Aos 71 anos, Maria aceita curtir show até em calçada com a filha
Em cadeiras e nos carros, o que não faltou foi gente dando um jeitinho para escutar a dupla Jorge e Mateus

Na portaria, os ingressos para o show de Jorge e Mateus custavam a "bagatela" de R$320 a pista e R$1.300 o camarote open bar. A apresentação, que aconteceu na noite desta sexta-feira, foi a última passagem dos artistas pela Capital antes da pausa anunciada na carreira. Mas, se o valor afastou muita gente da área oficial do evento, não impediu ninguém de viver a emoção da despedida.
Do lado de fora do Parque de Exposições Laucídio Coelho, teve de tudo: cadeiras de praia, cooler com cerveja, “esquenta” no carro e disputas por uma fresta no muro, que mostrava uma pontinha do telão que exibia tudo o que rolava no palco.
A veterinária Dayana Ribeiro, de 43 anos, e a mãe, Maria Ozoria, de 71, criaram seu próprio camarote na calçada. Levaram cadeiras, bebida e estacionaram na esquina certeira, onde o palco podia ser ouvido com clareza. “Eu amo, amo a dupla. Mas achei os ingressos muito, acima do esperado. Não pagaria R$300 ou mais pra ver eles, então tô aqui curtindo sem pagar”, contou Dayana.

Com direito a bebida gelada e cadeira posicionada estrategicamente, ela chegou ao local às 21h e garantiu que a noite estava sendo ótima. “Desse jeitinho, tá maravilhoso. Tô aqui curtindo cada música”, comentou.
Dona Maria, companheira fiel, disse que não pensou duas vezes em acompanhar a empreitada da filha. “Sou mãe igual a mãe de Miss. Aonde minha filha vai, eu vou", brinca. Preparada para o rolê, ela aproveitou ao lado da filha. "Trouxe água, refrigerante. É uma sexta-feira em família.”
Na mesma vibe de quem não entrou, mas também não perdeu, estava a vendedora Ruth Gomes, de 39 anos. As amigas compraram o ingresso e entraram, mas ela ficou do lado de fora.
“Eu sou fã e acho eles maravilhosos, mas deixei para comprar de última hora e achei muito caro. Estava R$310 a pista, sem condições esse valor. Fiquei do lado de fora esperando e curtindo", explica.
Para animar, Ruth pegou uma cervejinha enquanto via o movimento. "Tô ouvindo as melhores, tomando uma, e tá ótimo. Mesmo de fora, a gente participa", acrescenta.
Já o casal Nila e Gleidson Bezerra escolheu um cantinho bem perto do palco, onde o som da última apresentação chegava limpo. “Amo Jorge e Mateus, minha dupla preferida desde sempre. Essa pausa deu um baque nos fãs, mas espero que não seja pra sempre”, disse Nila.
Sem condições de pagar dois ingressos, a opção foi curtir o que dava. “Tá muito salgado. E sendo casal, tudo em dobro, né? Mas dá pra ouvir bem aqui e é o que tem pra hoje. Fazer o quê?”, comenta.
Do outro lado da rua do Parque de Exposições, a fisioterapeuta Aline Naiara e as amigas transformaram o carro em camarote. E foi na rua e entre amigas que a noite aconteceu. "Fiquei muito triste com o preço absurdo do ingresso este ano. Seria um show importante de prestigiar porque eles vão dar essa pausa, mas, infelizmente, não deu.”
A fisioterapeuta ainda notou a dificuldade em espiar o telão. "Eles montaram uma estrutura para tampar. Dificultou a visão aqui de fora", afirma.
Mesmo chocados com os valores dos ingressos, os amigos Tatiane Teodoro e Iago Monteiro não abriram mão de estar presentes, mesmo do lado de fora. “Estava muito caro o ingresso. Eu sou fã desde sempre, mas não teve jeito”, lamentou Tatiane.
E foi durante o show que ela descobriu que a dupla estava em despedida. “Eu não sabia e isso piorou a sensação de não ter entrado. Mas melhor ouvir de fora do que não ouvir nada”, comentou.
Já Iago deu até sugestão para a organização fazer a linha camarada com a galera. “Pelo menos liberar o telão, tirar as barreiras que tapam. Isso já ajudaria demais”, sugere.
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