Sonhando com moda, corpos trans se mostram para além das esquinas
Grupo criou um projeto colaborativo e gratuito para desenvolver editoriais de moda focando em pessoas queer
“É um projeto super importante que traz visibilidade sobre nós, nossa vivência e mostra que somos mulheres como qualquer outra, que podemos seguir nossos caminhos em espaços que não somente nas ruas”. A fala de Chloe Milan resume o impacto de mais um projeto focado em destacar pessoas trans e travestis em Campo Grande, mas desta vez alocando os holofotes nos caminhos da moda.
Ao todo, sete profissionais, todos membros da comunidade LGBTQIAPN+, se dividem entre as etapas para a produção do chamado “editorial de moda” oferecido. Para quem não conhece o termo, ele costuma ser definido como um ensaio fotográfico que conta uma história vinculada às peças, suas referências e inspirações.
No caso do Blossom, nome do projeto, os profissionais envolvidos garantem a fotografia (Alle Alonso), make (Guilherme Ferelli), styling e direção criativa (Baiflu Alencar), backstage videomaker (Hanna de Souza), retouch e pós-produção (Ricardo Augusto), unhas, cabelo e make (Dan Santos) e mídias sociais (Eduardo Darmanceff). Há também pessoas que já passaram pelas ações como o retoucher e designer gráfico Renato Oliveira e o videomaker Caleb Luís.
Tudo isso pensando que essas mulheres podem ganhar uma chance no universo da moda e, como a assessora de Políticas Públicas de Proteção Animal, Chloe, destacou, se projetar para além das ruas e suas esquinas.
A acadêmica de odontologia, Isadora Terra, também já ganhou sua chance e explica que há uma necessidade em reforçar as pessoas trans e travestis para além dos números vinculados à transfobia, morte, agressão e abuso.
“Somos muito mais do que isso. Para mim, esse projeto nos mostra além das estatísticas. Mostra a nossa força, aquilo que queremos mostrar para as outras pessoas”.
Idealizador do Blossom, Baiflu Alencar explica sobre a origem das ideias e a motivação do grupo. Inicialmente, o projeto foi pensado no fim de 2023 tendo como forma um coletivo rotativo.
A diferença é que, na época, cada editorial iria reunir profissionais diferentes para também os ajudar com seus portfólios. “As modelos abrangeriam mulheres da cena noturna, porém, após a perda da minha mãe em janeiro de 2024, precisei me reerguer. Como sempre, enxerguei na moda um reavivamento não só profissional, mas também emocional”.
Desde então, Baiflu reuniu os profissionais que se tornaram fisso e, durante um mês, houve a preparação.
Entre desafios
Integrando a equipe, Guilherme Ferelli pontua que, se tratando de moda, desafios não faltam. E, é claro, isso é ampliado quando estamos falando de corpos queers.
“Justamente pelo conservadorismo exacerbado, o desafio maior é alcançar alguma visibilidade, pois todos acreditamos nos nossos talentos e nos corpos que convidamos para participar do projeto”.
Nesse sentido, aos olhos de Baiflu, a existência do projeto por si só é um ato de empoderamento tanto para a equipe quanto para as modelos. E, indo além dos editoriais, ainda há o desenvolvimento essencial de uma rede de apoio.
Enquanto o comum é identificar comentários preconceituosos nas redes sociais, o grupo se reúne para engajar os posts e disseminar o trabalho de uma forma positiva.
“Queremos que saibam que a partir dali, há um mundo de possíveis oportunidades através do trabalho entregue. Então, há uma responsabilidade gigante da nossa parte, por isso formamos uma equipe muito competente e talentosa”.
Na primeira etapa do projeto, o apoiador foi o Ponto Bar, e agora, segundo Baiflu, o desafio é encontrar novos patrocinadores para que as ações sigam acontecendo. Para conhecer mais, o perfil no Instagram é @blossom.proj.
Acompanhe o Lado B no Instagram @ladobcgoficial, Facebook e Twitter. Tem pauta para sugerir? Mande nas redes sociais ou no Direto das Ruas através do WhatsApp (67) 99669-9563 (chame aqui).
Receba as principais notícias do Estado pelo WhatsApp. Clique aqui para entrar na lista VIP do Campo Grande News.