ACOMPANHE-NOS     Campo Grande News no Facebook Campo Grande News no X Campo Grande News no Instagram Campo Grande News no TikTok Campo Grande News no Youtube
MAIO, QUARTA  21    CAMPO GRANDE 30º

Comportamento

Amigos tapeceiros mantêm tradição de 38 anos sem fechar para o almoço

Com a escassez de mão de obra, até a hora de descanso é motivo para manter a loja aberta

Por Natália Olliver | 21/05/2025 08:08
Amigos tapeceiros mantêm tradição de 38 anos sem fechar para o almoço
Adelson Justino Alves e Edevair Gomes nunca chefaram loja para almoço (Foto: Osmar Veiga)

A casa de parede vermelha e portas antigas pode parecer bagunçada para quem olha rápido, mas, para a dupla de tapeceiros Adelson Justino Alves e Edevair Gomes de Sá, o lugar abriga um mundo inteiro, do jeitinho que é. Há mais de quatro décadas na Rua Pedro Celestino, os dois viram o prédio envelhecer e o trabalho aumentar ao longo dos anos. Não é à toa que eles revelam, com orgulho, nunca terem fechado a loja para o almoço.

Com mão de obra escassa na cidade, os dois contam que viver disso é mais do que bom, é maravilhoso e relaxante. Sócios no negócio e amigos de vida, eles compartilham a bancada do lado de fora do imóvel e os clientes que se revezam para atender.

O ofício foi apreendido logo cedo. Adelson está há 38 anos ali e aprendeu as tarefas antes dos 20. Já o colega, Edevair, começou com 16 anos e se encantou pela profissão. Ao todo, são 43 anos do trabalho que ele faz com prazer.

Amigos tapeceiros mantêm tradição de 38 anos sem fechar para o almoço
Amigos tapeceiros mantêm tradição de 38 anos sem fechar para o almoço
Edevair aprendeu a profissão aos 16 anos, Adelson antes dos 20 (Foto: Osmar Veiga)

“Essa tapeçaria foi fundada em 1968. Posso dizer que quase 80% dos tapeceiros da cidade foram formados aqui. Foi uma ‘escola’ para a gente. Eu vim através de um amigo, com 16 anos. Ele me convidou para trabalhar, era funcionário aqui. Eu vim, gostei e é o melhor emprego que tive. Nunca pensei em trabalhar com outra coisa. Para mim, isso significa o meu tudo, é algo que gosto de fazer”, conta Edevair.

Para ele, estar ali é terapêutico devido ao contato com o trabalho manual que, embora pareça igual, sempre é diferente.

“É um serviço que mexe com tecido, espuma, que a cabeça da gente fica bem. É algo que encaixou para mim, é como terapia. A gente interage bastante com os clientes, é coisa boa, nunca brigamos entre a gente”, acrescenta.

Amigos tapeceiros mantêm tradição de 38 anos sem fechar para o almoço
Amigos trabalham há 38 anos juntos em tapeçaria na Pedro Celestino (Foto: Osmar Veiga)

Adelson corta madeira para consertar um sofá enquanto fala. Ele ressalta que, a cada dia que passa, a mão de obra para fazer o que eles fazem está ficando mais escassa.

“Nós herdamos isso do patrão. A gente trabalhava com o Pedro e ele parou, e continuamos. É uma coisa gostosa porque é um artesanato e pouca gente faz. Cada dia vai ficando mais extinto e mais caro porque tem pouca gente. Melhor para trabalhar, mas difícil, porque a gente vai ficando velho. É algo que amo. Aprendi em uma loja e gostei, acho que nasci com o dom”.

Trabalhando das 7h às 17h, a dupla fala que, para viver do ofício, tem que gostar muito, pois exige renúncia de tempo livre. Ali não existem quase feriados ou folga em datas comemorativas e prolongadas, como Carnaval ou final do ano.

“Pra ficar tanto tempo tem que gostar. Vivo bem, paga as contas e, às vezes, sobra um pouco para viajar de vez em quando. O carro-chefe é reforma de sofá. A gente nunca fecha para o almoço. Moramos longe e não compensa voltar. Tem cliente que vem na hora do almoço. Não cansa, não. É gostoso, tranquilo, porque a gente faz o que gosta e ainda ganha pra isso”, comenta Adelson.

Amigos tapeceiros mantêm tradição de 38 anos sem fechar para o almoço
Amigos tapeceiros mantêm tradição de 38 anos sem fechar para o almoço
Tapeçaria foi fundada em 1968, segundo funcionários que agora são sócios do negócio (Foto: Osmar Veiga)

Durante muitos anos, foram apenas os dois sócios, mas, recentemente, Adelson começou a treinar o sobrinho para herdar o ofício.

“Trouxe já para me suceder no trabalho. Ele está muito bem, é um bom profissional. Faço de tudo: sofá, cadeira, poltrona. Desde quando comecei na tapeçaria estou aqui. É algo que aconteceu. Eu saí do quartel, comecei no trabalho e estou até hoje”.

Ele explica que o estado do imóvel é reflexo dos anos e da impossibilidade de mexer na casa, que é alugada.

Confira a galeria de imagens:

  • Campo Grande News
  • Campo Grande News
  • Campo Grande News
  • Campo Grande News
  • Campo Grande News
  • Campo Grande News
  • Campo Grande News

Acompanhe o Lado B no Instagram @ladobcgoficial, Facebook e Twitter. Tem pauta para sugerir? Mande nas redes sociais ou no Direto das Ruas através do WhatsApp (67) 99669-9563 (chame aqui).

Receba as principais notícias do Estado pelo Whats. Clique aqui para acessar o canal do Campo Grande News e siga nossas redes sociais.

Nos siga no Google Notícias