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Comportamento

Mais de 100 anos depois, bizarrices de MS ainda parecem mentira

Doador de cemitério sendo o primeiro a ser enterrado e falso juiz fujão deixaram o ano mais curioso

Por Aletheya Alves | 29/12/2023 08:00
Campo Grande News - Conteúdo de Verdade
Registro da posse do falso juiz, em Porto Murtinho. (Foto: Divulgação/TJMS)
Registro da posse do falso juiz, em Porto Murtinho. (Foto: Divulgação/TJMS)

Isoladas em processos jurídicos antigos e páginas de livros, histórias de Mato Grosso do Sul vividas a até mais de 100 anos atrás deixaram 2023 mais curioso. Resgatados por aqui, os contos de falso juiz que tirou sarro da polícia, doador de cemitério sendo o primeiro a ser enterrado e até porco precisando pagar as custas de processo foram algumas das bizarrices que, apesar do tempo ter passado, são tão estranhas que continuam parecendo mentira.

Vários são os caminhos traçados para chegar até as pautas e, procurando por novos trajetos, percebemos que páginas antigas, que não recebem tanta atenção, guardam histórias que poderiam ser recontadas. Foi assim que narrativas no mínimo estranhas chamaram nossa atenção e se tornaram surpresas para os leitores.

Falso juiz fugiu da polícia, saiu com armas e ainda tirou sarro da Justiça

Talvez a mais estranha tenha sido a de Salvador Pacheco, o advogado que chegou a Porto Murtinho em 1958 se apresentando como o juiz substituto da cidade. Sem muito esforço, o homem convenceu até as autoridades a participarem da sua posse, lidou com processos e, no fim, fugiu com armas, não foi pego pela polícia e nunca arcou com as consequências.

Na realidade, longe de cumprir a pena pelas enganações, o homem fez questão de tirar sarro da polícia e da justiça de Mato Grosso do Sul. Para quem não viu a matéria, em resumo, o homem passou um tempo na cidade, despachou processos e, quando decidiu que já tinha feito bagunça o suficiente, pediu uma viatura para viajar.

Com sucesso e em posse de dois revólveres, Salvador foi até Jardim e, quando descobriram que o homem estava mentindo, conseguiram o prender. O problema é que no trajeto até Campo Grande, ele fugiu de trem.

Longe de Mato Grosso do Sul, ele ficou sabendo que estava sendo processado e, ao invés de apenas fugir, mandou recados chamando a Justiça de “desmoralizada” e fez questão de dizer que o “convite” para participar do julgamento ficaria “para outra oportunidade”.

Assassinado, homem doou cemitério e, ironicamente, foi 1º sepultado 

Outra história que nos intrigou e gerou a mesma curiosidade nos leitores foi sobre o vereador Amando de Oliveira, que doou parte de suas terras para construir o Cemitério Santo Antônio e, no final das contas, ele foi o primeiro a ser enterrado.

Túmulo de Amando de Oliveira no Cemitério Santo Antônio. (Foto: Arquivo/Paulo Francis)
Túmulo de Amando de Oliveira no Cemitério Santo Antônio. (Foto: Arquivo/Paulo Francis)

Datada de 1914, mais de 100 anos atrás, a morte do político marca a história de Campo Grande como uma das curiosidades estranhas. Nascido no interior de São Paulo, Amando se mudou para Mato Grosso do Sul com a família em 1899.

Durante sua vida, trabalhou como fornecedor de tijolos por aqui e, conquistando o gosto do público, foi eleito como vereador. Além disso, se tornou um dos grandes fazendeiros da cidade.

Sem explicações exatas sobre o que causou seu assassinato, a história conta apenas que ele foi morto enquanto ia para casa. Entre as hipóteses estão discussões pelas terras e por suas ações enquanto político.

TJ já fez porco ‘pagar’ honorários e pediu pediatra para idosa

Na lista dos causos curiosos também está o porco que precisou “pagar” pelos honorários de um processo, além de um curador que pediu por um pediatra para avaliar uma idosa, ao invés de geriatra.

Apresentados como “folclore forense” por Paulo Coelho Machado, os detalhes foram disponibilizados no livro “Arlindo de Andrade”. De acordo com o narrado, o caso do porco veio graças a um juiz substituto que, sem saber para quem deveria enviar as custas de um processo, resolveu direcionar para “El Xanxo”.

Como resultado, o porco precisou ser vendido para “arcar” com os pagamentos. A outra história é de uma senhora de 80 anos que fez seu testamento e, após uma ação ser gerada para anular o texto, a justificativa era de que ela não estava em seu juízo perfeito.

Para constatar se era verdade ou não, o curador do TJMS decidiu indicar que um pediatra fizesse o laudo.

Juiz que não durou 2 meses e árvores de 100 anos, qual é a ligação?

Outra matéria que gerou curiosidade foi a relação entre um juiz que não durou no cargo nem por dois meses e as árvores centenárias da Avenida Afonso Pena. Arlindo de Andrade, que hoje dá nome a uma escola estadual, foi prefeito da cidade, mas antes disso foi nomeado como juiz.

Por não ter suas ordens respeitadas e tendo sido até preso tentando fazer sua escolha valer, o homem decidiu que não queria continuar no cargo. Com o tempo, entrou na vida política e foi o responsável por plantar as figueiras centenárias.

Campo Grande já viveu "estado de sítio", como o usado em guerras  

Integrando a última matéria de curiosidades, também contamos sobre como Campo Grande já viveu em “estado de sítio”, aquele usado em guerras. Isso aconteceu em 1911, quando uma briga por poder durante a chegada de invasores fez com que o então tenente da cidade decretasse a nova situação.

Na época, a Capital ainda fazia parte de Mato Grosso e teve um início de história conturbado. O episódio ocorreu com 300 homens armados chegando por aqui e, enquanto Arlindo de Andrade e Amando de Oliveira tentavam libertar a cidade, o tenente Constantino de Souza se sentiu desrespeitado e resolveu adotar as medidas emergenciais.

Sem resolver o problema, ele fugiu da cidade, mas retornou e mandou prender os dois gestores públicos. Após uma movimentação da sociedade, ambos foram soltos e, apenas muito depois, é que o tenente perdeu seu posto.

Imagem antiga de Campo Grande, na Rua 14 de Julho. (Foto: Arquivo/ARCA)
Imagem antiga de Campo Grande, na Rua 14 de Julho. (Foto: Arquivo/ARCA)

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