urbana na saída para Três Lagoas. Na época, as crianças tinham entre 6 e 8 anos. Hoje, aos 16, 17 e 19, carregam uma bagagem musical rara para a idade.

Orquestra Indígena de MS estreia na Europa e verá o mar pela 1ª vez
Para músicos, será a primeira viagem de avião e a primeira vez fora do País. (Foto: Orquestra Indígena de MS)

“É um grupo que mostra até onde pode chegar uma iniciativa social quando tem continuidade. São quase 10 anos de formação, tempo de um conservatório de música”, explica o maestro.

O grupo, batizado de Orquestra Indígena do Brasil nas apresentações internacionais, reúne cerca de 20 músicos. No palco, violinos, violoncelos, acordeon, piano e percussões brasileiras se misturam a flautas e instrumentos tradicionais indígenas, em uma fusão de sonoridades. O repertório é 100% brasileiro, com composições que nascem de cantos indígenas e ganham arranjos orquestrais.

O espetáculo abre com um canto da anciã Dona Leda, da etnia Terena, transformado em peça coral. Também há espaço para clássicos de compositores regionais, como a canção “Kikio”, de Geraldo Espíndola, interpretada em língua terena. “É tudo feito com muito respeito e reverência. Os primeiros 30 minutos são carregados de elementos indígenas. É simbólico e muito forte”, descreve Martinelli.

Orquestra Indígena de MS estreia na Europa e verá o mar pela 1ª vez
Ao todo, cerca de 20 músicos formam o grupo regional. (Foto: Orquestra Indígena de MS)

Na tarde desta terça-feira (19), os jovens músicos se apresentaram em Campo Grande durante agenda oficial da ministra da Cultura, Margareth Menezes. O grupo indégena foi aplaudido e elogiado pela ministra. “Depois da fala política dela, a ministra ficou mais de um minuto falando só sobre o nosso trabalho”, relembra o maestro.

Não é a primeira vez que os adolescentes sobem a grandes palcos. Já se apresentaram em festivais consagrados de Mato Grosso do Sul, como o Festival de Inverno de Bonito e o Festival América do Sul, além do Memorial da América Latina, em São Paulo. Ainda este ano, também tocam em Assunção, no Paraguai, a convite da embaixada brasileira.

A ida à Europa nasceu de uma ponte feita pelo maestro em viagens de trabalho. Ao apresentar vídeos da orquestra a produtores culturais portugueses, o projeto foi incluído nas celebrações dos 200 anos do Tratado de Paz e Aliança entre Brasil e Portugal.

Orquestra Indígena de MS estreia na Europa e verá o mar pela 1ª vez
Maestro Eduardo Martinelli acompanha os jovens há quase uma década. (Foto: Orquestra Indígena de MS)

Em Lisboa, os jovens dividem o palco com músicos locais em um espetáculo inédito, preparado ao longo de um ano. Depois, seguem para Madri, onde integram o lançamento do Festival do Brasil na Espanha, em parceria com a UNESCO.

Para Martinelli, o momento não é surpresa, mas confirmação. “Sempre disse a eles que esse trabalho abriria portas. No começo, duvidavam. Hoje, estão convencidos de que podem tocar em qualquer lugar do mundo. Isso é transformador”, afirma.

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Orquestra Indígena de MS estreia na Europa e verá o mar pela 1ª vez
Orquestra se apresentou em Campo Grande na tarde desta terça-feira. (Foto: Orquestra Indígena de MS)