Boteco raiz é quando bar muda e povo segue igual torcida organizada
Bar do Carlinhos mudou de lugar e clientela acompanhou para não perder a sinuca, o futebol e a cerveja gelada
Dizem que amigos não se fazem mais como antigamente. Mas o Bar do Carlinhos prova o contrário. Mudou de endereço, trocou a rua mais pacata pela agitação da Avenida Guaicurus e, ainda assim, ninguém ficou pra trás. Os clientes vieram juntos, como quem leva cadeira dobrável pra não perder o jogo. No Bairro Santo Eugênio, o bar era um segundo lar. Agora, virou destino certo para quem acredita que amizade de boteco é das mais duradouras.
Por vinte anos, o Bar do Carlinhos foi ponto de encontro no Bairro Santo Eugênio. Começou como uma portinha de esquina, cresceu, virou referência entre amigos e boleiros da região.
Agora, depois de duas décadas, o estabelecimento ganhou um novo endereço: um trecho movimentado da Avenida Guaicurus. Para surpresa do proprietário, Luiz Carlos, de 55 anos, o Carlinhos, a mudança não afastou a clientela. Pelo contrário, o pessoal fez questão de acompanhar.
Segundo ele, a explicação está nas amizades construídas ao longo dos anos e na essência "raiz" do bar, que continua intacta: sinuca, cerveja gelada, futebol na TV, quitutes fritos na hora e cadeira de plástico na calçada.
“Eu comecei com uma portinha. Era ali na Rua Frentine, no Santa Eugênio. Fiquei cinco anos ali e depois 16 anos na Rua Paraisópolis. Agora a gente está aqui com mais espaço. Graças a Deus, a clientela veio junto”, conta Carlinhos.
Aberto todos os dias, o bar funciona de domingo a domingo, das 10h até altas horas da madrugada. É ponto de encontro para velhos amigos do futebol amador, clientes fiéis e novos curiosos atraídos pelo movimento da Guaicurus.
“A gente quer prosperar. Então pensei num ambiente mais espaçoso. Além dos clientes que vieram junto, pegamos os daqui da região também”, resume.
Carlinhos já foi treinador de time amador. Na parede do bar, taças e medalhas do tempo de técnico do Flamenguinho dividem espaço com quadros de amigos e garrafas de pinga.
“Fui treinador por cinco anos. Fiz muita amizade no futebol amador de Campo Grande. Parei quando meu filho nasceu, mas a amizade continua até hoje com os guris do futebol”, lembra.
Quem divide o balcão e as histórias com ele é Isabel Fernandes, a Bel, esposa de Carlinhos há 19 anos. Foi ela quem deu mais sabor ao bar com quitutes feitos na hora e o jeitinho de “mãe de boteco”, como ela mesma diz.
“Esses clientes aqui não são clientes, são meus filhos. Essa semana recebi até presente. Isso não é cliente, é família”, declara Bel.
Com riso fácil e jeitão festeiro, ela se envolve com os frequentadores. “Adoro conversar, cozinhar. Faço caldo, bolinho de carne, pastel, essas coisinhas na hora. De vez em quando o pessoal faz vaquinha, compram petiscos, trazem calabresa, eu preparo pra assistirem o jogo. Eu adoro estar aqui", comenta.
Para Carlinhos, que passa mais tempo no bar do que em casa, o lugar virou lar. “Aqui é nosso cantinho. Tem amizade, futebol, conversa, risada. Isso é o que faz o cliente vir junto”, finaliza.
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